04. Capitulo

1316 Words
Assim que parti para minha empresa, recebi uma ligação de meu irmão Cristian, um sujeito que rivalizava em fanfarronices com Heitor, embora tenha se acalmado significativamente após se envolver com Luana. "Aquela mulher é uma verdadeira domadora de leões", costumo dizer, embora Cristian insista que "a leoa é muito mais feroz que o leão" — e eu tenho minhas razões para acreditar nele. Meu irmão colabora comigo na empresa, cuidando de toda a parte jurídica. Ao chegar à minha sala, acomodei-me à minha mesa, um santuário de organização e eficiência que reflete minha obsessão por ordem e precisão. Cada decisão feita aqui tem o potencial de impactar centenas, se não milhares de vidas — uma realidade que encaro não apenas com seriedade, mas com uma dose palpável de orgulho. Não demorou muito para avistar Cristian adentrando minha sala com um sorriso no rosto, claramente alheio à carga de responsabilidade que carrego diariamente. — Bom dia, falei que chegava primeiro, mas me enrolei. — ele disse e eu sabia bem o porquê da sua demora. Camila é muito detalhista até na forma em que ele deve se vestir, ela cuida de tudo para ele. — Bom dia, já estava me preparando para iniciar a reunião sem você — o cumprimentei, não perdendo a oportunidade de salientar seu atraso habitual e puxar sua orelha, por assim dizer. — Cheguei tão tarde assim? — ele perguntou, sua expressão misturando surpresa e desconforto. — Não, acabei de chegar também. Mas, ao contrário de certas pessoas, sei administrar meu tempo — respondi com um sorriso sutil, um tanto irônico, indicando minha vantagem em eficiência e pontualidade. — Soube que minha cunhada voltou ao Brasil, e, imagine só, minha estimada esposa estava curiosa para saber se você não teria um pequeno canto disponível para ela em sua magnífica mansão — Cristian lançou, instigando-me a levantar uma sobrancelha em resposta. — E a sua espaçosa residência não pode acomodá-la, irmão? Ou será que a querida sogra planeja acompanhá-la, e é por isso que deseja despachá-las para o meu território? — questionei com um tom carregado de sarcasmo e desconfiança. — Ah, você sabe, minha sogra é um verdadeiro anjo — ele replicou, tentando pintar a situação com cores mais favoráveis. — Entendo, ela se torna um anjo pela distância, não é mesmo? — Comentei, não perdendo a chance de ironizar a situação. — Exatamente, ela é um anjo bem distante — ele riu, mostrando uma ponta de verdade em sua brincadeira. — Veja só, não deixe a Mila escutar você falando assim — adverti, meio em tom de brincadeira, meio sério. — Então, você vai poder acomodar minha cunhada ou não? — Cristian insistiu, tentando voltar ao assunto principal. — Caramba, você sabe que ma'l fico em casa. Não tenho tempo nem disposição para entretenimento — resmunguei, frustrado. Minha história com a cunhada de Cristian era complicada; chegamos a flertar no passado, mas tudo desabou quando ela seguiu para a Europa. Aquela breve conexão me fez ponderar sobre minha própria solidão; muitas vezes, bastava um mínimo de afeto para que eu imaginasse um futuro juntos. Mas os anos e a vida me ensinaram a ser mais reservado, a discernir melhor entre afeto momentâneo e algo mais profundo. — Olha, ela não precisa que você faça sala. Ela conhece bem o seu jeito… mas veja bem, ela está voltando solteira — ele provocou, insinuando algo mais. — Não estou à procura de confusão, Cristian. Ela que não espere uma grande recepção por sua volta. Não estou aqui para ser feito de t**o novamente. — Deixei claro, cortando qualquer expectativa de reatar velhos laços ou criar novos. — Rsrs, que sujeito insuportável você é, hein? — Sou mesmo, agora chega de conversa fiada e vamos ao trabalho — respondi, assumindo plenamente a postura arrogante que me é característica. Peguei o telefone e liguei no ramal da minha secretaria — Bom dia, Raquel, onde está minha agenda? Preciso dela imediatamente e, por