Capítulo 4

1339 Words
Ela tinha uma sensação estranha percorrendo seu corpo. Algo dentro dela dizia que era o mesmo assassino. Não se sabia se foi à semelhança da morte ou a necessidade de desvendar logo esse crime a fez ficar ansiosa para desvendar esse mistério o quanto antes. — Qual o nome da vítima? – Maria pergunta assim que o corpo é colocado sobre a cama de autópsia, e ela logo começa a tirar a roupa do cadáver. — Fernanda Souza. Tem dezessete anos. — Muito jovem para ter morrido. – Maria fala coletando o sangue da vítima e entrega para Tom levar para o laboratório. — Concordo. Elena fica em silêncio enquanto faz o corte no formato de Y. Ela foi paciente, abrindo o corpo e examinando tudo com calma, passando exatamente uma hora para sair o resultado. — Meninas, já estou com o resultado do exame da Fernanda. – Tom fala entrando na sala, já entregando o papel para Elena. — O que deu? — O exame deu positivo para metanfetamina e a causa da morte mostra que foi por asfixia provocada pelo vômito. – Elena fala se afastando para que Maria pudesse realizar o processo de costura. — Será se a família dela sabe? – Maria indaga. — Sim foram informados do acontecido já. Eu vou fazer o relatório e passar para o oficial Alfredo. Elena sai da sala e vai para sua sala, onde anota tudo que ela coletou sobre os exames de Fernanda e não deixou de fora a semelhança entre as mortes. Ela compara os dois relatórios em cima da mesa e fica se perguntando o que está acontecendo com essas jovens para terem o mesmo fim. Batidas na porta a tiraram do devaneio. — Pode entrar. — Oi. Alguma informação? – Alfredo pergunta entrando na sala e se sentando na cadeira à frente da mesa de Elena. — Sim. Não sei como, mas a morte de Fernanda e de Verônica estão interligadas. Olhe os relatórios. – Ela entrega as pastas para ele examinar. — Realmente o que mudou foi que essa vítima foi asfixiada com o próprio vômito e a outra enforcada. Mas, as duas tiveram a mesma d***a injetada no corpo. Eu estou muito ferrado. – Ele deixa os papéis em cima da mesa e passa as mãos pela cabeça nervoso. — Por que diz isso? – Elena pergunta curiosa. — O delegado quer fechar o caso da Verônica, mas com esse da Fernanda chegando mostra que estamos lidando com um assassino incomum, o que vai dificultar e estender as investigações, e possivelmente pode ocorrer mais mortes se pensarmos na possibilidade do sujeito ser um assassino em série. — Ele não pode fechar o caso assim sem encontrar o assassino. – Ela protesta. — Eu sei, mas ele não quer demorar porque se o caso repercutir vai ter mídia, entrevista, etc. E não chegamos a lugar nenhum. — E o Andrey? O namorado da Verônica. — Já marcamos outro depoimento com ele. Ele chegará em breve, mas descobrimos que o mesmo não é o verdadeiro namorado dela. — Como assim ele não é o namorado da Verônica? Ele mesmo disse. – Elena fala surpresa pela descoberta. — É uma longa história. – Alfredo suspira e se levantando da cadeira para pegar os relatórios. — Promete me contar? — Com certeza, mas não agora. Não conta para ninguém que eu te falei, pode atrapalhar a investigação. — Pode deixar. Não vou contar. – Ela sorrir para ele, que se despede. Elena fica olhando-o sair da sua sala. Ela tenta interligar ambas as mortes sem parar de pensar nesse relacionamento de mentira da amiga, e isso só comprova que ela não conhecia a Verônica tanto quanto imaginava. — Tchau, Maria. Tchau, Tom. – Elena pega sua bolsa e segue até a saída. — Tchau, Elena. Até amanhã. – Maria fala sorridente. — Que pena que eu não vou poder te acompanhar até sua casa hoje! – Tom fala com um bico nos lábios se referindo sobre