CAPÍTULO II
NOVA YORK- ESTADOS UNIDOS
JACK ROBBINS
...Esse tempo, esse lugar.
Desperdícios, erros
Tanto tempo, Tão tarde.
Quem era eu para te fazer esperar?
Apenas uma chance
Apenas um suspiro
Caso reste apenas um
Porque você sabe
Você sabe você sabe...
Mais uma noite que eu vejo passar, novamente não consigo dormir, as cenas da guerra, o barulho das explosões, o cheiro dos corpos queimando, tudo estava tão vivo em minha memoria, parecia que eu vivia tudo aquilo novamente.
Olho o relógio na mesinha de cabeceira, mais um dia iniciava, na cidade que nunca dorme, levanto-me e ligo a tv enquanto faço meu café, ouço as notícias, alguns corpos encontrados, pessoas desaparecidas, alguns marginais presos, acidentes automobilísticos, enfim Nova York sendo Nova York, hoje seria mais um dia daqueles, hoje eu começaria a segurança da tal poderosa, a CEO de uma grande empresa.
Saio do banho e pego um dos meus vários ternos pretos bem cortados, que ficam perfeitamente alinhados em meu corpo, olho no espelho e gosto da imagem refletida.
Meu celular toca quando estou saindo de casa.
—Tony, pode falar—digo.
—Jack, virá na empresa antes de começarmos?—ele questiona.
—Não, junte a equipe e me encontre na casa da Senhora Marshell, estou indo pra lá—digo desligando e colocando meu carro em movimento.
A propriedade é de fato muito bonita, e enorme, com vários pontos para serem protegidos, certamente teria que dobrar a equipe e isso geraria um custo maior, mas a julgar pelos carros na garagem e o número de funcionários, dinheiro aqui não era o problema, ela esbanjava poder.
—Tony, leve a equipe para fazer um reconhecimento da área, fundos e laterais são prioridade, verifiquem a localização das câmeras e seus pontos cegos, trace linhas para que novas câmeras sejam posicionadas, coloque o pessoal do monitoramento para verificar os aparelhos, e analisar possíveis trocas, quero tudo de ultima geração, espalhe também sensores de movimento por todo perímetro—digo.
—E você?—ele questiona.
—Eu vou conhecer nossa chefe—digo entrando na casa.
Uma enorme escadaria levava ao andar de cima, móveis de madeira escura decoravam o ambiente coberto por um lindo porcelanato branco, uma linda vidraça permitia que víssemos o jardim a frente da casa, me aproximei e vi as rosas vermelhas, ver aquelas flores me fazia bem, remetia a algo do passado, mas eu não sabia o que, estava distraído quando a doce senhora se aproximou com a bandeja.
—O senhor aceita uma xícara de café?—ela questiona.
—Ah muito obrigado, não precisava se incomodar, estava admirando as rosas, a senhora quem cuida?—inquiro.
—Ah não, as rosas são de dona Sophia, ela quem cuida, é apaixonada por elas, acho que é a única coisa que ela gosta na verdade, prepare-se ela tem gênio do cão—ela diz cautelosa.
O barulho dos saltos ecoa pelo frio porcelanato, a senhora se assusta e se afasta.
—Ah com licença—a senhora diz.
—Pode se retirar, Ada— a voz firme da mulher preenche a sala, viro-me então em sua direção.
Ela me olha e então diz.
—Adam?
—Desculpe-me, senhora, sou Jack Robbins, o chefe da segurança—digo.
—Jack? Ah sim, me desculpe você é muito parecido com alguém que conheço—ela diz.
—Sem problemas senhora—digo.
—Me chame de Sophia, não gosto deste senhora me faz parecer velha e eu não sou, pelo que vi da janela do meu quarto sua equipe já está zanzando pela minha casa, então não preciso dizer para que fiquem a vontade, pois vocês já estão—ela diz.
—Desculpe senhor... digo Sophia, mas isso é necessário—digo.
—Particularmente acho uma enorme perda de tempo e dinheiro, o seu tempo e o meu dinheiro—ela diz.
—Sophia, eu tive acesso às ameaças, me parecem bem reais, segurança nunca é demais, me deixe fazer o meu trabalho—digo
—Como quiser, saímos em meia hora, alguém aqui precisa trabalhar de verdade—ela diz caminhando rumo à sala de jantar.
Mulher intragável, como alguém poderia conviver com essa cobra?
Caminho até a porta de entrada e fico ali esperando a megera, o que ela tinha de bonita ela tinha de diabólica, possuía um corpo com curvas magníficas, lábios carnudos, uma beleza latina.