favor, me traga um café — ordenei, sem deixar espaço para réplicas. Cristian apenas sorriu, negando com a cabeça, como se estivesse se divertindo com meu comportamento habitual. — Sabe, é engraçado como você consegue ser menos arrogante quando está em um relacionamento. O que acontece com você? — ele provocou, tentando entender as nuances do meu temperamento. — Melhor nem tocar nesse assunto. Ser 'bonzinho' só me causou problemas, e você sabe muito bem disso — rebati, enquanto observava Raquel entrar na sala com sua usual tranquilidade. Ao menos minha secretária, que está ao meu lado há mais de três anos, parece tolerar minhas exigências. — Bom dia, Senhor Dominique. Aqui está o café, exatamente como o senhor aprecia — ela disse, sempre gentil e atenciosa. — Obrigado Raquel. Já adiantando um assunto, você tem a conta do Heitor para fazer uma transferência? — perguntei, voltando minha atenção para os assuntos práticos. — Claro que sim, senhor. Quanto deseja transferir? — ela perguntou, pronta como sempre para atender minhas solicitações. — Transfira este valor, por favor, e já te agradeço antecipadamente — concluí, entregando-lhe as informações necessárias para concluir mais uma das minhas tarefas diárias. — Vai financiar as loucuras do seu filho, o garoto já conquistou sua mente? — Cristian provocou, claramente cético quanto às minhas intenções. — Sabe que a situação não é tão simples assim. Mas sinto que preciso dar um voto de confiança ao Heitor, ou ele nunca vai aprender a ser responsável — respondi, tentando explicar minha posição sem dar espaço para ma'l-entendidos. — Tenha cuidado, ele pode acabar gastando todo o seu dinheiro em festas e baladas — alertou Cristian, claramente preocupado com as consequências da minha decisão. — Ele que se engane pensando que não sei como cobrar. Não estou aqui para brincar de pai benevolente. Ele segue as regras e se comporta, ou pode ir morar com a avó — declarei, deixando bem claro que minha paciência tinha limites e que minhas regras deveriam ser respeitadas. — Rsrs, ainda me lembro da sua cara quando a mãe dele apareceu aqui na empresa, e a sua negação diante do exame de paternidade — Cristian relembrou, trazendo à tona um momento em que me senti completamente desestabilizado, minha vida virando de cabeça para baixo, eu fiz o exame de paternidade tendo a certeza que daria negativo, mas me veio o contrário. Foi ainda pior quando Heitor fugiu de casa e eu... bem, eu não senti nada. Nenhuma preocupação. É difícil admitir, mas sou um homem desprovido de emoções mais profundas. Na minha mente, se ele fugiu, que se virasse; afinal, já tinha 20 anos. — E você esperava o quê, droga? Nunca dei um vacilo sequer com mulheres, e de repente aparece um filho de 20 anos? Isso ultrapassa todos os limites do razoável, considerando que anos atrás eu estava namorando alguém da idade dele — respondi, ainda sentindo o impacto daquela revelação e da ironia da situação. — Eu só queria que vocês estivessem juntos, só para ver sua expressão ao ter que apresentar seu filho à sua namorada, que por acaso tinha a mesma idade dele — disse Cristian, claramente achando graça na complexidade e no desconforto daquela situação hipotética. — Você realmente não vale nada, com um irmão como você, quem precisa de inimigos? — retruquei, sem esconder minha irritação. — Kkk, eu adoro te provocar, essa sua cara de irritado é impagável — Cristian riu, claramente se divertindo à minha custa. — Dá um tempo, Cristian, vai procurar o que fazer. Meu dia está lotado — disse, levantando-me e saindo da minha sala em direção à sala de reuniões. Não posso negar que sempre tive uma queda por mulheres mais jovens, mas desde que descobri ter um filho na casa dos vinte anos, meus interesses mudaram. Parece que finalmente amadureci. Agora, foco no trabalho e deixo as distrações de lado. 2 semanas depois...
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