capítulo XV

1895 Words
Chegaram na obra que era muito grande, de diversos andares e Renato foi com João em cada andar testando a capacidade dele. Cada andar estava em um estágio de construção. Assim João ergueu paredes, embolsou, colocou piso e instalou peças sanitárias. Renato aprovou o trabalho dele e no final do dia, levou ele de volta para a construtora e anunciou: - Está empregado, me dê seus documentos e duas fotos para o registro. Amanhã esteja aqui às sete horas. Vou lhe dar mais um macacão para o trabalho. Esse já é seu. Pode mudar de roupa e ir para casa. Até amanhã. João muito sem graça perguntou? - Quanto vou ganhar? - Seu serviço é profissional. Para começar três mil reais. Depois melhora. João nunca tinha ganhado tanto dinheiro. Estava custando a acreditar que estivesse acordado. Nos b***s que fazia, nunca tinha ganhado mais que cinquenta reais de diária. Isso dava uns mil por mês, contando com as folgas de fins de semana. Ter carteira assinada e ganhar bem, parecia um sonho. Ficou imaginando que ia acordar a qualquer momento. Ficou parado perto de Renato que perguntou: - Mais alguma pergunta João? - Não. Estou esperando acordar. Seu Renato riu e falou: - Você não está sonhando. Está empregado de carteira assinada. Seu trabalho é perfeito e você merece. Seja bem vindo a construtora. - Obrigado seu Renato. Amanhã às sete estarei aqui. Saiu, ainda com medo de estar sonhando. Depois de buscar informações na rua, pegou o ônibus e voltou para casa. Jandira estava preocupada com a demora. - Você demorou muito. - Estava fazendo teste. Trabalhei em diversos serviços hoje. - E como foi? - O homem disse que estou empregado e já ficou com meus documentos. Vou ganhar três mil por mês. - Isso tudo? - Ele falou que o meu trabalho é de profissional. - Que bom João. Agora você podia estudar um pouco, pelo menos para saber ler e escrever. - Você quer que eu frequente escola de criança? - Tem pra adulto também. - Vou procurar saber. O importante é estar empregado e de carteira assinada. O patrão é muito simpático. Me levou pra obra no carro dele. - Tem que levar almoço? - Não perguntei. Mas normalmente em obra tem. - Vou preparar a tua marmita. - Amanhã não vou levar. Sempre tem um boteco perto. Almoço junto com os outros. Preciso me inturmar com os antigos e fazer amizades. - Faz do jeito que você quiser. Não vai lá na dona Marisa pra falar com ela? - Vou tomar um banho primeiro. Estou todo sujo. Depois do banho, foi na casa de Marisa. Ricardo já estava em casa e veio atender: - Finalmente estamos nos conhecendo. O resto da família eu já conheço, mas o senhor nunca vinha aqui. - Vim agradecer o emprego que o senhor me arrumou. Fui fazer o teste e estou empregado. - Eu já sabia. O Renato me ligou e agradeceu o profissional que mandei para ele. Ficou muito satisfeito com o seu serviço. - Eu é que agradeço. Começo amanhã. - Não, o dia de hoje já vai contar. O senhor trabalhou e começou hoje. - Foi teste. E cheguei depois das sete. - O Renato já assinou a sua carteira com a data de hoje. Ele me disse. Falou que empregado como o senhor, não pode deixar escapar. Que o senhor entende tudo de obra e trabalha muito bem. Marisa vinha chegando do interior da casa e falou: - Parabéns seu João. Já estou sabendo que conseguiu o emprego. - E vou ganhar muito bem. Três mil por mês. - O seu trabalho é de profissional e o senhor trabalhava de ajudante. E agora tudo vai melhorar. - Vim agradecer a vocês. Vocês que me arranjaram esse teste. Domingo vamos fazer um churrasco lá em casa e teríamos muito prazer se vocês fossem. Vou comemorar minha carteira assinada. Marisa perguntou: - O que está faltando? - Nada. A Jandira ainda não usou aquela carne toda que a senhora deu no fim do ano. Só vou comprar uns refrigerantes. - Pode deixar que eu levo. Nós vamos sim. Ricardo completou: - Vai ser um prazer ficar perto das crianças de novo. Nós estaremos lá no Domingo. João se despediu e quando chegou em casa, Jonas e Janaína já tinham voltado do mercado. Janaína abraçou o pai e falou: - Parabéns pelo emprego papai! Jonas também abraçou o pai de deu os parabéns. João avisou a Jandira: - Chamei dona Marisa e seu Ricardo para um churrasco no domingo e eles disseram que vêm. - Você não ia fazer depois que a Jurema tirasse os ferros? - Agora temos o que comemorar. Os tempos ruins acabaram nessa casa. Tenho carteira assinada e um bom salário. E para as crianças: - Vocês não precisam mais ir para o mercado. Jonas respondeu: - Mas nós gostamos de ir. Por favor papai, não proíbe a gente. - Mas agora eu vou ganhar bem! Janaína respondeu: - Nós também gostamos de trabalhar. É divertido e a gente ganha um monte de coisas. - Vocês é que sabem. Por necessidade não precisam mais ir. Janaína respondeu: - Então vamos por divertimento. Sentaram para jantar e logo João estava indo deitar para sair bem cedo no dia seguinte. Depois que João saiu, Jandira foi a pedido dele na casa de Paulo, contar a novidade. Chamou seu Paulo e falou: - Ontem o João veio lhe procurar aqui e o senhor já tinha saído. - A Renata falou. Ela leu o endereço e