Capítulo 3

1654 Words
— Descobriu alguma coisa, João Paulo? – Alfredo pergunta ao companheiro que estava verificando o celular de Verônica à procura de alguma pista. — Sim. Nos registros de chamadas mostra que horas antes da sua morte a vítima fez uma ligação para Jairo, fora as chamadas perdidas de Andrey. — Quantos minutos antes da morte? — Trinta. — Procura o endereço dele. Esse homem foi o último a ter contato com a vítima. — Sim, senhor. – João Paulo joga o número no sistema. – Talvez seja um amante? – Especulou vendo vários números passarem no monitor. — Talvez. Temos muito a procurar antes que o delegado nos force a encerrar o caso. — Já viu a perícia das roupas? — Está quase pronto. Espero encontrar algo útil. — Sim. Se não ficaremos sem nada... Achei. – Ele anota o endereço num bloco de notas e balança o papel no ar. – Vamos. Alfredo sai na frente sentindo que o caso estava andando e aflito ao mesmo tempo por saber que seu tempo estava acabando. Ele assume o volante e o João Paulo fica no passageiro analisando os documentos. A ida até a casa do suspeito não foi longa, logo avistou a casa. Estacionou a viatura e seguiu até a porta, João Paulo bateu e um homem de meia idade abriu a porta se espantando logo em seguida por encontrar os oficiais em sua residência. — Pois não, posso ajudar? – Perguntou em frente à porta. — Você é Jairo Rodriguez? – Alfredo pergunta olhando para o senhor. — Sim, senhor. —Eu sou o oficial Alfredo Borges e tenho algumas perguntas para te fazer sobre o caso de Verônica Mattos. – Ao mencionar o nome da mulher Jairo engole em seco, e o policial nota o nervosismo do rapaz mesmo ele tentando disfarçar. — Eu não sei de quem o senhor está falando. – Jairo disse um pouco nervoso e tenta fechar a porta, mas o oficial coloca o pé impedindo a porta de se fechar. — Se você quiser negar vai ficar pior para você. Acho melhor o senhor colaborar. – Ambos se encaram e Jairo percebe que não tinha outra opção senão colaborar. — Tudo bem, entrem. – Jairo dá passagem para os policiais. – Sentem-se no sofá. Os oficiais se sentaram no sofá e Alfredo passou os olhos pela casa, era simples e bem ajeitada, e aparentemente Jairo era o único morador ali. Jairo se afundou na poltrona respirando fundo e deixou seus olhos caírem tristes. — Sabemos que Verônica te ligou um pouco antes da sua morte. Pode nos dizer o que ela queria? — Ela estava chorando falando que não sabia o que fazer e que não aguentava mais. Disse que teve uma briga f**a com o namorado num evento que participou na noite passada. – João Paulo anotou tudo que Jairo disse em seu bloco de anotações e fitou o homem. — O que mais vocês conversaram? — Depois da briga ela pegou um táxi e voltou sozinha. Disse que estava com a sensação de que alguém estava a seguindo e temia o pior. – Ele respirou fundo e continuou. – Ela me confidenciou algo. – Ele se ajeitou na poltrona e encarou os oficiais. – Ela me disse que havia descoberto umas coisas muito importantes de pessoas muito poderosas. Disse que estava correndo risco de vida. — Que tipo de coisas? – Alfredo analisa o rosto do homem e percebe a preocupação. — Não sei. Não deu tempo de ela me contar. Parecia que ela estava se escondendo, pois sussurrava no celular. — Você por acaso ouviu a voz do assassino ou de alguma outra pessoa no telefone? – João Paulo perguntou. — Não. – Balançou a cabeça. – Ela só disse que tinha guardado as provas e evidências tudo num pen drive, só que não me disse onde estava. — Mais alguma coisa? – João Paulo pergunta olhando as fotografias que estavam em cima da mesa de centro, nelas havia o Jairo com um casal de idosos e nas outras ele com uma mulher que parecia ser sua esposa com o filho. — Não. Isso é tudo. – Ele responde coçando a nuca e dando uma rápida espiada no computador que estava ligado. Alfredo segue seu olhar e percebe o aparelho, Jairo se levanta e segue até o computador desligando. – São algumas pesquisas que estava fazendo. – Ele dá um sorriso amarelo enquanto tenta se explicar para os policiais. — Tudo bem. – Alfredo fala desconfiado tomando nota de pedir um mandado. — Posso ajudar em mais alguma coisa? – Jairo pergunta já andando até a porta. — Não. Obrigado pela colaboração. – Ambos se dirigem até a porta e Alfredo dá uma rápida espiada para dentro da casa antes de acenar com a cabeça e se retirar. Dentro da viatura, Alfredo sabia que tinha tido progresso, mas não tanto quanto imaginava. Saber que