Estava conversando com Tony, quando ela passa por nós.
—Se vai me seguir por todos os lugares, se apresse tenho uma reunião—ela diz.
—Sophia, você precisa ir no carro da segurança—digo e ela olha pra trás e depois para o carro parado à frente.
—Jamais, quem quiser que me siga—diz entrando em um charmoso Porsche preto.
—Caramba, Tony diga para uma equipe nos seguir—digo entrando no carro estacionado.
—Pode deixar Jack—ele diz rindo.
Esse maldito estava se divertindo as minhas custas.
Sigo-a pelas ruas de Nova York, caramba essa mulher dirige muito bem, estranhamente bem, na verdade ela dirige como eu, continuo seguindo seu carro até a Marshell, vejo quando ela para e um manobrista pega as chaves, ela desce do carro sobre os saltos poderosos de solados vermelho, parece até aquele filme o d***o veste alguma coisa, aqui o d***o está vestindo um lindo vestido evidenciando suas curvas, outro manobrista faz o mesmo com meu carro, e a sigo pela entrada passando pelas catracas ela encosta seu cartão e libera seu acesso, já o meu no entanto.
—Ei senhor precisa de um cartão de visitante—a recepcionista diz.
—Ei Sophia—digo.
Ela me olha, e depois para a recepcionista e diz.
—Hanna, cumpra o que é de praxe, não o deixe passar sem pegar seus dados—diz entrando no elevador.
—Oh merda—olho para a recepcionista e me aproximo.
—Senhor, preciso dos seus documentos, e precisamos tirar uma foto, só por segurança—ela diz.
—Eu sou o chefe de segurança—digo.
—Ah sim, perfeitamente, mas ainda preciso dos dados, o senhor entende não é—ela diz.
—Sim claro, faça seu trabalho—digo.
E após longos vinte minutos, devido a uma lentidão no sistema, ironia uma empresa de softwares com problema de lentidão, sou liberado com a merda de um crachá escrito visitante.
—Qual o andar da sala dela?—inquiro.
—É na cobertura—ela diz.
—Ah claro, é na cobertura, só poderia ser lá—digo seguindo para o elevador.
Chego a uma nova recepção, e me aproximo da moça loura que veste um elegante terninho preto com um lenço Pink no pescoço, até lembra uma comissária de bordo.
—Bom dia, sou Jack Robbins, chefe de segurança da Senhora Marshell—digo.
—Bom dia seja bem vindo a Marshell, o senhor tem horário marcado com a Senhora Sophia?—ela indaga.
—Não, na verdade acabamos de vir da casa dela—digo.
—Então o senhor pode sentar-se e aguardar—ela diz.
—Pode avisar que estou aqui, preciso olhar a sala dela—digo.
—Senhor me desculpe, mas a Senhora Sophia, acabou de sair com um cliente para uma reunião externa, como eu disse se o senhor quiser pode sentar-se e esperar por ela—ela diz.
—Ela saiu? Sem me falar nada?—inquiro irritado.
—Parece que sim—ela diz sem jeito.
Sento-me no confortável sofá, e meu celular toca.
—Tony—digo.
—Ei chefe, chamei a equipe de câmeras, já estão instalando os novos aparelhos, e aí como andam as coisas com a diabolin?—ele inquire.
—De m*l a pior, se ela for pra casa, me avise—digo.
—Jack, você não estava com ela?—questiona.
—Estava, eu estava, mas ela, ela, ah deixe pra lá apenas me avise ok—digo e desligo.
Caminho pelo hall, olho as saídas, onde ficam as câmeras, a verdade é que já estou esperando por ela a mais de uma hora, quando vejo o elevador se abrir, e ela sair acompanhada de um homem alto e moreno, diria que ele parecia um mafioso, e pelo sotaque pude concluir que era italiano.
Ela me olha, e eu insinuo falar com ela, mas ela diz.
—Robbins, agora não, ainda não terminei com o Senhor Bianchi—ela diz caminhando para a sua sala, o homem ao seu lado apenas me olha, apoiando-a pela cintura para entrar na sala.
Não sei explicar o porquê, mas aquilo me incomodou.
Mais alguns minutos de espera, e o tal italiano saiu da sala dela, me olhou e disse.
—Buona giornata.
—Grazie—digo sustentando seu olhar.
—Senhor Robbins, pode entrar—a recepcionista diz.
—Obrigado—digo entrando na luxuosa sala.
