Ricardo estava sentado em uma cadeira, de calça, uma garrafa de bebida na mão e as lembranças atormentando o seu espírito.
Jogou a garrafa contra uma pedra.
O som do nada surgiu segundos depois. Ele deu boas vindas. Não tinha vizinhos, hospitais por perto, correios, nada,por isso barganhou aquela propriedade quando salvou o Téo, agora o garoto pegava e seu pé.
Se levantou, mas o telefone começou a tocar..
Não ia atender, mas Luna, a irmã que ele criou ficava preocupada, mesmo que não tivessem o mesmo sangue, ela merecia alguma consideração.
___ Maninha.
__ Ricardo, faz dias que não consigo falar com você.
__ Estive ocupado, mas você está bem?
__ Estou, mas com uma saudade gigantesca de você. Onde está?
__ Trabalhando,
__ Não acredito nisso, não mais.
__ É difícil, explicar
__ venha me ver e a seu sobrinho.
__ Vou em breve.
Eram quase cinco anos sem ver o irmão.
__ Ricardo..
__ Não chore, Luna. Eu vou em breve. Como o garoto está?
___ Bem. Esculpiu com Dante um boneco em madeira para você.
__ Eu vou buscar, mas sabe que se precisar de mim é só passar uma mensagem que vou estar api.
Se Luna corresse perigo por qualquer motivo, ele a socorreria, mas a irmã estava bem, e o filho dela também.
__ Eu sei, amo você, o seu sobrinho também te ama e quer vê-lo.
__ Eu apareço, logo.
Se despediu.
Foi caminhar na noite, o vento começou a soprar forte.
Seria uma noite de tempestade seca no Texas, trovoadas e relâmpagos iluminariam o céu, mas pouca ou nenhuma chuva atingiria o solo.
Ele colocou uma escopeta nas costas, saiu pela propriedade sem rumo. A área da propriedade, abrangia cerca de 3.841 quilômetros quadrados
O calor do dia ainda persistia, longe do ar condicionado o calor incomodava.
As primeiras nuvens escuras se formaram.
O ar está quente e úmido.
Era o fenômeno que os meteorologistas chamavam de eletricidade estática. Raios cairiam também.
Como Ricardo previu, os relâmpagos começaram a iluminar o céu, o risco de raios realmente era grande, mas ele não se importava.
O vento começa a soprar ainda mais forte, levantando redemoinhos de terra.
Ricardo retirou os óculos de proteç@o do bolso e colocou para proteger os olhos.
Caminhou por um bom tempo, atirou em algumas árvores para se acalmar.
Jogou a arma no chão.
Quando chegou no alto da cachoeira da sua propriedade, ele parou.
A água jorrava de uma f***a na rocha, caindo de uma altura que parecia não ter fim. O som do rugido da cachoeira podia ser ouvido mesmo com o som da tempestade seca .
A queda era incrivelmente profunda, como uma vazio sem fim, mas Ricardo suspeitava que o buraco n£gro dentro dele era maior.
Viu um raio cair longe, uma árvore se partir e o som do vento se intensificar.
Sem nem balançar, ele pulou, era um queda de mais de dez metros, não era a primeira vez que pulava, da última vez quebrou um braço, mas já havia fraturado o nariz, quebrado o pé e estourado os tímpanos.
Algumas vezes desejava que os seus olhos nem mesmo se abrissem mais, mas provavelmente seus pecados eram muitos e nem mesmo o di@bo o queria.
A noite o envolveu quando caiu na água, o calor foi embora, e ele fechou os olhos, um rosto na mente.
A correnteza brincou com o corpo dela, mas tinha resistência física,treinamento e um ótimo fôlego, mesmo assim, não lutou muito.
Apagou na escuridão.
Mas pela manhã o sol e uma Bicada o acordou, Cerberus, a coruja de estimação que tinha o chamava a vida.
Se sentou, passou a mão no rosto, o nariz estava quebrado mais uma vez, provavelmente bateu em um tronco ou pedra, não seria a primeira vez, e não ficaria mais f£io por causa disso, era impossível.
Se pôs em pé, até a calça já estava seca pelo calor, e levantou para o braço para a coruja, que pousou ali, foi embora para casa com a sua companhia sinistra.