Ravenna - Prometida ao Traficante

Capítulo 1 Ravenna Ser a filha do dono do morro tem as suas vantagens, mas também é um saco. Eu nunca levei uma vida normal, desde novinha os meus pais repetem as mesmas coisas todos os dias. “Cuidado com quem você anda Ravenna, as pessoas vão querer se aproximar de você pelo que você tem.” “Temos inimigos Ravenna, as pessoas podem querer te fazer m*l, cuidado.” “Não de confiança a qualquer um, você pode acabar se decepcionando.” Entre outras coisas que eu já decorei de tanto ouvir. Fora todos esses avisos ainda tenho que aguentar todo o ciúme e cuidado do meu pai, faz pouco tempo que ele deixou de me levar para a escola e agradeço por isso, era sempre constrangedor os beijos e abraços que ele fazia questão de me dar na porta da escola. Por um lado, eu entendo ele e a minha mãe, eu sou a filha mulher, a primeira, sei que sempre o cuidado vai ser maior. Mas as vezes eu queria me livrar de tudo isso e viver como uma pessoa normal. – Vamos, eu tenho certeza de que eles não vão descobrir. – Aysha repete o que vem falando a três dias. – Se você não gostar a gente volta cedo. – Não acho uma boa ideia Aysha. – Repito a mesma resposta dos últimos dias. Aysha vem tentando me convencer a ir em um baile em um morro do outro lado da cidade, segundo ela conheceu um cara gatinho e ele é de lá. Será que ela não tem noção da merda que isso pode dar? Sair daqui escondida para ir nesse baile seria como ir contra todos os ensinamentos dos meus pais, sem falar que o meu castigo por ser pega mentindo com certeza seria ser mandada para um convento de onde eu nunca mais sairia. – Você precisa largar esse medo de lado, assim nunca vai viver nada de bom. – Ela se senta na minha cama. – Não tem medo dos seus pais te pegarem, não? – Ela balança a cabeça negando. – Não, já fiz isso muitas vezes. – Mas eu não, e não quero iniciar a minha vida no crime assim. – Ela dá risada. – Se você não for eu vou ter que ir sozinha, você vai deixar a sua priminha ir sozinha? – Ela fez biquinho e me olhou como um cachorro molhado na chuva. – Você vai fazer isso comigo mesmo? – Cruzo os braços e ela sorri, respiro fundo sabendo a resposta. – Tá Aysha, mas se isso de merda a culpa vai ser toda sua. – Ela pulou da cama rindo e me abraçou. Ela sempre consegue o que quer. – Pode deixar que eu vou falar com os tios que a gente vai ficar na casa de uma amiga da escola. – Ela andou pelo quarto animada. – Já sei até a roupa que você vai usar. – Fiz uma careta já sabendo que ela vai me fazer de boneca. – Eu sei me arrumar Aysha. – Ela riu. – Eu sei disso linda, mas eu faço isso melhor. – Balancei a cabeça negando enquanto ela falava e andava pelo meu quarto. As horas foram passando e a cada segundo eu ficava ainda mais ansiosa o que piorou muito depois do meu pai me liberar para ir com ela. Por que ele não negou e me prendeu em casa? Agora já era tarde, estávamos indo para a casa da Bruna onde vamos nos arrumar para ir ao baile. Eu coloquei na minha cabeça que isso não era tão errado, afinal, se eu tivesse pedido para ir ao baile os meus pais não deixariam como das outras vezes, então esse era o único jeito de ir. É só uma vez, não vai acontecer nada. Algumas horas depois e estava subindo o morro, Aysha e as meninas estão animadas e eu uma pilha de nervos. Preciso relaxar. Eu nunca tinha vindo nesse morro, mas acho que eles não têm problemas com o morro do meu pai. O baile estava lotado, assim que entramos as meninas foram até o bar comprar bebidas. – Está mais tranquila? – Aysha perguntou. – Um pouco, mas ainda estou com medo. – Relaxa, você vai ver como vai ser legal. – Sorri e respirei fundo afastando os pensamentos negativos. Bruna voltou com a Marla e entregou um copo pra cada. Estávamos bebendo e dançando e apesar de já estar mais solta ainda estava com medo, alguma coisa me dizia que algo iria acontecer. – Ravenna. – Aysha gritou no meu ouvido. – Enzo chamou a gente para subir. – Me virei e olhei para ela. – Quem é Enzo? – O carinha que eu falei que estava conhecendo. – E as meninas? – Elas não querem ir, vamos nos duas. – Fiz uma careta. – Não quero ficar de vela. – Ela revirou os olhos. – Para vai, o amigo dele está lá também, você pode ficar conversando com ele. – Respirei fundo e acenei com a cabeça concordando com a loucura dela. Aysha segurou na minha mão e foi me arrastando pela multidão até chegarmos no camarote. – Oi linda. – Um garoto se aproximou da Aysha sorrindo, ele passou o braço envolta do pescoço dela e deu um beijo na boca dela. Se conhecendo né? Até parece. – Ravenna, esse é o Enzo, ele é sub aqui do morro. – Olhei para ela sem acreditar naquilo, o meu coração acelerou e eu parei de respirar. Sub? Ela está ficando com o sub do morro? Meu deus, a minha morte é certa. Uma coisa é vir ao baile e curtir mentindo para os nossos pais, outra bem diferente é subir um morro e ficar com o sub do lugar sendo filha do ex sub de outro morro. O que a Aysha tem na cabeça? – Você deveria ter falado antes Aysha. – A minha voz falhou. – Relaxa gatinha, ninguém vai mexer com vocês aqui. – Ouvi uma voz rouca atrás de mim e o dono da voz segurou na minha cintura, eu ainda olhava para a Aysha que estava com um sorriso simpático que eu conhecia muito bem. Lentamente eu me virei para trás querendo e não querendo ver quem estava com as mãos em mim. Ok, o cara é um Deus grego maravilhoso, ele estava com um sorriso nos lábios e seus olhos claros estavam focados nos meus. – Prazer, me chamo Mael, eu sou do dono daqui.