CAPÍTULO III
NOVA YORK-ESTADOS UNIDOS
SOPHIA MARSHELL
...Eu morri todos os dias esperando você.
Querida, não tenha medo.
Eu te amei por mil anos
Eu te amarei por mais mil…
Acordo já pensando em todos meus compromissos do dia, escolho um vestido preto em meu closet e claro um dos meus saltos preferidos.
Faço uma maquiagem leve, porém marcante, tenho uma reunião importante hoje, desço as escadas e ouço uma voz conhecida que há muitos anos eu não ouvia me aproximo e então vejo o homem parado próximo a vidraça, conversando com Ada, os mesmos ombros largos, a mesma voz, o mesmo porte.
—Pode se retirar, Ada— digo e ele se vira em minha direção.
Vejo seus olhos, seu rosto, não poderia ser, ou poderia?
—Adam? —questiono.
—Desculpe-me, senhora, sou Jack Robbins, o chefe da segurança—ele diz.
—Jack? Ah sim, me desculpe você é muito parecido com alguém que conheço—digo, como ele pode ser tão parecido como Adam.
—Sem problemas senhora—ele diz.
—Me chame de Sophia, não gosto deste senhora me faz parecer velha e eu não sou, pelo que vi da janela do meu quarto sua equipe já está zanzando pela minha casa, então não preciso dizer para que fique a vontade, pois vocês já estão—digo.
—Desculpe senhor... digo Sophia, mas isso é necessário—ele diz.
—Particularmente acho uma enorme perda de tempo e dinheiro, o seu tempo e o meu dinheiro—digo.
—Sophia, eu tive acesso às ameaças, me parecem bem reais, segurança nunca é demais, me deixe fazer meu trabalho—ele diz.
—Como quiser, saímos em meia hora, alguém aqui precisa trabalhar de verdade—digo caminhando rumo à sala de jantar.
Disfarço e pego meu celular discando o número de Stephan.
—Bom dia rainha—ele diz.
—Stephan pode me explicar que merda é essa? Quem é esse homem na minha casa? —inquiro.
—Ah sabia, que iria esquecer provavelmente este é o segurança, o chefe da segurança na verdade, que contratamos—ele diz.
—Isso eu sei Stephan, mas o homem parado na minha sala é exatamente igual ao meu noivo que morreu na guerra, ou ele é um fantasma, ou Adam tinha um irmão gêmeo—digo.
—Não é possível Sophia, não pode ser ele, o que ele te disse? —ele inquire.
—Se apresentou como o tal Robbins, escute Stephan, eu vou descobrir que merda é essa e quando eu descobrir o responsável será penalizado, seja quem for, você entendeu?—digo.
—Você não acha que eu armei isso, acha?—ele questiona.
—Verdadeiramente não sei Stephan, não posso e não confio em ninguém que não seja eu mesma—digo encerrando a ligação.
Não era possível, Adam estava morto, eu recebi a maldita bandeira e a placa de identificação, então quem era esse homem à minha frente?
Pego a caixa guardada no fundo de uma prateleira em meu closet, retiro a bandeira, e várias fotos nossas, uma lágrima escorre pelo meu rosto, se era ele porque fingiu não me conhecer, e se não é ele, quem é esse homem.
Fico por mais alguns momentos olhando nossas fotos, nossos sorrisos, vejo meu anel de noivado ali também, e o colar que ele me deu antes de partir, tudo era tão vivo em minha memória, fecho então a caixa e guardo tudo novamente.
Desço novamente as escadas e me aproximo dele que está parado a porta conversando com outro segurança.
—Se vai me seguir por todos os lugares, se apresse tenho uma reunião—digo.
—Sophia, você precisa ir no carro da segurança—ele diz e eu olho para ele e depois para o carro parado à frente.
—Jamais, quem quiser que me siga—digo entrando no meu Porsche, um dos meus preferidos.
Sigo pelas ruas da cidade, dirigindo assim como Adam me ensinou, vejo no retrovisor o carro preto me acompanhar, ele só não era parecido com Adam, mas também dirigia como ele, é muita coincidência, e eu definitivamente não estava acreditando nestas coincidências.
Chego a Marshell e entrego as chaves a um dos manobristas, sei que ele está logo atrás de mim, mas finjo não o ver, preciso de mais informações, então deixo que ele seja barrado na entrada, assim poderei ter as informações necessárias.
Enquanto ele fica barrado na recepção, subo para a minha sala, logo na recepção avisto um homem alto, trajando um impecável terno preto, me aproximo e me apresento.
—Olá, você deve ser o senhor Bianchi—digo lhe estendendo a mão que ele leva aos lábios.
—Muito prazer Sophia Marshell, é um prazer finalmente te conhecer—ele diz.
Essa voz, esse perfume, esse corpo.
Olho em seus olhos e ele sorri.
—Mas se quiser pode me chamar de Azazel—ele diz.
—Você aqui? —questiono me lembrando do moreno da noite passada.
—Sim, eu sou o anjo caído, mas também sou o tecnólogo que tem uma reunião com você—ele sorri de lado.
