Oito

738 Words
Letícia O lugar é uma casinha pequena, bem simples e eu me sinto desconfortável só por estar ali e o Victor percebe. — Já mandei relaxar. - ele sussurra no meu ouvido. — Tu tá comigo, ninguém vai mexer contigo. - assinto e respiro fundo tentando ficar calma. Ninguém precisa saber o quanto estou com medo de estar em um local fechado com um monte de bandido. Se bem, que eu estava em um presídio ontem à noite. Isso daqui é fichinha. O que é um peido para quem está cagado como diria a minha mãe. No cômodo que eu estava tinha uma mesa com uma balança, plásticos, algumas facas, um maçarico, entre outras coisas que eu considerei muito perigosas. Pra que tudo isso? Será que eles torturam e matam pessoas aqui dentro? — Isso tudo aí serve pra cortar e endolar as drogas. - Victor me explica mesmo sem eu perguntar como se pudesse ler minha mente. — O que é endolar? - ele ri se divertindo com a minha falta de conhecimento na área. — É embrulhar o bagulho em um saquinho de plástico ou papel. Bagulho deve ser como eles chamam as drogas. Vou fingir que entendi e seguir plena. — Saquei. E o que tem nos outros cômodos? — Tem a despensa. - ele responde fazendo um sinal de aspas com as mãos. — É um lugar pra deixar as caixas com as drogas que não foram preparadas e cortadas ainda. Tu não precisa entrar lá. — Ok. Não faço nenhuma questão. — Aqui fica o meu escritório. - ele pega a minha mão e me puxa até um sala pequena, mas bem arrumada. — É onde eu cuido das coisas da administração, controlo os papéis e o dinheiro. — E a cama é pra quê? - pergunto ao notar uma pequena um pouco escondida em um cantinho. — Às vezes, eu durmo aqui. — Hum. — Tá, mas vamos falar sobre o que interessa. - Victor fala empolgado esfregando uma mão na outra. Pelo menos, alguém estava gostando disso, porque eu mesma estava odiando cada segundo dessa nova experiência na vida do crime. Só conseguia imaginar minha mãe descobrindo e me matando. — Você quer que eu trabalhe aqui? Olha, se for isso, sem chances. Eu não vou me sentir bem trabalhando sozinha com vários homens. — Não é isso, Letícia. Tu precisa aprender a relaxar ou vai ter um infarto. - ele me provoca. Haja paciência, meu senhor! — Ha ha ha. - finjo uma risada. — Seu i****a! — O que eu quero que tu faça é guardar umas coisas na sua casa. — Coisas? Que tipo de coisas? - essa conversa já está me deixando assustada. — Drogas, armas, dinheiro... — Quê? Não, sem chances. E se a minha mãe descobrir? — Por isso falei pra tu esconder. Se fosse pra explanar pra todo mundo, eu mesmo guardava na minha humilde residência. — Grosso! - reviro os olhos e cruzo os braços chateada, enquanto ele caminha na minha direção. — E grande. - Victor fala malicioso, bem baixinho próximo ao meu rosto e em seguida, morde o lóbulo da minha orelha. Mesmo sem eu querer, minha pele se arrepia por completo e eu não consigo disfarçar. — Por quanto tempo vou ter que fazer isso? - tento mudar o foco da conversa. — Três meses. - ele se afasta e volta a ficar mais sério. Que difícil tentar bancar a difícil com esse homem, enquanto eu queria que ele me beijasse, mas com certeza um cara como o Victor não ia querer só beijos e eu não estou pronta para deixar a minha passarinha voar em liberdade. — Eu posso pensar por alguns dias? — Pensar o que, Letícia? Ou é isso ou tu vai perder o teu precioso lacre com o Cobra, garota. Qual tu prefere? - Victor começou a ficar com raiva e eu não entendi o motivo, afinal quem estava fodida era eu, não ele. — Eu disse que quero pensar, não posso? Preciso mesmo te responder agora? — Não tem o que tu pensar. Eu preciso de uma garota, que seja certinha, trabalhadora, fora de qualquer suspeita igual tu. — E o Cobra? - indago sem saber o motivo de estar pensando naquele filho da p**a. Eu tenho algum problema mental, só pode! Não é possível eu ser saudável depois dessa pergunta. — O que tem ele? Ele precisa de uma p**a experiente, coisa que tu não é e p********a profissional é mais fácil de encontrar do que uma garota... - Victor corta sua frase e me olha de uma maneira estranha. — Uma garota? - o instigo a continuar. — Ah, sei lá. Enfim, você vai ou não me ajudar?
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