05. Capitulo
2 semanas depois
Heitor
— E aí, pronta para embarcarmos? — perguntei a Jaque, enquanto nos aproximávamos do avião particular que havia fretado para nos levar até Nova York. Jaqueline nunca havia estado naquela cidade, e, visto que eu tinha compromissos importantes por lá, aproveitei a oportunidade para convidá-la. Nós estávamos nos conhecendo melhor nos últimos tempos, e descobri que ela compartilha do mesmo espírito livre que eu: uma paixão por viver a vida intensamente, sem restrições.
— Claro que estou, será muito bom conhecer outros países em sua companhia. Em breve, estarei linda e plena, com meu novo silicone e as cirurgias plásticas que planejei. Meu Deus, ma'l posso esperar para que o dinheiro caia na minha conta — respondeu Jaqueline, com um brilho de entusiasmo nos olhos. Havia prometido a Jaqueline levá-la a um cirurgião plástico renomado de Nova York, o mesmo que havia realizado os procedimentos estéticos da minha mãe. Essa promessa acrescentava um brilho de expectativa aos seus olhos, refletindo a ansiedade e a excitação pela transformação que ela planejava.
Ela já começava a fazer planos sobre as mudanças que queria em sua vida. Enquanto isso, finalizei a verificação dos documentos necessários para o voo e dei uma última olhada em nossa bagagem, garantindo que tudo estivesse em ordem para nossa aventura. A expectativa do que nos aguardava em Nova York adicionava uma camada extra de excit'ação à viagem.
— Não vai demorar, mas e a docinho, não a convidou? — lancei a pergunta para Jaque com o meu típico ar despojado, apoiando-me na mesa enquanto a observava ajeitar a sua maquinagem através de um espelho.
— Claro que não, imagina! Por que eu levaria a minha prima para a nossa viagem? — ela respondeu, revirando os olhos, claramente achando a ideia absurda.
— Você sabe que esta viagem não tem nada de romântica, né? Olha, Jaque, eu curto a sua companhia, mas acabei de terminar com a Ana e estou numa fase de apenas curtir a vida, sem compromissos — expliquei, querendo deixar as coisas bem claras entre nós. Havis acabado de terminar com a chata da Ana que ainda está pegando no meu pé, odeio mulher grudenta.
— Quem está falando de viagem romântica? Eu, hein, estou fora disso. Não estou em busca romance, não se preocupe — ela rebateu, colocando as suas maquiagens na mochila, demonstrando estar na mesma sintonia que eu.
— Mas e quanto à Isa? Você nem tentou convidá-la para se juntar a nós no nosso esquema? — mudei de assunto, curioso com a situação, enquanto observava a sua reação. Não tinha interesse na Isa e sim em trazer mais pessoas para nosso esquema.
— Ela é medrosa quando é que vi entender isso? Ela nem ao menos cogitou entrar no nosso lance.
— É, uma pena mesmo. A 'docinho' é... — antes de eu terminar, a Jaque me repreendeu.
— Heitor, sério, ela é minha prima. Pode até ser que entre nós não tenha nada, mas ouvir você falando da minha prima dessa forma é demais para mim. Vamos mudar de assunto, eu quero focar na viagem e aproveitar tudo com luxo — disse Jaque, estabelecendo seus limites com firmeza.
— Entendido, uma verdadeira aventureira, como eu — respondi com um sorriso, aproximando-me e depositando um beijo nos lábios de Jaque. Contudo, não posso mentir que a sua prima, com aquele jeito meigo, mexeu com o meu te'são, a garota é gostosa pra po'rra, acabou me fazendo pensar nela em minha cama mais vezes do que gostaria de admitir. Mas é isso aí, ela não é do tipo que curte sair sem compromisso; é responsável e com os pés no chão, totalmente o oposto do que busco. Eu valorizo a minha liberdade, curto a vida sem amarras, ficando com quem desejo, quando desejo. Jaque sabe disso, já me viu com outras, uma pá de vezes e não se importa, e vice-versa. O nosso relacionamento é aberto e sem cobranças. É assim que as coisas funcionam para mim; quem não estiver satisfeito, que siga seu caminho, porque não me faltam opções. Agora, chega de hesitar; Nova York nos aguarda.
— Esse avião é do seu pai? — Jaque indagou, admirando os interiores luxuosos enquanto o avião cortava os céus do Rio de Janeiro. Anda acho estranho chamar Dominique Bel Monte de pai, mas sabia que Jaqueline perguntava sobre ele.
— Não, esse aqui é alugado. Não dei satisfação ao Dom, ele nem imagina que estou saindo do país. Sei que vai ter bronca, mas já sou adulto, né? — respondi, com um ar de desdém típico.
— Ah, só se lembra que é adulto quando não precisa do dinheiro dele, né? Estou de olho em você — ela brincou, levantando o celular como se me filmasse, provocando. Veio até a mim e sentou se em meu colo de forma provocante.
