CAPÍTULO IV
BÔNUS (PRÉVIA DA TRILOGIA IRMÃOS BIANCHI)
NOVA YORK-ESTADOS UNIDOS
TICCIANO BIANCHI
...Não posso recuperá-lo, nenhum lugar para ganhar.
É fogo pra c*****o, ela está queimando tudo.
Porque eu tenho planos, eu estava dominando o mundo
Agora eu quero dar tudo para ela...
Chamo-me Ticciano Bianchi, tenho trinta e sete anos, e sou um grande tecnólogo na Itália, tenho mais dois irmãos, Vincenzo e Maurizio.
Somos realmente brilhantes no que fazemos, apesar de termos escolhido profissões diferentes e mamãe diz que precisamos nos casar que ela quer mais netos, mas isso se tornou quase impossível, eu nunca fui casado, mas tenho uma filha Melissa, ela tem dez anos, fruto de um relacionamento longo, porém doloroso, Rachel a mãe dela fugiu quando Mel era ainda muito pequena e desde então somos só nós dois, meus pais e meus irmãos me ajudam como podem, mas a verdade é que estamos sempre em busca de uma nova babá, alguém que cuide dela de verdade, alguém que a ame, mas no fundo acho que minha filha está buscando uma mãe e isso não posso dar a ela.
Já gastei centenas de dólares tentando achar aquela desnaturada da mãe dela, mas ela realmente não deixou rastros, ela não quer ser encontrada, e me dói ver minha filha sofrendo por alguém que nunca se importou com ela.
A cada viagem que faço deixo metade de mim com a pequena, reconheço que sou um pai ausente, às vezes pareço sem sentimentos, mas depois de Rachel, não confio em sentimentos, àquela mulher dizia me amar, amar nossa filha e simplesmente nos abandonou, sem olhar para trás.
Estou a dois meses em Nova York, na verdade estou na cidade para assinar um contrato com uma grande empresa.
Soube que a CEO desta empresa é uma bela mulher e eu sou um grande apreciador.
Descobri uma casa magnífica na cidade, a Cashier, esta é a quinta vez que venho a esta casa. Na entrada uma máscara lhe é entregue, sua identidade não pode ser revelada aqui, nem seu nome verdadeiro usado, aqui sou Azazel, o anjo devasso caído.
Adoro o clima do lugar, a luz fraca, homens e mulheres charmosos, aqui cheira a sexo, e dinheiro muito dinheiro.
Aproximo-me do bar e peço um drink, o barman já me conhece.
—O de sempre—digo.
—Veja, ela chegou, a Imola—ele diz me entregando o copo com o Bourbon.
Observo a linda mulher caminhando, ela é realmente linda, estonteante.
Enchendo-me de coragem aproximo-me.
—Olá, sou Azazel—digo levando sua delicada mão aos lábios.
—Azazel, como o anjo caído?—ela questiona.
—Exatamente, o anjo caído que adorava f********o com lindas mulheres mortais, assim como você—digo sorrindo de lado.
—Sou Imola—ela diz.
—Curvas perigosas, são para bons pilotos—digo.
—Você é um bom piloto?—ela diz, passando a língua sobre seus lábios, subindo uma de suas mãos pelo meu braço.
—Você irá descobrir agora—digo puxando-a pela mão para um dos quartos Vips.
A mulher à minha frente era realmente fabulosa, linda, extremamente gostosa, eu ficaria dias contemplando seu corpo.
Após algumas horas nessa dança sensual, ela se foi, me deixando vidrado em seus olhos e seus lábios.
Volto para o hotel onde estou o Arlo, que me proporcionava uma das mais belas vistas de Nova York.
Acendo um cigarro na varanda, e tomo a última dose do uísque que pedi.
Tomo um banho e decidi dormir amanhã tenho uma reunião importante.
A noite passou rapidamente, e logo eu estava na recepção da Marshell, e então o que eu não poderia nem imaginar aconteceu, a mulher a minha frente, a CEO da empresa era ninguém menos que a doce Imola, a mulher que estava em minha cama ontem, eu não esqueceria seus lábios e nem seus olhos tão facilmente.