—Me diga que isso é uma coincidência, porque o dia já está bem estranho—digo.
—Sim uma bela coincidência, não acha? Na verdade não tomei café ainda, acordei um pouco em cima da hora depois da noite incrível de ontem, se quiser podemos ir à lanchonete da esquina, eles fazem panquecas ótimas—ele diz.
—Sim, por que não? —digo e então seguimos rumo ao elevador novamente.
Chegamos à lanchonete e ele diz puxando a cadeira para que eu me sente.
—Sugiro o cappuccino, o que eles servem aqui é realmente maravilhoso.
—Aceito sua sugestão—digo.
Ele faz os pedidos, e então começa a falar.
—Ouça Sophia, sei que tudo isso parece estranho, mas até meia hora atrás eu não tinha noção de que você era você entende? —ele diz.
—Será que devo acreditar? —inquiro desconfiada.
—Assim você me ofende, não sou um mentiroso, um anjo caído talvez, mas não um mentiroso—ele diz rindo e eu o acompanho.
—Como eu disse antes, realmente o dia de hoje está estranho—digo.
—Se quiser sou um bom ouvinte e sei guardar segredos—ele diz.
—Não é nada importante, mas me diga como a Marshell pode te ajudar? —inquiro.
Ele então começa a me falar sobre seus novos projetos e em como podemos trabalhar juntos, definitivamente ele era muito bom no que fazia, e por experiência posso dizer que em todos os quesitos.
Voltamos a Marshell e dei de cara com Jack ou Adam até que me provem o contrário.
Ele caminha em nossa direção.
—Robbins, agora não, ainda não terminei com o Senhor Bianchi—digo.
Pela cara que ele fez sei que não gostou nenhum pouco, mas decidi perturbá-lo.
Após me despedir de Ticciano Bianchi, demorei mais alguns minutos para autorizar a entrada de Robbins na minha sala.
Ele entra olhando tudo à sua volta, se atenta a cada detalhe, ele é observador.
—E então senhor Robbins, teve tempo de analisar minha empresa? inquiro.
—Ouça Sophia, fui contratado para fazer a sua segurança, não brincar de gato e rato com a senhorita, se não me quer aqui, desfazemos o contrato e está por conta própria, mas se optar por usufruir dos meus serviços terá que fazer as coisas do meu jeito, e não fugir com o bonitão italiano e me deixar plantado na sua recepção—ele diz irritado.
—Te incomoda? —inquiro.
—Seja específica, muitas coisas me incomodaram hoje—ele diz.
—Ele ser bonitão—digo com deboche.
—Isso não muda o fato de ter se colocado em risco, e não isso não me incomoda sua vida particular não me diz respeito Senhora Marshell—ele diz parecendo incomodado.
—Você é bom nisso—digo, sem paciência.
—Bom em que? —ele questiona.
—Em jogar, mas tudo bem seguiremos as suas regras, quer ficar colado em mim? Então prepare-se—digo sorrindo.
Passei o restante do dia, entrando e saindo de reuniões chatas, e entre elas consegui as informações que eu precisava.
—Hanna, conseguiu as informações que eu pedi? —inquiro.
—Sim senhora, encaminhei para o seu e-mail como pediu—ela diz.
—Muito bem, obrigada e já sabe né, nenhum comentário sobre isso ou está na rua—digo.
—Fique tranquila senhora—ela diz.
—Eu estou Hanna—digo e desligo.
Abro o arquivo em meu e-mail, e nada se refere a Adam, todo dossiê em minha frente está ligado a Jack Robbins, data de nascimento diferente, local de nascimento diferente, enfim ou Adam havia apagado todo o passado dele e vivia outra vida ou de fato Jack era uma dessas pessoas que dizem que estão espalhadas pelo mundo e se parecem muito com a gente.
Sai da empresa quando a noite já caia com Jack em meu encalço, chegando em casa pergunto.
—Você não vai embora com os outros? —inquiro.
—Sou o chefe tenho que ficar, além do mais estou acostumado, fique tranquila eu ficarei bem—ele diz.
—Não estou preocupada com você, só quero estar ciente de quem está na minha casa durante a noite—digo entrando sobre meus saltos.
Era uma noite quente de verão, e assim como nas outras eu decidi nadar, só que dessa vez resolvi fazer algo diferente.
O vejo se aproximando.
—Olá senhor chefe de segurança, aproveitando que está ai, me passe a toalha sim? —inquiro saindo da piscina...nua.
—Senhora está nua—ele diz virando de costas.
—Sim estou, gosto de nadar nua, na minha piscina, na minha casa, ainda estou me acostumando com a sua presença, além do mais não é muita novidade pra você—digo enquanto pego a toalha das mãos dele e saio andando rumo a casa.
—Como assim? Volte aqui—ele diz.
—Boa noite Robbins, durma bem amanhã temos vários compromissos, inclusive um almoço com o senhor bonitão—digo.
É claro que eu não costumava nadar nua, mas de fato quis provocá-lo, se ele for meu ex-noivo fantasma, vamos ver até onde ele resiste.
Tomo um banho quente e coloco um pijama confortável, uma bela noite de sono me espera.