CAPÍTULO 4
JOÃO MIGUEL
—Você só pode estar maluco João Miguel, você viu de quanto foi o prêmio?—Guilherme pergunta me olhando.
—Sim, mas essa corrida eu vou ganhar—digo olhando para aquela mulher marrenta.
—João Miguel está brincando com fogo e vai acabar se queimando—Guilherme diz e os meus olhos encontram os dela em meio a multidão que prestigia o leilão de gados, inclusive meu pai doou um deles, para arrecadar fundos para a paróquia.
O dia passa calmo e por mais que eu tente evitar não consigo tirar os olhos daquela mulher, algo nela me instiga, me fascina, me faz querer toma-la em meus braços e beijar os seus lábios.
Então quando o sol estava se pondo, nos proporcionando um espetáculo particular, o locutor anuncia que a corrida começará em breve, procuro por ela em meio as pessoas e ela me olha fazendo um aceno com o chapéu. Essa mulher me desafiava, mas o que ela não sabia era que eu não corria de um bom desafio.
Por um breve momento me recordo d aninha noiva, que estava presa naquela fazenda, presa por que ela escolheu ficar, ela não conseguia ver as belezas dessa cidade, mas eu estava diante da mais bela de todas.
Caminho para a pista de corrida e a encontro.
—Pronto para perder playboy?—ela me pergunta.
—Não vou perder marrenta, vou ganhar um beijo seu—digo olhando em seus olhos misteriosos.
—Isso é o que vamos ver—ela diz e se ajeita sobre o animal, eu faço o mesmo, e quando o sinal sonoro é emitido eu disparo na frente crente que eu ganharia aquela corrida e sentiria os seus lábios nos meus, mas quando faltava menos de dois metros ela me passou, cruzando a linha de chegada.
Droga, como pude perder!
E eu nem estava tão bravo pelo o dinheiro, o que me deixou furioso foi perder a chance de beija-la.
Assim que desmontamos ela se aproxima de mim.
—Eu disse que você ia perder—ela diz rindo.
Vejo a amiga dela se aproximar, Guilherme também já está ao meu lado, e boa parte da cidade assiste a cena.
—De fato você é um ótima amazona, tenho que admitir a minha derrota—digo fazendo um gesto de reverência.
—As duas—ela diz.
—Sim, tem razão e por isso acho que mereço ao menos um aperto de mão—digo e ela me olha desconfiada—Ah qual é? É educado comprimentar o perdedor.
Ela me olha e se aproxima um pouco mais, me estendendo a mão, pego a sua mão e sinto um choque percorrer o meu corpo, olho em seus olhos e num impulso a puxo, seu corpo se choca com o meu, e eu colo os meus lábios nos dela, aquele contato durou apenas alguns segundos, antes que ela me empurrasse e me desse uma chicotada no braço, mas foram suficientes para me dar a certeza de que eu queria aquela mulher para mim.
—Quem você pensa que é seu riquinho de merda?—ela diz furiosa.
—Desculpe eu não resisti—digo.
—Você é um i****a que pensa que por que tem dinheiro pode comprar tudo e todos, pois lhe digo a mim não—ela diz sustentando o meu olhar.
—Priscila me desculpa—digo e ela se vira e sai andando rumo as cocheiras.
—Começou m*l garoto dos olhos azuis—a amiga dela diz me olhando.
—Me diga o que eu faço para ela me desculpar—digo.
—Nada, você se meteu com a pessoa mais rancorosa que conheço, e se bem sei ela nunca mais vai querer chegar perto de você—a mulher diz e sai seguindo a amiga.
Tiro o meu chapéu e passo a mão em meus cabelos.
—Eu disse que estava brincando com fogo —Guilherme diz.
—Ah não enche você também—digo o saio andando, mas ainda tenho tempo de ouvir um eu te avisei dele seguido de uma gargalhada.
Sim ele havia me avisado, mas eu fui contra tudo e beijei aquela mulher e agora tudo que eu queria era ter ela nos meus braços de novo.
Preencho o cheque e deixo com os administradores da corrida, sigo para o meu carro que por coincidência estava estacionado ao lado do dela, e quando entro no carro olho para o lado e a vejo, ela sustenta o meu olhar, ela não se intimidava de modo algum e isso me fascinava ainda mais.
Aceno com a cabeça e saio daquele lugar, sigo para a fazenda e logo quando chego encontro o meu irmão.
—Posso saber onde levou esse animal?—Henrique inquire me olhando.
—Oi irmão é bom revê-lo também —digo rindo.
—Tudo sempre foi piada para você João Miguel, nunca levou nada a sério, você não pode chegar aqui do nada, pegar um animal sem avisar nada a ninguém—ele diz.
—Não pensei que precisava pedir ordem para usufruir de algo que é meu também—digo sustentando o seu olhar.
—Pode ser seu também, mas você nunca se importou com isso aqui—ele diz.
—E você se importa demais, vive a sombra do nosso pai, e nunca fez nada por você mesmo —digo e entro na casa.
Logo quando passo pela porta de entrada Lais vem ao meu encontro.
—Baby, temos que ir embora—ela diz com aquela voz irritante.
—Agora não Laís—digo me desvencilhando das suas mãos e seguindo para o meu quarto.
Minha relação com Henrique nunca foi das melhores, mas não esperava ser recepcionado por ele dessa forma, eu só via escuridão quando olhava para ele.