⚜CAPÍTULO 2⚜

1252 Words
CAPÍTULO 2 JOÃO MIGUEL —Ei cara onde estava?—Guilherme inquire me olhando. Guilherme e eu éramos amigos desde crianças, e crescemos juntos na cidade, assim como o meu pai, o pai de Guilherme também administrava a fazenda da família, Gui decidiu ser veterinário, para cuidar das cabeças de gado do pai e das fazendas da região inclusive na Santarosa, Gui mantinha as tradições e dificilmente saia da cidade, eu amava esse lugar, mas amava as minhas viagens. —Eu fui pegar uma bebida, veja Gui, sabe quem é aquela moça?—pergunto mostrando a m*l educada que acabei de esbarrar na barraca de bebidas. —Qual delas?—ele pergunta olhando para a dupla. —A de camisa rosa e cabelos pretos—digo. —Não parece ser da cidade, nunca a vi por aqui—ele diz. —Eu acho que ela é da cidade, já que achou que eu era um forasteiro—digo. —Não sei, mas pode ser, já que está na barraca de inscrições para a corrida de amanhã—ele diz. —Corrida?—pergunto. —Passou tanto tempo longe de Joanópolis que até esqueceu da corrida de São João, e nesse ano o prêmio está muito bom, ela não resistiu—ele diz rindo. Não que eu precisasse do prêmio, mas talvez eu quisesse ver aquela marrenta mais uma vez. —Ótimo, vou fazer a minha inscrição—digo caminhando em direção a barraca de onde as duas acabaram de sair. —Ah não João Miguel, para quê?—Guilherme diz andando atrás de mim—Você nem precisa desse prêmio. —Por diversão meu amigo, por diversão—digo rindo. Assim que faço a minha inscrição guardo o bilhete no bolso, e volto para a festa. — A sua noiva não vai gostar nada disso, aliás por que ela não veio?—Guilherme inquire. —Laís, não está acostumada com cidade do interior Gui, ela cresceu na capital, tudo aqui é diferente para ela, e ela disse que estava com dor de cabeça, então preferi deixá-la na fazenda—digo tomando mais um pouco do delicioso vinho quente. —Nem se casou ainda e já está deixando a noiva em casa para farrear—ele diz rindo. —A verdade é que nem eu mesmo sei como vim parar nesse noivado, em um minuto estávamos saindo, e no seguinte noivos—digo. —Casamento é coisa séria João Miguel, pense bem, fomos criados com uma visão de casamento diferente do povo da capital, para eles é tudo descartável—ele diz e aquilo me faz pensar, não que eu não gostasse de Laís, mas as coisas foram acontecendo rápido demais, eu me deixei levar pelos os seus pais, por ela mesma e acabei concordando com algo que eu mesmo não sei se quero. Vejo a marrenta em meio as pessoas, ela sorri para a amiga, e p***a que sorriso lindo ela tinha, os seus olhos refletindo as chamas da grande fogueira, ela era muito bonita, muito bonita mesmo, seu corpo cheio de curvas, destacadas pelo jeans apertado que ela usava, os primeiros botões da camisa abertos mostrava s***s avantajados, sorrio da minha constatação. —Ei limpa aí—Guilherme diz. —O que foi? Tá maluco?—pergunto. —A baba escorrendo, disfarça ai—ele ri alto. —Ah vá a merda Guilherme—digo rindo também. Passei o restante da noite tentando não olhar para aquela mulher, que mais parecia uma onça brava, mas ela era tão linda e tão misteriosa, tudo nela me atraia, e eu tentava dizer a mim mesmo que eu tinha uma noiva e que eu não podia desejar uma desconhecida, mas era inútil, quando eu menos esperava os meus olhos estavam sobre ela. E assim como se ela fosse uma aparição, ela sumiu diante dos meus olhos, já era fim de noite quando decidi voltar a Santarosa, e quando cheguei encontrei o meu pai na sala. —Chegou tarde filho—ele diz com a sua voz grossa enchendo o ambiente. —Acabei encontrando o Guilherme, e me distraí com os shows—digo. —Não teria problema, se não tivesse trazido uma patricinha filhinha de papai com você a tiracolo—ele diz. —Pai, a Laís não é assim—começo a dizer. —Ah não? Ela reclamou de tudo desde que você saiu daqui, do calor, dos mosquitos, da comida, até do barulho dos grilos ela reclamou, será que não vê que ela não é apropriada para você?— o meu pai inquire. —Eu ficaria surpreso se o senhor aprovasse alguma decisão minha—digo. —Se você não tivesse me desobedecido, e tivesse por exemplo seguido o mesmo caminho que o Guilherme ou o seu irmão, não teria conhecido essa mulher e não estaria preso em um noivado de mentiras— o meu pai diz. —Como pode afirmar que o meu noivado é de mentira?—pergunto. —Se não fosse, ela estaria ao seu lado hoje, e não reclamando do ar condicionado—ele diz passando por mim e indo em direção aos quartos. Passo a mão pelos os meus cabelos, e no fundo, mesmo que eu não admitisse, eu sabia que ele estava certo Afonso Santarosa estava certo como em muitas vezes. Caminho até o meu quarto e quando abro a porta encontro Lais, sentada na cama, com os braços cheios de pomada. —Ah finalmente, olhe só como estou—ela diz irritada. —Você deixou a janela aberta, sem a rede de proteção?—inquiro me aproximando da janela para colocar a rede. —Como eu ia saber que tinha que colocar isso? Como em uma fazenda desse tamanho não tem um ar condicionado?—ela inquire. —Primeiro, por que é uma fazenda, e segundo porque nessa época do ano é frio, por que um ar condicionado estaria ligado?—inquiro. —O ar daqui me sufoca, esses bichos não param de fazer barulho, devem ser animais selvagens—ela diz. —Esse barulho?—pergunto fazendo silêncio. —Sim—ela grita. —São grilos Lais—digo. —Eu não sei o que são grilos João Miguel, eu sempre morei em coberturas, apartamentos não tem grilos—ela diz me olhando e nesse momento tudo o que eu vejo nela é a mulher que o meu pai descreveu. —Laís, estamos no interior—digo tentando amenizar as coisas. —Eu nem queria estar aqui João Miguel, viemos conhecer a sua família, família essa que nem gostou de mim, podemos voltar a capital amanhã—ela diz. —Laís, eu vim passar algum tempo com a minha família e você sabe disso, além disso amanhã temos um compromisso—digo. —Que tipo de compromisso?—ela inquire me olhando. —Uma corrida de cavalos—digo. —Corrida de cavalos? É sério mesmo que pensa que eu vou em uma corrida de cavalos? Com aquele fedor de coco de cavalo e gente suada? Jamais João Miguel—ela diz. —Pois bem, eu vou—digo tirando a camisa e entrando no banheiro para tomar um banho. Sinto a água escorrendo pelo o meu corpo, e me lembro dos olhos daquela mulher, da voz imponente e decidida que ela tinha, aquela diaba estava invadindo os meus pensamentos, e só de lembrar dela eu tinha cada vez mais certeza de que a mulher na minha cama definitivamente havia sido uma escolha errada.
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