4º Capítulo - Lembranças

1641 Words
  Brian Acordei com fincadas na cabeça e me vi em uma cama de hospital. Quase enlouqueci pensando que tinha perdido a memória de novo, mas eu me lembrava de ter perdido a memória, então estava tudo bem. Olhei em volta e encontrei Carter e Matheus sentados em duas cadeiras, assim que os dois me viram se levantaram igual loucos. — E aí cara, como você está? — Carter deu uma olhada nos aparelhos e em seguida em mim. — Confuso, mas estou bem. — E como isso foi acontecer? Por que você estava com a Mia? — Matheus pressionou os dentes em seu lábio inferior demonstrando nervosismo, dei um sorriso, feliz por sua preocupação. — Digamos que ela bebeu bastante. E que eu pedi que me contasse meu passado. — Seu louco! Não se pode forçar as lembranças. — Carter balançou negativamente a cabeça. O médico entrou, olhou a movimentação e tossiu. — Bom dia senhor Jackson. Como se sente? — Estou bem. Ele começou a falar e minha cabeça latejou, coloquei a mão nela e fechei os olhos. E então, imagens foram surgindo aos poucos. Primeiro uma grande árvore natalina, com muitos presentes em baixo, ela foi se aproximando, como se eu corresse até ela. E então, a imagem mudou, eu gritava, e um homem e uma mulher gritavam em seguida, então dei um soco no homem e a imagem desapareceu! — Brian, você está bem? Brian? — Matheus gritava. — Se acalme, essa gritaria só vai piorar a dor. — O médico olhou para ele e em seguida para mim. — Tudo bem sr. Jackson? — Sim, foi só uma dor de cabeça, e algumas imagens. — Entendo... vamos fazer uns exames, te receitar alguns remédios para dor de cabeça e você poderá ir.     Quando entrei novamente em casa, se é que posso chamar ali de casa, Ashley correu até mim. Por um momento me senti decepcionado por não ser quem estava comigo durante o café, na verdade não vi Mia pelo resto do dia. E todos me trataram como se eu estivesse acabado de quase morrer, mas era até bom ter atenção. Sentei-me na sacada do quarto com Ashley e fiquei admirando a paisagem, sem pensar em absolutamente nada. — Eu gosto do Brasil! — Ela sorriu e colocou sua mão sobre a minha. — Eu também. — Encostei minha cabeça em seu ombro. — Eu estava pensando... porque não nos casamos aqui? — Fiquei pensando, na verdade tempo demais. — Brian? — Eu a tinha pedido em casamento, mas estava tão confuso, que não queria mais decidir tudo tão rápido. — Eu acho ótimo meu amor. — Sorri e dei-lhe um beijo.  — Podemos visitar algumas igrejas, eu cuido da decoração e vou ligar pros meus pais, você precisa conhecê-los. — Ela estava tremendamente animada, eu amava Ashley sim, ela foi a mulher que esteve comigo nesses últimos meses e tenho que deixar essa insegurança de lado.  — Espero sair vivo deste encontro. — Ela sorriu. — Eles vão amar você tanto quanto eu amo. — Seus lábios vieram de encontro aos meus, e logo em seguida ela se levantou e entrou no quarto. Senti minha cabeça doer e fechei os olhos, apoiei os cotovelos nos joelhos e segurei a cabeça. Assim como mais cedo imagens surgiram, dessa vez eu segurava o volante e dirigia ao lado de um carro forte enquanto tiros eram disparados da janela de trás em direção ao mesmo. Em seguida vi aquele homem e aquela mulher novamente e uma frase ficou se repetindo em minha cabeça. Não somos seus pais! E então eu apaguei.   Mia — Chega, já esperamos demais! — Bati a mão com força na mesa, onde todos tomavam café. — Mia, é de vidro! — Matheus me repreendeu.  — Concordo com ela, faz muito tempo que não atacamos. — Ana se pronunciou. — Precisamos fazer alguma coisa. — Diega disse, e em seguida mordeu seu croissant.  — Do que vocês estão falando? — Ashley soltou um bocejo e em seguida olhou pro noivo.Mordi meu lábio com força, tentando ficar quieta. — Ashley, não somos exatamente quem dizemos ser... — Sara começou. — O que? E quais são seus nomes? — Não foi isso que eu quis dizer.  — Amor, somos meio que procurados pela polícia! — murmurou Brian e ela arregalou os olhos. — Somos assassinos Ashley, ladrões, sou dona de um morro... somos bandidos! — Brian? — Ela franziu o cenho e segurou-se para não chorar. — Como você pode me enganar? — Ela se levantou da mesa. — Ah por favor... — revirei os olhos — não começa com a cena de pobre coitada. — Fui repreendida por vários olhares, só consegui sorrir. — Até pouco tempo eu também não sabia Ashley. — Ele também se levantou. A garota começou a chorar e subiu correndo, e o trouxa é claro que foi atrás. — Mia! — Matheus gritou. — Como pode fazer isso? — Eu só disse a verdade. — Ergui as mãos me defendendo. Os outros apenas observavam minha linda pessoa degustando um croissant.     