explicou a ele como chegar lá. Era trabalho, não era? - Era. Ele está de carteira assinada pela primeira vez na vida e vai começar com um bom salário. Vamos fazer um churrasco no domingo para comemorar e queríamos que vocês fossem. - Obrigado. Podem contar com a gente. Que horas? - Lá pelas onze. - Nós vamos sim. Precisa levar alguma coisa? - Não. Vocês também não bebem. A dona Marisa vai trazer os refrigerantes. - Também levaremos alguns. - Tá bom. Esperamos vocês no domingo. - Até lá. Jandira voltou para casa e ficou esperando que as crianças acordassem. Depois do café da manhã, colocou as roupas na máquina, inclusive o macacão que João tinha usado no dia anterior e enquanto a máquina trabalhava deu um jeito na casa e foi para a cozinha preparar o almoço. João tinha chegado na construtora e foi junto com o resto da equipe para a obra. Eles tinham um ônibus para isso. Já trabalhando, perguntou: - Aonde vocês almoçam? - Aqui na obra mesmo. Tem uma sala que já está pronta lá no térreo e almoçamos lá. - Mas eu não vi ninguém trazer comida. - A construtora paga a quentinha da gente. Lá pelas nove, vai vir uma moça para anotar o que cada um vai querer e as onze a comida chega. Daqui há pouco ela passa por aqui. - Essa comida é descontada do salário? - Não. A despesa é do patrão. Em toda obra que a gente vai, ele arranja uma pensão por perto e fecha contrato. Adianta uma parte, e paga a diferença no fim de cada mês. Pode entrar empregado novo ou sair alguém. Sempre tem diferença. Agora mesmo o senhor entrou. - Me chama de você. Senhor tá no céu. - Agora mesmo você entrou. E a comida é boa. As nove horas, uma moça perguntou: - O senhor é novo aqui? - Comecei ontem, mas não almocei. Estava fazendo teste e fui comer com o patrão. - Vai querer o quê. Têm bife de panela com purê e frango com batatas. - Prefiro o bife com purê. - Seu nome? - É João. - As onze o almoço chega. Boa sorte no novo serviço. - Obrigado. Continuou com o trabalho e as onze desceram para o térreo onde tinha uma sala já pronta, com uma mesa grande e diversas cadeiras. João se apresentou ao resto do pessoal e sentou para comer. A comida estava bem gostosa. Acabou de comer, amassou a quentinha e jogou na lata de lixo. Embrulhou o garfo e a faca no guardanapo para devolver. Eram da pensão e não tinha como lavar. No dia seguinte, a moça na hora que passava para saber a escolha de cada um, recolhia os talheres e levava para lavar. Sentou novamente e ficou esperando dar a hora de recomeçar com o trabalho. Ao meio dia recomeçaram a trabalhar. Quando deu três horas, desceram de novo. João perguntou: - O que é agora? - Hora do lanche! Desceu com todo mundo e na mesa havia pão com margarina e garrafas térmicas com café e leite. - João comeu um pão e tomou café puro. Meia hora depois, recomeçaram os trabalhos que seguiram até às cinco, quando encerrou o dia. O ônibus já estava a espera para levar a turma de volta para a construtora. Quando chegou lá, o patrão chamou: - João, vem pegar teus documentos e assinar o livro. João respondeu: - Eu não assino. - Bota o dedo então. Você podia aprender a pelo menos assinar teu nome. A sua mulher escreve? - Ela escreve sim senhor. - Pede a ela pra te ensinar. - Vou falar com ela. - É mais bonito. Entregou os documentos e mostrou para João a carteira assinada, ele molhou o dedo na almofada e colocou no livro. Seu Renato perguntou: - O que achou do trabalho? - Gostei muito. O pessoal é companheiro, se ajuda. - Serviço de equipe tem que ser assim. Cada um tem uma tarefa, mas ajuda o colega se terminar primeiro. Se quiser tomar café da manhã, tem que chegar quinze minutos antes. Às sete o ônibus sai. - Só tomo um cafezinho antes de sair de casa. - O serviço é pesado e não quero ninguém desmaiando na obra. - Eu estou acostumado e nunca desmaiei. - Tá bom. Até amanhã. - Até amanhã. João chegou em casa e mostrou a carteira assinada para Jandira. Ela perguntou: - Você almoçou? - Almocei e lanchei. Tem hora do lanche também. Passa uma moça e pergunta o que a gente vai comer. As onze a comida chega. As três tem o lanche. - Vai ser descontado? - Não. A construtora que paga a pensão. Comi feijão, arroz, bife de panela e purê de batatas e no lanche pão com manteiga e café. - Esse trabalho é muito bom. E os colegas? - Todos são muito legais. O patrão ainda avisou que tem café da manhã pra quem chega quinze minutos antes. - Desse jeito você vai engordar. - Até que estou precisando. - Teu macacão já está lavado e passado. - É com esse calor, tem que trocar todo dia. Amanhã cedo eu lavo o de hoje. Seca rápido. Passou o resto da semana e João não trabalhava aos sábados e domingos. Perguntou para Jandira: - Como vai ser na semana que vem? A Jurema tem que ir tirar os ferros na sexta-feira e eu não posso pedir pra faltar. - Eu levo ela. Se a dona Marisa não puder ir, eu pego uma condução com ela. - Amanhã eu vou perguntar a dona Marisa se ela vai estar trabalhando na sexta-feira. Garanto que se puder ela leva vocês. - Eu sei disso. Amanhã a gente pergunta a ela.
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