Perdição - um encontro destinado.

Capítulo 2

Selena

FINALMENTE.

Já é sábado, parei tarde do serviço ontem, 4h, mas o Jorge me levou embora e mesmo dormindo apenas três horas de prazo fez questão de acordar cedo e me levar pra guarita da cidade pra que eu pudesse pegar o ônibus na hora certa e ir pra Capital. Ele é um fofo e com aquela cara de quem acabou de acordar cheguei a me perguntar se não valia a pena tentar algo, talvez eu me surpreendesse em outro sentindo e mudava de opinião.

"Você só pode estar louca, só pensa nisso? Se lembra que foi isso que te fez ficar presa àquele lixo!" - Meu subconsciente me repreendeu e me fez lembrar do fato de que eu me prendia muito ao se.xo com meu ex e somente à isso, porque no restante ele era abominável.

- Prontinho. - Jorge me tirou do mundo das nuvens e só então percebi que já estávamos na guarita.

- Obrigada Jorge, você é um fofo, mas não precisava ter me trago, você está tão exausto quanto eu.

- Não é nada, por mim eu mesmo a levava pra Capital, mas você não facilita pra mim. - ele disse e em seguida deu uma risada sem graça, senti um pesar sobre mim.

- Não há necessidade, o ônibus já já chega e durmo durante a viagem, é rápido, apenas 2h e já estarei lá. Muito obrigada e vá logo dormir, você está péssimo. - Menti.

- Tudo bem, boa viagem e me ligue se precisar. - me deu um beijo na bochecha, bem próximo ao canto da boca e isso me fez corar, ainda bem que ele não percebeu.

E como eu havia dito, em 2h eu já estava na rodoviária da capital e assim que avistei Amanda já despertei e quando ela me viu demos aqueles típicos gritinhos de menininhas animadas! Amanda é minha prima de primeiro grau, seu pai e minha mãe são irmãos, mas quer saber? Parece que nós duas é que somos, temos uma conexão muito forte desde sempre, ela mais se parece e age como minha irmã do que a minha de sangue mesmo. Ela me fazia tão bem só de estar por perto, sempre foi uma menina de vibe boa, alegre, positiva e sobrevivente, na verdade poderia dizer mais que eu, porque só tem 21 anos e luta desde que me entendo por gente, meu tio tem 6 filhos com 6 mulheres diferentes, logo percebe-se que não deu assistência a nenhum e sua mãe sempre esteve lá, mas depois de um tempo o alcoolismo dificultou sua vida e Amanda assim como eu, teve que crescer antes da hora pra ser a adulta da casa. Ela é linda, branca, não é magra e nem gorda, tem curvas bem definidas, um nariz bonitinho, cabelos longos ondulados e castanhos e olhos tão redondos que encantam, sempre a achei muito fofa, mas de fofa só a cara, ela é bem pra frente se é que me entendem.

- PRIMA DE DEUS, estava contando os segundos pra te ver, tem tanta coisa pra te contar, mas primeiro vamos embora pra você tomar um café, banho e dormir, você está TERRÍVEL e precisa melhorar, porque consegui pulseiras pra boate mais TOP que tem aqui, a Emporium hoje vai ferver com a gente. - ela disse já me animando.

Eu precisava daquele dia, foi tão bom, passou tão rápido, conversar com ela sempre foi fácil e leve. Demos muitas risadas, nos divertimos e eu descansei bastante. Ela me contou que nessa boate - que aparentemente só vai quem tem dinheiro - tem muita gente bonita, pra ser mais exata com suas palavras "homens gostosos e ricos". Não me importava com dinheiro, apesar de me fazer bastante falta, mas eu queria pra mim e não que fosse dos outros e eu só aproveitasse deles, mas ela bem animada sobre isso.

- Dro.ga!!! - eu gritei.

- O que foi? - ela se assustou e já foi chegando perto de mim.

- Parei tarde do trabalho e deixei pra arrumar minha mala só depois que chegasse e pra variar esqueci todas as minhas roupas de sair. - mer.da, até meus saltos ficaram em casa.

- Relaxa gata, tenho a sua solução, tem um vestido preto aqui e não uso faz tempo, engordei um pouco e ele não entra mais, e salto a gente calça o mesmo número, tem uma sandália aqui preta também que vai ficar um arraso. - ela me aliviou.

Tomei banho, me maquiei, deixei meus cabelos que eram na altura dos ombros com ondas e passei uma make leve nos olhos e um vermelho bem vivo nos meus lábios que não eram muito carnudos e nem finos, tinham um desenho lindo e eu amava isso, coloquei o vestido que era colado e curto, preto de lantejoulas, de frente única com um decote em V que descia pouco pra baixo dos meus s***s que pra mim tinham um tamanho ótimo, não eram pequenos e nem grandes, tenho 1,65m e o vestido ficou perfeito, eu estava uma gata e estava ótima, a tempos não me sentia assim.

- Toma, coloca os saltos e vamos. - Ela me passou as sandálias e pronto. Ela estava linda também, de saia de cós alto e um cropped branco, sandálias brancas e make bem carregada.

- Chamei um Uber pra nós, ele já está quase chegando, vamos descendo. - ela me puxou e fomos descendo as escadas. Ela morava em um desses prédios de conjuntos habitacionais que eu acho fofo e super em conta, eu nutria um desejo enorme por morar aqui e desde que terminei meu namoro nao reconsiderei isso. Vou pensar a respeito depois.

Pra chegar na boate foi até rápido, a entrada era luxuosa e grande, tinha uma fila de dar volta na esquina pra entrar e claro, aqueles que tinham status e dinheiro passavam na frente. "Dro.ga, vamos ficar na fila até amanhã" eu pensei, porém no mesmo momento Amanda me tirou dos meus pensamentos enquanto me puxava pra ir passar na frente.

- Amanda, o que você está fazendo? - questionei meio desentendida.

- Temos as pulseiras, lembra? Ganhei de um gato que peguei na semana passada em outra boate, hoje a fila não nos pertence e vamos passar na frente! - ela riu alto e eu a acompanhei, mas passar na frente daquelas pessoas e receber aqueles olhares inquisidores me fizeram arrepiar.

Caramba, a boate é enorme, está escuro e as luzes coloridas piscam sem parar e tem tanta gente na pista pulando ao som alto do Dj que é contagiante. Que delicia essa sensação! Amanda foi me puxando pra uma area lounge que ficava ao lado da pista, lá o som estava mais baixo porque o espaço era aberto, tinha algumas mesas e cadeiras altas, e também um bar. Ela já chegou e pediu uma dose de tequila pra cada.

- Bora aquecer! - ela disse e me entregou meu shot.

- Como vamos pagar as bebidas daqui? - olha só no que eu estava pensando.

- Nossa, relaxa, desarma, essas pulseiras - ela chacoalhou o braço - nos dá livre acesso à esse bar - e olhou de relance com uma cara insinuante pro barmen - e pra todos os homens eu que puder.

Com isso eu respirei fundo, baixei minha guarda e virei o shot, e depois dele vieram mais 2 e então decidimos ir pra pista e começamos a pular que nem pipoca ao som de um remix fo.da que o Dj fez de uma das músicas da Sia.