Brian Quando acordei estava de volta à cama, ao lado de minha noiva. Minha cabeça havia parado de doer, descemos para tomar café juntos e infelizmente eles entraram no assunto: morro. Ashley não entendeu nada e acabou descobrindo meu passado. Subi atrás dela e a encontrei sentada chorando. — Por que não me contou? Como pode me enganar assim? Eu amo você Brian!  — Não é minha culpa Ashley. — Fiquei olhando para baixo e brincando com os polegares. — Descobri isso a pouco tempo.  — E o que pretende fazer? — Não sei. Aquelas pessoas se importam comigo, me conhecem, estiveram comigo por tanto tempo. — Você vai me deixar? — Seus olhos molhados e o nariz avermelhado lhe deixavam mais linda ainda. — Nunca! Escuta Ashley, eu amo você. — Você vai sair dessa vida não vai? Ser uma pessoa honesta daqui pra frente... — Olha aqui Ashley, eu amo você. Mas não me envergonho do meu passado. Foi ele quem me fez assim hoje, agora. — Mas roubar, m***r e traficar é errado! — Eu sei. — Vamos embora para Las Vegas. Podemos nos casar lá mesmo e ficaremos juntos pra sempre. — Não posso. — Mordi meu lábio. — Preciso ajudá-los, assim como eles me ajudaram até hoje. — Eu entendo. — Você vai me deixar? — Não sei. — Ela fez uma longa pausa, que apertou meu coração. — Preciso ficar sozinha um pouco. — Tem certeza? — Tenho! — Ok. — Sai do quarto e puxei a porta.     Fui para a parte de trás da casa, onde a piscina se encontrava, e trombei com Carter, Mia e Sara. Todos sentados na beira da piscina. Assim que Sara me viu sorriu e fez um sinal para que eu me aproximasse.  — E aí, está tudo bem? — Carter perguntou. — Acho que ela vai embora. — Soltei um suspiro. — O que? Como assim? — Não sei. Ela quis ficar sozinha, e pensar.  — Relaxa, o que for melhor pra vocês há de acontecer. — Alguém aí quer uma cerveja? — O Matheus gritou, pegando algumas garrafas de skol beats no freezer. Em seguida o Guilherme apareceu e pegou uma pra ele e pra Ana, que estava de mãos dadas com o mesmo. Senti minha cabeça doer, soltei um gemido e fechei os olhos, e então parei de ouvir tudo à minha volta e cenas se passavam por minha cabeça. Tinham duas garotas, ali mesmo, deitadas nas espreguiçadeiras, o Matheus pegava cerveja, e Guilherme e eu estávamos na piscina. Quando Mia entrou, meu olhar se fixou nela, contornei todo seu corpo com os olhos e mordi meu lábio. Aos poucos a cena mudou, vi ela me jogando no chão e apontando uma arma pra mim, e por incrível que pareça eu não conseguia parar de sorrir. Aos poucos a imagem foi desaparecendo e eu voltei a ouvir gritos em volta de mim. — Brian? Você tá bem? Abri os olhos e respirei fundo. Procurei a Mia e a encontrei sentada no mesmo lugar de antes. Nossos olhares se cruzaram e senti um incômodo. — Estou bem. E aceito cerveja!   — A pergunta que não quer calar galera. Quando vamos atacar? — Ana tinha a cabeça encostada nos ombros de Guilherme, dava para ver o quanto eles se gostavam, e eu fiquei feliz com isso. Acontecia o mesmo com Sara e Carter. E apesar da Diega e do Matheus serem menos grudados, também era perceptível o que ambos sentiam um pelo outro. Pensar nisso me deixou confuso, me imaginei com Ashley, mas não ao lado de minha família e sim só eu e ela, longe dali. E então pensei na Mia, nos meus amigos e em como combinamos. Esses pensamentos foram afastados da minha mente com alguém se pronunciando. — O que acham de invadirmos durante o próximo baile? — Matheus sorriu. — Ficou maluco? Muitas pessoas inocentes vão se machucar. — Mia o olhou f**o. — Mas será nossa melhor chance, quando eles estiverem bêbados, com a defesa fragilizada. — Não podemos machucar tantas pessoas. Elas são da família. — Mia ele está certo. — Carter disse, e ela soltou um suspiro. — Tá legal... — Eu vou junto! — Você não deve nem se lembrar como se segura uma arma. — Ela debochou. — Nada que você não possa resolver. — Sorri desafiando-a. Todos me olharam, e em seguida se entreolharam. Não, eu não estava flertando com ela. Quer dizer, eu acho que não. As palavras saíram naturalmente da minha boca, como se eu já soubesse o que dizer. — Tudo bem, vamos começar então. — Ela se levantou e bateu as mãos na parte de trás do short, o limpando. Me levantei e a segui.
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