os dias que ele sempre acompanhava Elena até sua casa, já que são vizinhos e bons amigos e o mesmo sempre ficava com ela quando a mesma estava pensativa e triste. Elena sorrir para o amigo. — Não se preocupe Tom. Eu vou ficar bem. A Vitória está em casa, se esqueceu? Eu não estou sozinha. — Verdade. Tinha esquecido. Mas vamos sair esse final de semana? – De repente ele leva um t**a na cabeça. – Aí, Maria. Por que me bateu? – Ele massageia o lugar dolorido. — Tu és retardado? Elena está de luto pela amiga, seu i****a! — Desculpa, desculpa Elena eu juro que essa não foi minha intenção, como eu sou tão distraído. – Ele fala batendo a mão na testa como punição pelo seu esquecimento. — Tudo bem Tom, eu vou indo até amanhã para vocês. – Elena acena para os amigos que ia ficar de plantão e sai do hospital e segue até o carro pelo corredor que levava até o estacionamento e pega a chave do carro. Chegando lá ela vê um envelope preso no para-brisa. No mesmo momento ela olha para os lados para ver se via alguém que podia ter deixado o envelope, mas não viu ninguém. Receosa, Elena alcança o envelope e entra no carro colocando sua bolsa no banco do passageiro junto ao envelope. Ela coloca a chave no contato, mas se deteve antes de dar a partida. Seus olhos foram novamente para o envelope, depois vão para o retrovisor e ao redor. Não havia ninguém além dela. O envelope era fino e ao abrir só havia uma folha onde uma caneta vermelha a preenchia. Doutora, Se você for inteligente, sugiro que se afaste desse caso. Você não sabe com quem está lidando. Não me faça tomar medidas extremas, pois sei onde você mora. Ela termina de ler e automaticamente olha pelo retrovisor, e para os lados novamente sentindo o corpo estremecer de medo. Ela amassa o papel e o joga sobre o banco de trás, liga o carro dando partida para sua casa. O caminho todo foi tenso, com a sensação de que tinha alguém a seguindo. Assim que ela chega em frente à sua casa, estaciona o carro, pega a bolsa e corre para dentro. Vitória estava deitada no sofá, dormindo. Ela então sobe para o quarto com cuidado para não acordar a amiga, tira a roupa e vai para o banheiro para tomar um longo banho. O bilhete amassado em seu carro a fez ficar em alerta. Tinha que contar a alguém sobre a ameaça, fazer exames para descobrir se há digitais e tentar qualquer outra coisa que a fizesse ficar mais calma. Quando se trocou, desceu novamente para a cozinha com a toalha ainda agasalhando o cabelo e encontra Vitória já acordada no sofá. — Oi. — Oi. Já tem muito tempo que você chegou? Acabei pegando no sono. – Boceja. — Não. Tem só alguns minutos. – Elena se senta no outro sofá ao lado da amiga e começa secar seu cabelo com a toalha. – Você conseguiu resolver o enterro da Verônica? — Sim. Vai ser hoje. Você conseguiu descobrir alguma coisa do caso? – Ela pergunta curiosa e Elena suspira antes de começar a falar. — Mais ou menos. Hoje teve mais uma vítima e perante as lesões e causa da morte, receio que ambas estejam interligadas. — Será possível? — Eu diria que tem 50% de chance de ser possível, mas a polícia está investigando, e também estou aguardando notícias. — Espero que consigam achar logo o assassino. — Eu também. – Responde Elena e se levanta e segue até a cozinha para fazer uma xícara de chá. Muita coisa estava acontecendo. Sua melhor amiga morre, outra vítima aparentemente com a morte parecida com a de Verônica aparece, um bilhete ameaçador aparece em seu carro e a sensação de insegurança a impede de ver as coisas com clareza. A chaleira apita e ela se serve com uma xícara de chá.
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