FESTA DO HAVAÍ, PARTE 2

1116 Words
Já se passavam das três da manhã e a festa estava longe de acabar, Marcos se juntou com mais uns amigos e amigas, ficamos todos conversando e curtindo as músicas. - Grace, você mora onde? - Em São Paulo. Perguntou uma amiga de Marcos, Aline. - Vem sempre aqui? - Vinha antigamente, faziam anos que não aparecia por aqui. - Tem família aqui, então! - Sim! - Conheceu Marcos agora? - Na praça da fonte, essa semana. - Legal! Ele é muito gente boa, o conheço desde sempre, teve uma época que foi agitado, mas agora, quase nem saia mais. Foi quando Guilherme propôs uma brincadeira, todos toparam, eu não estava prestando atenção, demorei a saber que se tratava do jogo da verdade, fomos para longe da multidão, sentamos em círculo, usamos uma garrafa para apontar quem seria a pessoa a responde, as regras eram, quem estivesse no fundo da garrafa perguntava e quem estava na ponta da garrafa respondia, podia escolher verdade ou desafio, mas, haveria apenas um desafio, uma dose de tequila, começamos e logo saiu para Marcos perguntar para uma menina. - Verdade ou consequência? -Verdade! - Você pegaria o Vítor? - De novo? Não! O Vitor que estava nitidamente acabado respondeu. - Quer me matar amigo? Hoje nem Viagra dá mais gás! Todos rimos, afinal, ele pegou uma boa parte da festa. Eu a cada rodada, torcia para que não caísse em mim, mas, o fundo da garrafa parou em mim e a frente em uma menina, eu não a conhecia, pensei bem e resolvi perguntar. - Verdade ou consequência? - Verdade! - Você já ficou com uma mulher? - Não! Mas pegaria você fácil! Acho que todos sacaram que eu era careta, resolveram me tirar, mas, tudo bem! Rodei a garrafa e a bendita parou com o bico virado para mim e o fundo para o Vítor. - Verdade ou consequência? Eu fiquei com muito medo e disse. - Desafio! - A mina quer beber! Tragam a tequila! Arriba! Foram algumas rodadas de desafio que paguei, foram duas garrafas de tequila, voltamos para festa, não sei que horas eram ao certo, não quis falar nada, mas, o mundo girava, meu estômago enjoava, olhei para Marcos que estava sério, me puxou para um canto e perguntou. - Você está bem? - Acho que bebi demais! Antes que ele fizesse qualquer pergunta, eu já estava vomitando, ele segurou minha testa e meu ombro, depois que parei, ele me levou até o carro, me deu umas balas e foi chamar Alicinha, quando chegaram, eu estava dormindo, senti quando Marcos deu um beijo no rosto e perguntou. - Está se sentindo melhor? Respondi com um sorriso de felicidade, ele estava sendo tão fofo! - Sim! Obrigada por cuidar de mim! - Foi culpa minha, te apresentar a aqueles doidos! - Adorei eles! - São doidos encantadores eu sei! Alicinha também estava com uma cara de cansada, perguntei se podíamos ir embora e ela respondeu. - Podemos! Não quero mais ficar aqui. Percebi que alguma coisa aconteceu que desagradou a Alicinha e Marcos perguntou. - Léo vem com a gente? - Não! E acho que nem Vitor vem! - Ele vai ficar até o dia clarear, conheço a peça, vamos então? Ele nos levou até a chácara, Alicinha m*l se despediu entrou para a casa, nós ficamos ali conversando mais um pouco. - Aconteceu alguma coisa com Alicinha? - Acredito que sim! Léo sumiu, quando fui chamá-la, ela estava sozinha deitada no gramado. - Depois vejo isso com ela. - E você? Só vou embora quando tiver certeza que você esteja bem! - Obrigada! Cuidou direitinho de mim! - Minha obrigação e está sendo uma satisfação! - Estou te passando uma impressão horrível! Uma bêbada! - Não! Pelo contrário, percebi que não tem costume de beber muito. - Não mesmo! Mas estou bem! Pode ir descansar! - Vou mesmo! Você também quer dormir, né? - Vou tomar um banho e dormir! Ele me abraçou e falou no meu ouvido. - Você está sendo uma garota má! Estou me apaixonando por você. Depois me deu um daqueles beijos que só ele sabe dar, nossa! Que beijo! Fiquei observando-o entrar no carro e ir embora, ele se apaixonando por mim? E eu por ele, tenho que parar com isso! Moramos longe, somos de idades diferentes e ainda tenho uma cabeça complicada para relacionamentos, entrei na casa e vi que meu celular vibrava, olhei e vi que era Sergio, tinha um áudio dele, dizia, “Vi que chegou, daqui meia hora te encontro no jardim”, eu não vou nesse encontro, fui para o quarto e chegando lá, vi Alicinha chorando, me assustei, logo ela, forte do jeito que é, algo grave devia ter acontecido. - O que está acontecendo Alicinha? - Esse mundo machista! Odeio esses homens! - Ele fez alguma coisa com você? - Fez, mas com meu consentimento, o problema foi depois. - Ele te desprezou! - Como sabe? - Homens são todos iguais. - Odeio isso! - Eles podem tudo! Depois que fazemos sexo com eles, nos tratam como lixo! Droga! - Ele te falou o que? - Nós tranz@mos e assim que terminamos, ele falou: “tchau!” Eu perguntei: tá brincando? Ele disse: “não!”, fiquei ali, sem acreditar, no quanto ele era babaca, voltei para a festa e ele estava se pegando com outra, eu então, me sentei no gramado e Vítor sentou ao meu lado, por incrível que pareça, para trocar ideia na boa, ele foi atrás de nós e disse: “se for comer ela também, mete com força que ela geme!”, fiquei com tanto ódio, que olhei para ele e disse, seu babaca, peço só pra socar forte, quem tem o P@u pequeno! Ele ficou tão nervoso, que Vítor segurou a mão dele para ele não bater em mim. - Babaca! Desgraçado! - Não estou chorando, porque estou apaixonada ou porque ele estava com outra, mas, porque ele teve a audácia de tentar me agredir. - Meu Deus! E eu bêbada, te deixei correr risco! - Você não tem culpa de nada! - Achei que era um homem moderno, mas era um pirralho machista. - Quer fazer algo contra isso que você sofreu? - Não! A vida continua e eu vou continuar curtindo, não vou me colocar no lugar que querem me colocar, os homens tem que aprender a respeitar as mulheres. Abracei aquela pequena, senti uma dor tão grande em meu coração, durante anos, sofri tentando entrar nos moldes machistas, quase acabei com a minha vida, agora vendo Alicinha sofrendo, aquela revolta de ser julgada e agredida, voltou a doer em meu peito.
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