Elisa
Os dias passaram-se voando, e o meu desespero aumentava mais a cada dia. Daqui quatro dias é o meu noivado, e na próxima semana, o meu aniversário, e logo em seguida vem o meu casamento, ou talvez a minha morte* lenta e dolorosa, ainda não sei ao certo, mais o pouco que conheci do meu futuro marido, me mostrou que não serei feliz. Ele, ao contrário de tudo que imaginei, é muito, muito bonito.. bonito demais! Além de ser o dom, o dono da p***a* toda, não gosto nem de imaginar as inúmeras mulheres que estão a sua disposição, e pensar que serei só dele enquanto ele será de várias, me causa calafrios.
Nunca fui alguém que abaixa facilmente a cabeça, não sei me calar quando algo me desagrada, tão pouco me intimido com tanta facilidade. Porém algo mudou, me sinto muito, muito intimidada na presença de Giorgio, não sei ao certo como agir, muito menos o que falar, isso chega a ser absurdo! A última vez que nos vimos, foi na academia onde fazia as aulas de dança, desde aquela noite não o vi novamente, também não me atrevi a ir até lá de novo, ou usar um dos meus shortinhos de treino. A maneira e o tom de voz que ele usou para me ameaçar não deixava dúvidas que cumpriria com sua promessa e eu não quis pagar pra ver, mesmo odiando admitir a mim mesma o quanto me sinto quente ao imaginar aquelas mãos enormes espalmando o meu bumbum.
— Elisa, Elisa… esse casamento está afetando a sua cabeça, olha só os absurdos que vem pensando.
— Concordo, você não costumava ficar falando com as paredes. — Heitor entra no quarto me pegando desprevenida. — Posso saber por que tem estado aqui ao invés de aproveitar seus últimos dias de liberdade ?
— Não venho sentindo vontade de sair.
— O que aconteceu na academia ? Maccini a ameaçou? tocou você ?
— Como sabe que ele esteve lá ?
— Você é minha irmãzinha, não acha que a deixaria andando por aí sem proteção não é mesmo ? — claro que não deixaria. — Agora responda, o que ele fez?
— Só foi ele mesmo, deixou claro que qualquer que seja a gracinha, sofrerei as consequências.
— Por isso está com medo de sair ? — confirmo e o vejo contrair as mandíbulas. — Maccini se acha o todo poderoso, e ele realmente é. Mas fique sabendo Irmãzinha, que tudo o que ele fizer com você devolverei três vezes pior.
— O- oque ? Tá maluco! Você não pode com ele Heitor, a paz entre as máfias está selada a anos, não coloque tudo a perder, não por minha causa, estou te implorando… Não suportaria saber que algo aconteceu com você.
— Não subestime o seu irmão Elisa… Não seria t**o a esse ponto, não colocaria a segurança da nossa família em risco. — ele abre um pequeno sorriso, e o conheço o suficiente para saber que é um sorriso c***l. — Comigo é olho por olho, dente por dente, uma irmã por uma irmã.
— Uma irmã por uma irmã ? — não compreendo o que ele quer dizer.
— Maccini tem uma irmã, ela está aproveitando a vida e tem vivido muito bem diga-se de passagem, investiguei, e soube que o cartel francês esta tentando uma aliança com a Cosa Nostra, estão tentando convencê-los a dar a garota em casamento.
— O que? Não entendo, onde quer chegar ?
— Como você já é a garota do Dom, eles nunca a dariam em casamento para mim, além de não ser vantajoso, os italianos nos odeia e a forma que achou de humilhar a nossa família foi obrigando-nos a dar você em casamento. Devolverei na mesma moeda, eles serão obrigados a dar o pequeno diamante da Cosa Nostra em casamento para mim.
— Isso é absurdo Heitor! Sem contar que é impossível. — ele abre um sorriso.
— Nada é impossível pra mim Elisa, Giovanna está longe da família, fazer com que se apaixone por mim é moleza, e quem irá querer se casar com uma mulher impura? O cartel francês presa muito pela a pureza, nunca aceitaria uma garota que foi de outro homem.
— E o que você ganharia com isso Heitor? Nada! Só bagunçaria a vida dessa garota, já pensou a decepção quando ela souber que entregou seu coração a um homem que só queria vingança ?