— Rsrs, esse cara é um multimilionário, mais ainda que o meu pai que eu achava ser meu pai. Minha mãe sempre teve um gosto para os ricos — comentei, rindo, enquanto relaxava na poltrona. A história que minha mãe tentou me contar é bem complicada. Meu pai de criação, um homem rico com quem ela estava noiva antes de me ter, mesmo ela sendo apaixonada por ele, sabia que ele não era fiel. Mesmo assim, eles estavam prestes a se casar. Dias antes da cerimônia, enquanto ele estava viajando, minha mãe decidiu sair para uma balada. Foi lá que ela encontrou Dominique, alguém com quem ela m*l tinha contato, mas naquela noite, algo aconteceu entre eles e minha mãe acabou engravidando. Ela escondeu a verdade e me deixou acreditar que o homem que me criou, seu noivo e depois marido, era meu pai biológico.
Os problemas no casamento dos meus pais surgiram, levando a uma inevitável separação. Creio que o cerne desses problemas era o ciúme obsessivo de Rômulo, meu pai de criação. Tudo piorou drasticamente após o término do casamento. Rômulo, aparentemente, não conseguia aceitar que minha mãe decidisse contar-me a verdade sobre minha origem. Ela, por outro lado, acreditava que revelar a verdade era a melhor opção, mas isso só intensificou as brigas entre eles.
Segundo minha mãe, Rômulo sempre soube que eu não era seu filho biológico, desde que eu tinha seis anos. Ele desenvolveu um ódio profundo por Dominique, responsabilizando-o por todos os problemas, principalmente pelo fato de eu não ser seu legítimo descendente. Esse rancor só fez crescer com o tempo, alimentando um ambiente tenso e cheio de ressentimentos. Até hoje considero Rômulo como meu pai; ele foi quem me criou, e, para mim, sempre será o homem a quem devo respeito e consideração, apesar de minha mãe insistir para que eu me aproxime mais de Dominique. Dominique, por sua vez, permanece um mistério para mim: um homem reservado, que m*l conversa. Posso perceber que sua tentativa de aproximação de mim é forçada, mas, apesar disso, aos poucos, ele tem ganhado minha estima.
— Sua mãe teve muita sorte mesmo, seu pai verdadeiro é um gato, um verdadeiro galã — Jaque observou, uma faísca de malícia brilhando em seus olhos.
— Acha que puxei a ele, não é? — perguntei, meio brincando, meio sério.
— Rsrs, Heitor, você nem tem o cabelo da mesma cor que o dele. Você é todo sua mãe, rsrs, mas claro, isso não tira o seu charme, só que seu pai, nossa, é um coroa no auge, viu? — ela riu, mas não escondeu a admiração.
— Está me achando com cara de quê? Para aí, está dizendo que meu pai é melhor que eu? — fingi indignação, entrando na brincadeira.
— Claro que não, só se eu o testasse na cama, rsrs, mas olha, até lá, você continua sendo o campeão, uma verdadeira máquina — Jaque disse. Ela sussurrou aquelas palavras com uma voz que oscilava entre o desafio e o desejo, deixando claro que sabia exatamente quanto adoro ouvir, o quanto sou bom na cama.
— É assim que eu gosto, bem submissa e obediente. Você sabe como me excit'ar, não é? — Meu tom era provocativo, carregado de uma promessa implícita de prazeres.
Havia um brilho travesso em seus olhos quando ela fez a sugestão, quase como se estivesse me testando.
— Vamos para o banheiro? — Perguntou, e meu olhar deslizou rapidamente para a porta semiaberta da cabine do piloto, questionando silenciosamente a necessidade de nos restringirmos a um espaço confinado quando o mundo lá fora nos oferecia infinitas possibilidades.
Por que limitar-nos ao banheiro quando a vastidão do céu era o nosso único limite?
— Por que ir ao banheiro? Estamos só nós dois aqui, — rebati, permitindo que minha mão traçasse caminhos ousados sob o tecido do seu vestido enquanto ela se acomodava mais confortavelmente em meu colo. Havia uma promessa não verbalizada em cada toque, uma conversa silenciosa que apenas nossos corpos entendiam.
Ela acompanhou meu gesto com um olhar intenso, um sorriso despontando em seus lábios enquanto gentilmente afastava mais as pernas, uma aceitação tácita do meu desafio. Seu olhar alternava entre minhas mãos e a porta que escondia o desconhecido, como se estivesse avaliando os riscos e prazeres de nossa pequena aventura.
— Você é realmente maluco, hein? — Sua voz era uma mistura de surpresa e admiração, uma pitada de exci'tação tingindo suas palavras.
Com um sorriso que selava a nossa cumplicidade, respondi:
— Apenas aventureiro. — Nossos lábios se encontraram em um beijo que era, ao mesmo tempo, uma promessa e uma descoberta, um prelúdio para uma viagem que prometia ser repleta de momentos inesquecíveis. Naquele instante, ficou claro que nossa aventura seria muito mais do que simplesmente física; seria uma exploração dos limites do desejo e da paixão.