VALIENT
O alvo comia e bebia, m*l sabendo que confraterniza com um inimigo mortal, ingenuidade da parte dessa que nasceu em berço de ouro. Contudo sua demonstração do ato de se alimentar em grandes porções deixava-me intrigando sobre onde ia parar todo aquele alimento.
A olhei mais precisamente imaginando sua punição de hoje, devia deixá-la contente para depois roubar a alegria dela, do mesmo jeito como havia sido punido, ela deveria pagar na mesma moeda, nada mais justo por anos de sofrimento naquela mansão.
A moça se distraia, feliz pela sua comemoração. Enquanto seu anfitrião arque inimigo comia uma fina fatia de bolo, bebericando uma taça de vinho branco, meu preferido depois do delicioso Whisky da mesa do bar, da qual era disponibilizada em meus aposentos. Aquele sem dúvida era o lugar onde pagava minhas penitências. Pois, sempre serei um garoto mau.
- Quem é você afinal?
- O dono dessa propriedade, portanto seu dono meu pequeno animalzinho. - Relatei sombrio, fazendo sua boca extremamente convidativa ao pecado liberar um ruído de espanto, esse som dava-me um prazer dolorosamente inestimável. Quero sempre surpreendê-la dessa maneira, aprecio quem me oferece o que gosto.
Lina tentou disfarçar seu medo, contudo continuava no mesmo, comendo e bebendo. Mirando a moça que havia se tornado, tantos anos que se passaram..., mas não podia permitir que os antigos sentimentos que outrora eram puros e oferecidos de bom grado, interferisse nos meus planos de vingança.
- Você não pode ser ele... - Disse limpando a boca, perdendo o interesse total pela comida da sua festa de vinte um ano.
Como esperei por esse momento... Dei sua liberdade, ajudei-a, fugindo de um matrimônio articulando pelo próprio demônio e agora posso fazer o que quiser com esse lindo corpo pequeno. Totalmente minha. Era ótimo ser o centro, o causador dessa incerteza emendada em seu coração solitário.
- Por que não minha cara? Afinal, eu dei tudo do que precisava. No mínimo deve-me sua vida.
- Em troca de que? Me manter prisioneira em seu castelo depois?
- Essa é uma das condições.
- E as outras condições? O que pretende fazer?
- Não posso revelar nossa diversão particular, ainda estamos nos conhecendo.
Sarcasmos era um ponto específico da minha característica nebulosa. Escolho usar em eventuais adversidades da vida, para dissolver, como ácido corrosivo faria numa peça de aço.
- Chega! - Levantou-se, jogando fortemente o guardanapo na mesa. - Sairei aqui mesmo estando em um caixão!
Avisou-me aos gritos indo na direção da saída, meus homens apareceram na entrada principal fazendo-a desviar o caminho para outra a******a da sala, entretanto, contei dez segundos para que a porção desse efeito. Seu copo havia sido batizado, um método eficaz para mocinhas desesperadas.
Terminei o pedaço de bolo e a bebida antes de erguer-me do assento e ir onde a bela repousava. Catalina caiu no tapete peludo, macio, reservado para sua queda. Sua posição de bruços, braços abertos, o rosto virado de lado. Dando-me a visão de como ficaria deliciosamente em minha cama.
Decidido em realizar esse desejo pungente, essa imagem brotada repentinamente na mente, abaixei o corpo, pegando-a com extremo cuidado. Sentindo aquele perfume conhecido, na época da nossa infância. Quando seu sorriso invadia toda a minha tristeza, sabendo que teria que sofrer para obter sua presença, me sentia completo e nas horas da tortura noturna eu me desconectava, a alma deixava o corpo, então o senhorio não podia tocar-me de verdade. Ali aprendi que poderíamos separar a realidade da fantasia, esse foi meu alento por poucos anos, pois um dia Lininha viu toda a monstruosidade que existia em seu lar; a boca selada, posição de submissão, cabeça no chão, mãos amarradas para trás, presas nas costas, enfiado na cadeira da perversidade. Ele me prendia mesmo sabendo que não fugiria por causa da sua princesa... minha princesa. A cena a traumatizou tanto que escolheu seguir sem... o seu fiel escudeiro. Eu iria além da morte por aquela doce garotinha, fui ao inferno diversas vezes, sentando no colo do capeta, levando espetada no orifício através do seu tridente de ferro, era mais penoso quando este demo usava seus brinquedos. Passei pela desgraça, tudo pelo bem dessa que se encontra dormindo serenamente em meus braços. Mas aquela menininha de quatro anos resolveu esquecer de mim, anulando-me das suas memorias, as mais felizes que tivemos... em toda nossa existência.
Entrei no meu quarto enquanto relembrava da vez que ela contava suas histórias de faz de conta, Catalina sempre teve uma imaginação incrivelmente fértil, e eu me deliciava quando ouvia sua boca pequenina contar cada detalhe da prisioneira dos cabelos dourados.
Aproximei do leito alto, com adornos nas pilastras, exibindo nelas o desenho entalhado do cavalo de Tróia. Essa era a cópia da cama dele, mandei fazer exatamente igual. Uma réplica. Agora sua única filha iria desfrutar da mesma intensidade do colchão, marca, logotipo. Gostava da sensação do poder que essa vingança me dava. Nutri o passarinho, agora precisava abate-lo... devagar.
A coloquei na cama, subindo com os dois joelhos no colchão, ajeitando suas curvas femininas, tocando-a sem maledicência. O que era estranho, achava que ia fazê-la sucumbir aos meus desejos vingativos, levando seu corpo miúdo na mesmíssima proporção da qual o meu foi duramente submetido. Ela precisava pagar... ele precisava pagar... Somente assim teria a redenção.
Acomodei-a como pude, em seguida sai dali tendo uma ideia e procurei executá-la da maneira mais eficaz possível.