Prólogo - Parte Um
QUATRO ANOS ANTES.
Acordei com um barulho de chave caindo do chão vindo da sala e ao olhar pela janela percebi que ainda estava escuro e me levantei para ver o que estava acontecendo.
Provavelmente era outra briga dos meus pais e eu precisava ver se a Isabella, a minha irmã caçula, havia acordado, porque ela sempre ficava nervosa e começava a chorar ao ouvir os gritos dos dois discutindo por causa de mais uma traição.
— Você vai deixar sua família por uma p**a? - escutei minha mãe gritar.
Meu pai vivia se envolvendo com garotas mais novas e praticamente tirava comida das bocas das próprias filhas para sustentar vagabundas de rua.
Andei mais depressa em direção a porta do quarto da Isa e ao abri-la, me deparei com a minha irmã chorando sentada na sua cama.
— Por que eles estão brigando de novo, Let? - ela questiona entre os soluços.
— Acho que ele vai embora. - respondo esperançosa.
— Não, nossa mãe vai ficar muito triste.
— Antes sozinha do que m*l acompanhada. - dou de ombros.
— A gente vai ficar bem, certo?
— Claro, meu bebê. - sento ao seu lado e a abraço. — Prometo que vou cuidar de você e da mamãe.
— Você é só dois anos mais velha que eu. - ela rebate e eu reviro os olhos.
— Mas eu tenho catorze anos e já posso t*****r com homens adultos segundo as leis brasileiras.
— Você só pensa em s**o! - recebo um empurrão dela e me desato a rir.
— Como se a senhorita não tivesse lido Cinquenta Tons De Cinza às escondidas, meu bem.
— Eu li, mas não fico pensando em p*****a igual a você.
— Ué, eu não posso fazer nada se nasci assim.
— Vigia, garota! A gente é evangélica.
— Corrigindo: nossos pais são evangélicos, a minha alma é livre!
— Tua alma é de p**a, Letícia! Isso sim.
Entre uma implicância e outra para tentar nos distrair do que acontecia no outro cômodo, ouvimos a porta ser batida com força e eu orei mentalmente para que o pesadelo tivesse acabado, porque eu não aguentava mais viver em um ambiente com tanta discórdia. Nenhuma adolescente deveria ser obrigada a conviver com pais desequilibrados como os meus.