Capítulo 2
Ravenna
Eu permaneci parada, encarando-o sem nenhuma reação enquanto ele me olhava com um sorriso nos lábios.
– O gato comeu a sua língua? – Balancei a cabeça negando.
– Não.
– Não assusta a garota. – Enzo falou.
– Não está me assustando. – Mael sorriu.
– Você é a Ravenna, não é? – Balancei a cabeça confirmando. – Sua família é famosa por aqui, seu pai comanda tudo no Rio.
– Sim, eu acho. – Respirei fundo. – Eu não me envolvo no trabalho do meu pai.
– Isso é bom, você tem quantos anos?
– Fiz quinze recentemente. – Ele sorriu.
– Tão novinha. – Ele desviou o olhar para o Enzo que está atras de mim. – Vou dar uma volta com ela. – O meu sangue gelou.
– O que? – Aysha perguntou. – Não, ela está comigo.
– Qual foi Mael, deixa a garota. – Enzo falou.
– Relaxa vocês dois, eu não vou fazer nada com a garota, a gente só vai conversar. – Ele voltou a me encarar. – Vamos ter uma ótima conversa gatinha.
– Eu não quero ir. – Ele sorriu.
– Está com medo de mim? Eu não vou te fazer m*l Ravenna, juro que é só uma conversa. – Os seus olhos estavam fixos nos meus, o meu coração batia acelerado e eu não conseguia nem respirar.
– Tudo bem. – Falei sem cortar o contato visual.
Estava claro que ele não iria desistir tão fácil e se quisesse me levar a força ele faria aquilo sem nenhuma dificuldade, ele tem o dobro do meu tamanho, é forte e me dá medo só de estar perto de mim.
Como eu ou a Aysha iriamos contra ele?
E ainda estamos no morro dele, todos aqui respondem a ele, eu não teria nenhuma chance.
– Me liga qualquer coisa. – Aysha falou quando me virei para olhar para ela.
– Tá. – Senti a mão do Mael passar nas minhas costas parando na minha cintura, ele inclinou o corpo e senti a sua respiração no meu ouvido.
– Vamos gatinha. – O seu sussurro fez o meu corpo arrepiar e eu engoli em seco.
Ele me guiou para fora do camarote seguindo para a entrada do baile, todos davam passagem para ele.
Enquanto caminhávamos ele não me soltou e isso fez com que as mulheres me olhassem com raiva, como se eu tivesse culpa por ele está me carregando para fora do baile.
Será que elas imaginam que tudo que eu menos queria na minha vida era estar indo com ele?
Meu Deus, eu sabia que não deveria ter vindo.
– Vamos para a minha casa. – Ele fala parando de andar, já estamos fora do baile, mas a música ainda está alta igual lá dentro.
– Por quê? – Paralisei no lugar e ele me olhou.
– Lá a gente pode conversar melhor, se conhecer.
– Você não me perguntou se eu queria te conhecer. – Ele bufou uma risada.
– E não quer?
– Não.
– Por quê?
– Por que não. – Respirei fundo enquanto via o seu olhar escurecer. – Não tenho interesse em te conhecer.
– Você é bem atrevidinha para uma garota da sua idade, os seus pais não te educarão não? – Ele perguntou com deboche.
– Muito bem por sinal. – Cruzei os braços.
– Essa sua linguinha afiada ainda pode te trazer problemas Ravenna, toma cuidado. – Ele falou em um tom ameaçador me fazendo lembrar o quanto estou em desvantagem aqui. – Vamos. – Ele ordenou e voltou a me guiar pelas ruas.
Já era tarde, as ruas do morro estavam vazias, em alguns becos que passamos eu pude ver os vapor de no plantão de vigia.
Cinco minutos caminhando em silencio e no frio, ele apontou para uma casa a alguns passos de distância e eu entendi que era a dele.
Contei 4 homens na entrada fazendo a segurança do local, quando passamos pelo portão me surpreendi com a entrada da casa.
Eu não sei se ele é casado, ou se tem alguma namorada, mas o lugar é lindo e muito bem cuidado, logo depois do portão de entrada tem um jardim lindo, algumas flores e um caminho de pedra que dá na porta.
Entramos na casa e mais uma surpresa, tudo muito bem organizado e limpo, a casa tem o cheiro do perfume dele, bem marcante.
– Fique à vontade. – Ele falou fechando a porta atras dele.
– O que quer? – Cruzei os braços e me virei ficando de frente para ele.
– Quer beber alguma coisa? – Ele pergunta ignorando a minha pergunta.
– Não.
– Bom, eu quero. – Ele sorri e caminha em direção a um mini bar no canto da sala.
Permaneço parada onde estou observando-o, várias coisas passando pela minha cabeça, o que será que esse maluco quer comigo?
– Os seus pais sabem que você está aqui? – Ele vira para me olhar.
– Sabem. – Minto.
– Tem certeza? – Permaneço calada, ele sabe que estou mentindo.
Ele fixa os olhos nos meus e ergue o copo levando até a boca sem cortar o contato visual.
Talvez em outra situação eu não estaria tão na defensiva com ele, Mael é lindo e com certeza chama a atenção de todos a sua volta.
– Você mora sozinho? – Mudei de assunto cortando o contato visual e olhando em volta.
– Sim, a casa é grande e está sempre vazia.
– Exceto quando você traz as suas ficantes, não é? – Ele bufa uma risada e caminha na minha direção.
– Sabe Ravenna, eu comando esse morro a dois anos, assumi antes de fazer dezoito. – Ele para na minha frente me olhando. – O meu pai sempre falou que quando eu resolvesse levar uma mulher para a minha casa deveria ser a mulher que eu me casaria. – Engulo seco. – Então não, eu não trago as minhas ficantes para a minha casa.
– Bom para você. – Gaguejo as palavras e respiro fundo. – Já está tarde, é melhor eu ir para casa.
– Eu vi quando chegou no baile com as suas amigas. – Ele ignora a minha fala. – Eu te achei muito linda, o seu jeito me passa uma inocência. – Ele me olhou analisando o meu rosto. – Você é perfeita para o que eu preciso. – O meu coração erra as batidas.
– Do que você está falando? – A minha voz sai tão baixa, quase inaudível.
– Eu quero me casar com você.