Meu pretendente.

1147 Words
Minha mãe sempre obediente a meu pai, me vigiava, sabia o horário de entrega do carteiro, quando ele ia chegando, ela pegava as correspondências, mudou o número do telefone, me tratava como uma prostituta, só podia ir à escola, minha vida que já era difícil, tornou-se um martírio, meu pai ameaçava arrumar um pretendente para me casar, eu não levei muito a sério, até o dia que ele me chamou na sala e disse. - Amanhã seu futuro noivo, virá jantar, quero que você vista as roupas que estão nessa sacola em cima do sofá, ele é um homem de igreja, você maneire nas palavras. Eu fiquei paralisada! Meu pai falava a verdade, não questionei sua postura, apenas peguei a sacola e fui para o quarto, minha mão me seguiu, e já foi falando barbaridades. - Seu pai me mandou te orientar, o seu noivo se chama Armando, ele é de uma religião muito rígida, mas, aceitou casar com você mesmo sabendo que não é mais virgem, de agora para diante, irá usar esse tipo de roupa, na sacola tem um vestido que usará amanhã e mais algumas peças que usará no dia a dia. Eu continuei calada, abri a sacola e tirei um vestido bege, deveria bater quase que no meio da minha canela, solto manga três quartos, as roupas eram saias até os joelhos e blusas soltas, olhando aquilo, dava para saber como pensava o meu pretendente, não tive coragem de enfrentar meu pai, tinha medo por mim, mas, certamente meu pai faria algo muito r**m com minha mãe, engoli meu desespero, meu coração falou mais alto em favor da minha mãe. No final da tarde, que antecedia o jantar onde conheceria meu noivo, minha mãe preparou todo o cardápio e foi ver como eu estava, o vestido no corpo, era mais feio que eu supus, minha mãe não permitiu usar nenhuma maquiagem e colocou só um pingo de perfume, amarrou meu cabelo e ordenou. - Você vai melhorar essa cara, não para parecer uma mulher a toa, mas, para não parecer que está detestando a ideia do casamento, não converse, apenas responda as perguntas que fizermos para você e cuidado com o que diz, seja discreta. Fiquei sentada na sala ao lado de meu pai, que não me olhava, apenas reclamava da situação que estava passando, a campainha tocou e minha mãe abriu a porta, um senhor de quase sessenta anos, entrou na sala, minha mãe não conseguiu disfarçar o susto de ver aquele homem, meu pai fixou seu olhar para ela e ela disfarçando foi para a cozinha com a desculpa de colocar a janta na mesa, meu pai o convidou para sentar e falou. - Pois esse é seu Armando! Eu olhei e só pude balançar a cabeça em um aceno, meu pai continuou. - Essa é Grace, está com vergonha, espero que goste dela. - Sim! Uma menina muito bonita! Isso que procuro, não sou rico, mas, darei uma vida confortável a ela. Eu senti vontade de sair correndo, mas, minha mãe nos chamou para jantar, na mesa ela perguntou a Armando. - O senhor mora próximo aqui? - Não! Moro em um bairro distante daqui. - Grace está estudando ainda. - Eu sei! Ela não precisa estudar e nem trabalhar, mas, se quiser terminar o ensino médio, eu não serei contra, confesso apenas, que quero me casar o quanto antes. Me pai queria exatamente isso, todo feliz falou. - Vamos marcar essa semana, pensei em fazer um pequeno jantar no salão do bairro. - Não precisa, vamos nos casar na igreja e lá as irmãs preparam um jantar. Meu pai viu vantagem, não precisaria gastar nada! - Vamos marcar então. Não demorou muito, meu pai chegou em casa com o papel do casamento, a data era para o fim do mês, minha mãe começou a argumentar. - Muito pouco tempo de organizar tudo! Ele já demonstrando impaciência respondeu. - Armando planejou o jantar, o bolo você faz e os doces, uma amiga fará de graça. Minha mãe e eu sabíamos que tipo de amiga ele estava falando, minha mãe insistiu. - E o vestido? - Minha tia Antônia vai fazer, ela é da mesma igreja que ele, faz questão. - Não acha que ele é muito velho para nossa filha? - Dê graças a Deus que alguém quis casar com essa perdida! Tá vendo? Você que coloca ideia errada na cabeça dela. Dito isso, ele pegou um vaso que tinha em cima da mesa da cozinha e jogou na cabeça de minha mãe, logo o sangue escorreu com abundancia, eu não pude ficar quieta, me levantei e gritei - Seu louco! Quer matar minha mãe? Ele estava nitidamente assustado, pegou um pano de prato e foi estancar o sangue, mas, esse não parava de jorrar, ele não teve outra alternativa, colocou minha mãe no carro e fomos ao hospital, no caminho foi ordenando. - Vamos dizer que foi um tombo! Quem me desmentir vai apanhar quando chegar em casa. Naquela época não tinham leis que protegiam as mulheres, ficamos quietas, até que um médico nos chamou. - Gostaria de saber quem te agrediu? Minha mãe muito assustada começou a chorar e disse. - Eu cai! - A senhora não caiu! Alguém te agrediu, mas, se não quiser dizer, não posso te ajudar! O médico olhou para o meu pai e disse. - O senhor não a agrida mais, ou senão, eu o denuncio. Meu pai não respondeu, não por medo da justiça, mas, o médico era um homem alto e forte, covarde como era, deve ter passado um susto! Ele baixou a cabeça e disse. - Ela caiu! Foi só isso! O médico nos liberou, minha mãe tomou sete pontos na cabeça, chegando em casa ele mandou aos gritos. - Vá para o quarto e me espere, não posso te bater, mas você vai pagar pelo constrangimento que passei. Na verdade, foi o medo que ele passou, minha mãe foi para o quarto e ele foi em seguida, eu fiquei na sala vendo televisão, depois de alguns minutos, ouvi minha mão gritar, ele dizer. - Vagabund@, toma meu p@u! Ela nesse momento gritou dizendo. - Vai me mandar para o hospital de novo! Ele abriu a porta e saiu ajeitando as calças, eu fixei o olhar na televisão, quando tive certeza que não voltaria tão cedo, fui até o quarto, minha mãe estava de joelhos, chorando e orando, vendo aquela cena, o desespero me abateu, olhei para ela e implorei. - Mãe! Vamos voltar para casa de vovó, papai vai acabar te matando! Ela se levantou e devagar segurou a porta e disse. - Saia daqui! Aprenda que mulheres decentes, não reclamam de seus maridos! Aquilo nunca mais saiu da minha mente, chorei por dias, era muito sofrimento para mim, queria fugir, mas, deixar minha mãe? Meu coração não permitiu!
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