—Olá, você deve ser o senhor Bianchi—ela diz estendendo a mão que levo aos lábios.
—Muito prazer Sophia Marshell, é um prazer finalmente te conhecer—digo.
Ela parece me reconhecer também.
Ela olha em meus olhos e sorrio.
—Mas se quiser pode me chamar de Azazel—digo.
—Você aqui? —ela questiona, me olhando profundamente nos olhos.
—Sim, eu sou o anjo caído, mas também sou o tecnólogo—digo sorrindo para ela.
—Me diga que isso é uma coincidência, porque o dia já está bem estranho—ela diz.
—Sim uma bela coincidência, não acha? Na verdade não tomei café ainda, acordei um pouco em cima da hora depois da noite incrível de ontem, e se quiser podemos ir à lanchonete da esquina, eles fazem panquecas ótimas, descobri isso nos dois meses que estou na cidade—digo.
—Sim, por que não? —ela diz e seguimos para o elevador.
Chegamos à lanchonete e digo puxando a cadeira para que ela se sente.
—Sugiro o cappuccino, o que eles servem aqui é realmente maravilhoso.
—Aceito sua sugestão—ela diz.
Faço os pedidos, e então começo a falar.
—Ouça Sophia, sei que tudo isso parece estranho, mas até meia hora atrás eu não tinha noção que você era você entende? —digo.
—Será que devo acreditar? —ela inquire.
—Assim você me ofende, não sou um mentiroso, um anjo caído talvez, mas não um mentiroso—digo rindo e ela me acompanha.
—Como eu disse antes, realmente o dia de hoje está estranho—ela diz.
—Se quiser sou um bom ouvinte e sei guardar segredos—digo.
—Não é nada importante, mas me diga como a Marshell pode te ajudar? —ela inquire.
Explico a ela, todos os planos que tenho para a minha empresa e como a Marshell pode me ajudar, estou à frente da empresa, e só posso contar comigo mesmo, meu pai foi quem começou a Bianchi Tecnologiche, há exatos vinte e cinco anos, eu era um garoto ainda, e meus irmãos menores ainda, eu fui o único que realmente quis seguir o legado do meu pai, sou fascinado por qualquer tipo de tecnologia, desde as mais comuns, até as mais complexas. Meus irmãos optaram por seguir outras carreiras, Vincenzo é professor universitário, fascinado por literatura, Maurizio é um brilhante advogado, dono de um escritório enorme em Roma, ele exala poder por onde passa.
Nossa família é conhecida em Roma, e os irmãos Bianchi famosos entre as moças, meus irmãos dificilmente passam muito tempo fora do país, já eu adoro conhecer lugares e pessoas novas.
Após uns minutos de conversa, volto com a linda mulher para a Marshell, falamos por mais alguns momentos e me despeço.
—Sophia realmente foi um prazer te conhecer de novo—digo rindo.
—Não preciso nem pedir para que seja discreto, não é Ticciano?—ela diz.
—Ai—digo levando a mão ao peito—Assim você me magoa, fique tranquila bela discrição é meu sobrenome, mas podemos almoçar amanhã? Meu irmão está chegando à cidade, e ele quem cuida dos trâmites jurídicos—digo.
—Claro, podemos almoçar sim—ela diz sorrindo.
Saio de sua sala e encontro o tal segurança, ele me olha e fecha o semblante.
—Buona giornata—digo em tom de deboche.
—Grazie—ele diz sustentando meu olhar.
Caminho até o elevador, e sigo rumo ao hotel novamente.
Passo pelas avenidas, observando as pessoas, eu gostava de caminhar e além do mais meu hotel era bem próximo a Marshell.
Observo o movimento dos carros, e um táxi parar bem a minha frente, dele desce um casal bem vestido, a mulher exibe várias joias e o homem mais velho veste um elegante terno, observo a mulher mais atentamente, as madeixas ruivas caem como cascatas em seus ombros, a pele branca quase transparente, e então ela me olha, os mesmos olhos da minha filha, a mesma cor avermelhada nos cabelos.
—Rachel—digo.
—Não me chamo Rachel—ela diz.
—Claro que é você, não tente me enganar—digo.
—Quem é Rachel?—o homem inquire olhando para ela.