Ao centro uma grande mesa de madeira na cor preta, uma confortável cadeira, nas laterais, estantes com livros, alguns prêmios, um pequeno, porém luxuoso bar, um sofá que parecia tão confortável quanto o da recepção, e atrás da cadeira uma vidraça que exibia boa parte de Nova York, nada aqui era muito feminino, tirando o vaso de cristal que abrigava seis lindas e impecáveis rosas vermelhas, pelo jeito ela gostava mesmo das rosas.
—E então senhor Robbins, teve tempo de analisar minha empresa?—ela inquire.
—Ouça Sophia, fui contratado para fazer a sua segurança, não brincar de gato e rato com a senhorita, se não me quer aqui, desfazemos o contrato e está por conta própria, mas se optar por usufruir dos meus serviços terá que fazer as coisas do meu jeito, e não fugir com o bonitão italiano e me deixar plantado na sua recepção—digo irritado.
—Te incomoda? —ela inquire.
—Seja específica, muitas coisas me incomodaram hoje—digo.
—Ele ser bonitão—ela diz com deboche.
—Isso não muda o fato de ter se colocado em risco, e não isso não me incomoda sua vida particular não me diz respeito Senhora Marshell—digo incomodado na verdade.
—Você é bom nisso—ela diz.
—Bom em que? —inquiro.
—Em jogar, mas tudo bem seguiremos as suas regras, quer ficar colado em mim? Então prepare-se—ela diz sorrindo.
O restante da manhã a vi entrar e sair de diversas reuniões dentro da própria empresa, e ela era uma mulher bem ocupada na verdade, pediu almoço no escritório mesmo, e só saímos da empresa tarde da noite, a maior parte do tempo fiquei na recepção averiguando as entregas para ela, e definitivamente ela recebia muitas flores de vários empresários.
—Todos os dias chegam tantos buquês, ou hoje é um dia especial? —inquiro a recepcionista barra comissária.
—Alguns dias mais, outros menos, mas sempre chega, ela é uma solteira herdeira de um império de softwares muitos homens querem uma chance com ela, eu nem deveria estar te falando essas coisas na verdade, se ela ouvir estou no olho da rua—ela diz.
—Não se preocupe, não direi que você me falou nada—digo.
Realmente ela era muito bonita, mas se esses homens soubessem o gênio que ela tinha certamente fugiriam e não estariam lhe enviando flores.
Estava perdido em pensamentos quando ouvi sua voz.
—Senhor Robbins, podemos ir para casa—ela diz.
—Sim senhora—digo.
—Tessa, peça para o pessoal preparar um crachá com acesso a todos os departamentos para o senhor Robbins—ela diz a recepcionista.
—Sim senhora—a moça responde.
—Ela se chama Tessa? —inquiro enquanto caminhamos para o elevador.
—Achei que já soubesse, afinal passou grande parte do dia com ela—ela diz apertando o botão para o térreo.
Decido não responder apenas a observo, ser quem ela é, a dona de tudo e todos.
Sigo-a até sua casa, uma parte da equipe de segurança já foi embora e estamos com uma equipe reduzida durante a noite.
—Você não vai embora com os outros? —ela inquire.
—Sou o chefe tenho que ficar, além do mais estou acostumado, fique tranquila eu ficarei bem—digo.
—Não estou preocupada com você, só quero estar ciente de quem está na minha casa durante a noite—ela diz entrando sobre seus saltos.
Ah essa mulher vai me enlouquecer.
Algumas horas depois estou rodando pela propriedade, até que ouço o barulho de água, me aproximo da piscina e a vejo nadando, vou me aproximando devagar e ela me olha.
—Olá senhor chefe de segurança, aproveitando que está ai, me passe à toalha sim? —ela inquire saindo da piscina...nua, c*****o ela está nua.
—Senhora está nua—digo me virando de costas.
—Sim estou, gosto de nadar nua, na minha piscina, na minha casa, ainda estou me acostumando com a sua presença, além do mais não é muita novidade pra você—ela diz enquanto pega a toalha de minhas mãos e sai andando rumo a casa.
—Como assim? Volte aqui—digo.
—Boa noite Robbins, durma bem amanhã temos vários compromissos, inclusive um almoço com o senhor bonitão—ela diz.
Definitivamente eu estava ferrado.
Caminho até a casa de hóspedes na propriedade, que a megera disponibilizou para que eu pudesse ficar enquanto estivesse aqui, tiro meu terno e caminho até o banheiro, ligo o chuveiro e deixo a água gelada cair sobre meu corpo, a lembrança dela nua saindo da piscina ainda povoa minha mente, não consigo apagar.
E mais uma noite se passava, mais uma noite em que eu não conseguia dormir, só que desta vez o motivo estava bem ao lado.