Capítulo 3
Ravenna
Encarei ele esperando que aquilo fosse um delírio meu, ele falou que quer se casar comigo?
– Desculpa, acho que entendi errado. – Ele alargou o sorriso e senti um frio correr pelo meu corpo.
– Não gatinha, entendeu certo. – Engoli em seco.
– Você sabe que eu sou alguns anos mais nova que você, não sabe?
– Sei, e por que isso seria um problema?
– Não sabia que gostava de crianças.
– Você não é uma criança, ou não estaria aqui sozinha.
– Estou aqui sozinha porque sou desobediente e gosto de testar bondade divina de Deus. – Ele deu risada.
– Acho que vamos nos dar bem quando você se mudar.
– Você tem algum problema mental? – Dei um passo para trás me afastando.
– Não testa a minha paciência Ravenna.
– Eu só quero entender, isso aqui é uma brincadeira? Porque não faz sentindo nenhum tudo isso que você está falando. – Ele respirou fundo e virou o restante da sua bebida de uma vez.
– Isso não é uma brincadeira, a sua família tem muita influência, a minha também, a sua tia está namorando com o Asafe que também é bem influente, imagina o poder que teríamos todos juntos. – Balancei a cabeça sentindo o meu estomago revirar.
– Isso não vai rolar, eu só tenho quinze anos, não vou me casar, pode procurar outra pessoa.
– Não, você vai fazer o que eu estou falando.
– Você é completamente maluco. – Ele me encarou alguns segundos e veio na minha direção.
– Acha que eu estou de brincadeira? – Seu rosto estava a centímetros do meu, o meu coração acelerou e eu tentei me afastar, mas ele segurou meu pulso me puxando para mais perto. – Eu sempre consigo o que eu quero Ravenna, ou você faz o que eu estou falando por bem, ou eu vou ser obrigado a te forçar.
– Por que está fazendo isso?
– Você é nova, não entende nada da vida, mas não se preocupe gatinha, vamos ter longos anos juntos para que eu te ensine tudo que precisa saber. – Ele ergueu a mão levando até o meu rosto e alisando a minha bochecha. – Quem sabe se você se comportar, até podemos ser um casal de verdade.
– Não vai rolar Mael, você vai ter que achar outra pessoa para concretizar esse plano maluco.
– Você vai mesmo dificultar as coisas gatinha?
– Não estou dificultando nada, estou apenas falando que isso não vai rolar, eu não vou casar com você, não te conheço, não tenho idade e não quero. – Ele me encarou sério.
– Tudo bem. – Respondeu alguns segundos depois sem cortar o contato visual. – Vamos voltar para o baile.
Ele passou por mim abrindo a porta, sai e ele veio logo atras, caminhei em direção ao baile sentindo a presença dele atras de mim.
Ao me aproximar do baile vi Aysha parada na porta com Enzo ao lado dela.
– Amiga, tudo bem? – Aysha perguntou quando me aproximei.
– Sim, vamos para casa?
– Vamos. – Ela olhou sobre o meu ombro para o Mael que estava parado atras de mim. – A gente se ver depois, pode ser? – Ela perguntou ao Enzo.
– Claro linda. – Ele deu um beijo nela. – Até depois.
Aysha agarrou no meu braço e saímos andando descendo o morro, sentia que estava sendo observada, mas não me virei para conferir, tenho certeza de que é aquele maluco acompanhando os meus passos.
– E as meninas?
– Elas quiseram ficar.
– E vamos para onde?
– Vamos para a minha casa, os meus pais avisaram que iam sair, depois a gente pega as coisas na Bru. – Balancei a cabeça confirmando.
– Tudo bem, só quero me deitar e dormir. – Ela me olhou.
– O que rolou lá?
– Ele é maluco, completamente maluco.
– Ele tentou fazer alguma coisa com você?
– Tirando casar comigo? Não. – Balancei a cabeça negando e ela me olhou erguendo as sobrancelhas.
– O que?
– Pois é, ele falou que queria casar comigo, que iria ser uma ótima união, resumindo, ele é completamente louco.
– Meu deus Rav, mas pelo menos ele não tentou te pegar a força.
– É, mas meio que me ameaçou.
– Como?
– Falou que se eu não me casasse com ele por bem, casaria por m*l.
– Talvez seja só da boca para fora. – Ela falou pegando o celular e chamado o Uber.
– Espero que seja mesmo, não quero ter que contar isso para os meus pais.
– Não faz isso, ta doida, Caleb mataria nós duas, e depois os meus pais me ressuscitarem e me matariam novamente. – Segurei o riso.
– Eu sei, acha que quero morrer? Sou muito nova. – Ela riu.
Ficamos alguns minutos esperando um Uber que aceitasse a corrida, a essa hora e nesse lugar fica meio complicado, mas sempre tem uns doidos que aceitam.
E aqui estamos nós deitadas na cama da Aysha prestes a dormir.