—Não sei do que esse homem está falando, meu amor, nunca o vi—ela diz.
—Nos deixe em paz ou chamarei os guardas—ele diz olhando para mim, e sai levando-a pelo braço, essa ainda olhou para mim, eu apenas a observei.
Foi para isso que ela fugiu, para se casar com um velho rico, foi para isso que ela deixou a filha, antes mesmo que ela completasse um ano de vida.
Caminho de volta para o hotel, eu precisava urgentemente de um drink para tentar apagar isso, eu precisava engolir o fato da mãe da minha filha ser uma v***a louca por dinheiro.
Chego a linda suíte e tomei banho, coloco apenas um moletom e me deito, talvez se eu conseguir pegar no sono eu consiga apagar o encontro a pouco, meu notebook está ligado, e uma chamada de vídeo aparece na tela é minha mãe resolvo atender.
Mas ela aparece na tela com a minha pequena.
—Olá garotas da minha vida—digo.
—Olá filho, olá papai—elas dizem juntas.
—Papai estou com muitas saudades quando vai voltar?—Melissa diz.
—Logo, logo filha, papai realmente precisa trabalhar—digo olhando seus lindos olhos.
—Amo você papai—ela diz enquanto sai correndo, certamente para brincar.
—Mamãe, por que Melissa está com você?—inquiro.
—Ah filho, mais uma babá desistiu, Mel fez a vida da pobre moça um inferno, a coitada até suportou muito, ela colocou chiclete no cabelo da moça, e isso foi a menor de suas artimanhas—minha mãe diz.
—É a quinta babá que pede demissão em seis meses mamãe, não sei mais o que fazer, conosco ela é um anjo de menina, mas com as babás, ela é uma peste—digo.
—Filho, não se preocupe com isso agora, termine seu trabalho e quando retornar a Roma buscamos outra babá, se cuide, eu te amo—minha mãe diz.
—Eu também te amo, mamãe, e mais uma vez muito obrigado por cuidar dela—digo desligando a chamada.
Olho o papel de parede em meu notebook, uma foto minha e da Melissa, queria poder protegê-la, de tudo que ela ainda vai enfrentar e principalmente da mulher que a colocou no mundo.
Uma batida na porta me desperta, estranho não pedi serviço de quarto, abro.
—Rachel—digo olhando a mulher à porta, que entra mesmo sem ser convidada.
—Mary, meu nome agora é Mary, Rachel está morta—ela diz.
—Como me achou aqui?—inquiro.
—Não há muitos Ticciano Bianchi pelo mundo, e além do mais a gerente é minha amiga, uma ligação e descobri onde estava—ela diz.
—Perfeito, vou processar o hotel por isso—digo irritado.
Ela olha por sobre meu ombro e vê a foto no notebook.
—É a Mel? É a nossa filha?—ela inquire.
—É a minha filha—digo irritado fechando o notebook.
—Ela é minha filha também Ticciano—ela diz.
—Você realmente acha que tem algum direito sobre a Melissa, sim ela é sua filha, a mesma filha que você abandonou pequena, a mesma filha que você não viu aprender a andar, falar, a filha que você nunca trançou os cabelos iguais os seus, a filha que não aceita nenhuma babá por que têm esperanças da mãe voltar, essa é a sua filha, uma menina traumatizada pela mãe e ela só tem cinco anos—digo.
—Ticciano, eu tinha medo—ela diz.
—Medo? Você é uma v***a louca, interesseira, que vai pra cama com um velho nojento por dinheiro, eu tenho vergonha de dizer que você é a mãe da minha filha, agora recolha toda essa sua podridão, a sua insignificância e saia daqui antes que eu chame os seguranças—digo abrindo a porta.
—isso não acabou Ticciano—ela diz enquanto passa pela porta, que eu fecho em suas costas.
Maldita, mil vezes maldita, eu a faria pagar por todo sofrimento que ela causou a minha filha, por todas as vezes que minha filha não quis fazer uma apresentação na escola no dia das mães, por todas as vezes que outras crianças maldosas riram dela, dizendo que ela não tinha mãe, essa mulher pagaria por cada lágrima de Melissa.