— Como nada? Devolverei na mesma moeda a humilhação de ter que entregar a irmã ao inimigo, mas no meu caso devolverei ainda melhor. Você está se casando por pura obrigação, já ela estará tão apaixonada por mim, que não pensará duas vezes antes de ir contra toda sua família para me defender, lutará pela a nossa união, e isso irá atingi-los de tal forma Elisa…
— Não! Eu não quero saber detalhes e você não vai fazer isso irmão. Não vai fazer algo que pode se arrepender depois, sei que você terá que se casar um dia, mas você, diferente de mim, terá a chance de escolher, então faça a escolha certa e não baseada em uma vingança boba.
— Tem razão, talvez esteja pensando demais. — se aproxima e beija o topo da minha cabeça. — Vai se arrumar, vamos ao parque. — meus olhos brilham, eu definitivamente amo parques.
— Vai andar de roda gigante comigo ? — Heitor revira os olhos.
— Com certeza.
— E no carrinho de bate bate ?
— Vai se arrumar Elisa, faremos tudo que tiver direito. — Heitor sai do quarto e me deixa sorrindo feito uma boba.
Esse é o meu Heitor, um ruivo, lindo de morrer e muito, muito carinhoso. Heitor é educado e amoroso e tem toda razão quando diz ser impossível não se apaixonar por ele, porque ele realmente é encantador. Pensar no meu irmão se envolvendo nessa história, me causa calafrios, saber que mudou sua essência por uma vingança boba me incomoda. Heitor pode escolher a mulher que será sua esposa, e não pode e não deve entrar em um casamento por justiça, isso não acabaria bem.
Como hoje eu estou realmente feliz, opto por um vestido vermelho, eu amo vermelho, e acho que essa, com toda certeza é a minha cor. Saio de casa com um sorriso de orelha a orelha pela a satisfação de estar saindo com meu irmão. Eu só não imaginava que toda essa bondade de Heitor viria seguida de uma tempestade…
Heitor me levou para passear e fazer todos os meus gostos porque o meu noivado foi antecipado para o dia seguinte, isso mesmo! Para o dia seguinte e quando Heitor jogou a bomba em meu colo me vi em um abismo, aproveitei pra encher a cara e afogar as minhas mágoas naquele momento, só não podia imaginar que o meu primeiro porre viria acompanhando de uma ressaca infernal.
Estou aqui no circo de horrores que armaram para mim, e com a cabeça a ponto de explodir, ainda não vi o meu noivo e agradeço por isso, vi apenas meus sogros que não foram nenhum pouco simpáticos comigo, mas isso também não importa.
— Então você é a garota do Dom ? — Estou sentada quietinha no cantinho da sala. Levanto as visitas encontrando uma garota com lindos cabelos negros, muito bonita.
— Parece que sim.
— Você é bonita, apesar de estar com uma aparência horrível. — estreito os olhos diante do seu atrevimento. Ela sorri. — Não me leve a m*l, não quis ofendê-la, mas nota-se a quilômetros de distância que está com uma bela ressaca, e só pra constar, meu irmão está puto! — agora sou eu quem sorrio. — Quer ir até o meu quarto ? Podemos dar um jeito nisso, deixá-la um pouco mais apresentável.
— Não, não quero, estou bem assim…
— Ela vai Giovanna. — Giorgio se faz presente me pegando de surpresa, por não notar quando o maldito se aproximou. — Eu não vou apresentar ao conselho esse lixo de esposa, já não basta ter que apresentar uma mexicana, nesse estado então.
— Ainda da tempo de fugir.
— Eu não sou homem de fugir dos meus compromissos bambina, já você não parece entender sobre limites e está testando todos os meus. Agora sobe, antes que eu mesmo leve você. — ele não espera uma resposta e se retira. Abro um sorriso por conseguir irritá-lo.
Subo com Giovanna e ela faz uma maquiagem leve em mim, só pra mudar um pouco o meu semblante, meu pai e minha mãe já haviam me alertado em casa sobre a minha aparência, mas quis vir assim mesmo, apenas para provocá-lo, porém no fim, que acabou chateada foi eu, mais uma vez.
Giorgio me apresentou como sua noiva deixando explícito em seu tom de voz o quanto repudiava esse compromisso, e também fez questão de usar suas palavras ácidas para humilhar a minha família, deixando nas entre linhas que essa união foi a queda do império mexicano. Vi no seus olhos a satisfação, enquanto nos do meu irmão pude ver a fúria, por falar no meu irmão ele estava o tempo todo escondido pelo os cantos como se não quisesse ser visto ali.
Enfim, depois da apresentação, Giorgio não deu a mínima para minha presença, estava a todo instante rodeado de mulheres, deixando claro que a minha presença e opinião era irrelevante.
Continua…