Verônica discutiu com o namorado naquela noite lhes dava a volta de um suspeito já conhecido. E em falar nisso, lembrou de algo. — Lembra de quem encontrou o corpo? — O namorado dela. – João Paulo estacionou a viatura em frente à delegacia. — Exato, mas ele não nos disse que havia discutido com a Verônica naquela noite. – Observou o parceiro. – Ele nos disse que ele havia a levado para casa e foi buscar pela manhã como sempre fazia. — Ele mentiu. — Sim. Estou achando que Jairo também não nos disse tudo. Ele estava estranho. — Vou pedir um mandado de busca para o computador dele. — Irá demorar no mínimo três dias e eu não tenho todo esse tempo, não com o delegado querendo encerrar esse caso logo. — Só tem dois dias que estamos com esse caso, por que ele quer encerrar tão rápido assim? Não podemos dizer que foi uma coisa sendo que foi outra. – João Paulo desce da viatura com Alfredo logo atrás. — Eu não sei. – Alfredo fala pensativo. — Por onde você quer continuar agora então? — Vamos dar uma intimação ao Andrey e ver o que mais ele escondeu de nós. Se ele escondeu a briga com a namorada então tem mais coisas a ser descoberta. — Certo. Vamos fazer isso. Eles entram na delegacia notando muitos policiais agitados andando para todos os lados. Alfredo vai até a Jasmim, uma oficial bem treinada. — O que está acontecendo? – Ele pergunta olhando para a sala do delegado o avistando pela janela conversando no telefone irritado. — Acharam outro corpo no bairro das Palmeiras. Estamos indo para lá porque pelas informações que tivemos se trata de um homicídio. – Ela informa. — É perto daqui. Eu vou com vocês. – Alfredo fala e Jasmim assente com a cabeça e anda na frente, ao lado de Alfredo, e com João Paulo logo atrás. Eles chegam do lado de fora e todos entram na viatura e João Paulo dá partida para o lugar informado. Alfredo não sabia por que, mas estava com o pressentimento de que ia ter dor de cabeça ainda mais, ao virar à esquina a viatura para em frente a uma enorme mansão da cor amarela que ficava ao lado de um lindo riacho. Era um ótimo lugar. Duas viaturas já tinham chegado ao local e alguns oficiais cuidavam para ninguém se aproximar. Eles descem da viatura e seguem até os outros agentes. — Quem é a vítima? – Alfredo pergunta depois de se identificar para os outros policiais. — Uma jovem de aproximadamente dezessete anos. Estava sozinha na casa quando a vizinha que trabalha de doméstica na residência a encontrou morta em sua cama. – O policial de nome Henrique lhe passava as informações enquanto se dirigia para dentro da mansão com Alfredo ao seu lado que ia olhando cada detalhe do lugar. — Você já conversou com a vizinha? Viu se tem traços de arrombamento nas portas ou janelas? – Eles sobem as escadas para o andar de cima onde ficam os quartos. — Sim. Ela falou que chegou por volta das seis da manhã, como sempre fazia em dias de semana para cuidar da casa, e quando entrou chamou pela vítima, mas ela não respondeu então subiu para o quarto e a encontrou sem vida em cima da cama. A primeira coisa que fez foi ligar para polícia com o telefone da residência. Disse que a porta estava trancada como sempre e não notou nenhum arrombamento, mas a perícia já está verificando tudo. — João Paulo, vá falar com essa senhora para ver se ela não viu algo suspeito ou alguém rondando a casa, ou se a vítima vinha agindo de modo estranho. — Sim, senhor. João Paulo faz o que foi ordenado e Alfredo entra no quarto onde Elena já examinava o corpo. Ele se aproxima dela e encara a cena. A menina tinha metade do corpo em cima do colchão enquanto as pernas caiam para fora. Vestia pijamas – uma regata e um short minúsculo – e o cabelo caía em seu rosto cobrindo seus traços faciais. — O que descobriu até agora? — Tudo indica que a causa da morte foi overdose. Ela também tem algumas marcas no corpo assim como a Verônica, olha... – Ela aponta para o corpo da vítima. – Mas só posso dar o laudo completo depois da autópsia. — Você acha que a morte dessa menina pode ter alguma relação com a da Verônica? – Ele a encarou pensativo. — Não tenho certeza, mas as características das marcas do corpo e o furo de injeção na parte de trás do ombro esquerdo dela mostra que há semelhanças sim. — Certo. Vou levar o corpo para o IML e depois da autópsia, eu me encontro com você. — Tá bom. – Alfredo sai da cena do crime e Elena acompanha o corpo da vítima até o IML.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD