Pedro
Já era sábado e como de costume, acordei cedo, corri cerca de 1h e voltei pra tomar café forte. Eu havia marcado com minha mãe de encontrá-la no clube Montero no almoço, ela disse que precisava conversar comigo e eu evitei pensar nisso durante a semana, mas agora a curiosidade estava grande.
- Saudades filho, você emagreceu, está comendo nos horários corretos? - ela me cumprimentou com um beijo e abraço e já disparou suas preocupações.
- É sempre bom te ver dona Letícia, está linda e não, não estou me alimentando nos horários corretos, se lembra que estou sendo treinado pra ficar no lugar do papai? - ela e meu pai eram separados a alguns anos, ela não aguentou mais ficar sozinha no dia a dia, já que pro meu pai parece que o trabalho está acima de tudo, como ele mesmo diz "manter o status e honra dos advogados da família Fraga" era primordial.
- Típico dele, trabalho antes de tudo, mas não o deixe te consumir, seja um excelente profissional, mas zele pela sua vida, saúde e família... e falando em família era sobre isso que queria conversar. - lá vem ela com isso de novo. - querido, já está na hora de assumir uma família, já estou ficando velha e quero meus netos, quando é que terei o prazer de te acompanhar na igreja?
- Mãe, pare com isso, não me diga que me fez vir aqui pra tocar nesse assunto novamente? - disparei contra ela já começando a ficar nervoso.
- Mas querido e a Paula? Vocês se conhecem desde criança, ela é de boa família e bem sei que vocês têm algo a mais que amizade.
- Mãe, a Paula é uma excelente mulher, mas não temos nada sério e nem pretendo. Quero aproveitar a vida antes de apodrecer naquele escritório. E se for falar apenas disso, espero que não se importe, mas já estou indo – disse isso enquanto me levantava e ela prontamente segurou meu braço e fez menção para que eu me sentasse de novo, o que eu fiz.
- Tudo bem, não vou tocar no assunto mais... hoje. Mas quero que saiba que isso ainda não está certo para mim.
Encerramos esse assunto e aproveitamos a tarde para matar a saudade. Minha mãe era uma mulher incrível e eu sentia falta dela, já que depois do divórcio ela se mudou pra Nova York para morar com minha tia.
Já em casa, vi que já era 20h e rapidamente fui me arrumar pra ir de encontro com o Marcos na boate. Habitualmente uso terno por causa do trabalho, mas a verdade é que gosto da postura que o traje dá, mas hoje não era o caso, tentei ser mais casual, vesti uma calça preta mais justa, um tênis e uma blusa social não tão justa, tudo preto, eu gosto de preto e me sinto bem assim, coloquei meu Rolex, passei meu perfume e dei uma última olhada no espelho e gostei do que vi, eu sou alto, 1,90m e de porte grande eu diria, em todos os sentidos, as pessoas me acham arrogante, mas eu prefiro dizer que me apenas me garanto. Optei pela Porsche branca pra ir à boate.
Chegando lá o manobrista já me conhecendo tomou as chaves e foi estacionar, fui entrando e o segurança já me deu passagem sem nem questionar, outra vantagem de ser um Fraga, a empresa de meu pai dá assessoria jurídica aos maiores empresários do país, logo privilégios são comuns no meu meio, não que eu não tenha dinheiro pra isso.
Lá dentro nada demais chamou minha atenção, já era habituado ao local e como de costume, fui ao lounge do lado da pista e lá estava o bando de i****as que chamo de amigos, Marcos, Lucas e Léo, todos juntos e já bebendo, imbe*is, nem me esperaram.
- LÁ VEM ELE, o poderoso chefão, achei que não nos daria a honra de sua presença hoje. – disse o Marcos carregado de ironia.
- Não seja idio*a, seu eu combinei é claro que eu venho, sabe que promessas são dívidas para mim. – disse devolvendo com a mesma ironia.
- Já chega, podemos agora aproveitar e pegar essas gatas? Aqui hoje está lotado. – Léo disse praticamente salivando pra uma menina baixa com cropped branco que saia do bar com shots de tequila.
- Vai com calma Léo, a noite está só começando, não nos faça ter que justificar quando uma delas te der outro tapa da cara. – Lucas disse rindo alto e zoando o Léo de uma vez que tomou um tapa porque a mulher se sentiu ofendida quando ele disse que queria beijar ela até onde o sol não bate, o cara é um ótimo contador, mas é um babaca com mulheres.
Depois disso, rimos muito e começamos a beber e nos animar cada vez mais, o whisky na minha boca queimava e o calor subia. Resolvemos ir para a pista e foi lá que eu percebi que tudo seria diferente, porque no momento em que eu olhei dentro daqueles olhos castanho claro, eu me senti tão diferente e estranho, e quente e com desejo, que até me esqueci de como era respirar.