10°

1053 Words
Durante a madrugada: Acordo com um barulho do lado de fora do quarto, pego o meu celular para ver a hora e percebo que são quatro da manhã, horário que eu geralmente acordo para fazer o café da manhã do Polegar. Me levanto da cama indo direto para o banheiro, escovo os meus dentes, tomo banho e saio do banheiro com a toalha em volta do meu corpo, passo os meus produtos corporais, visto um conjunto de lingerie preto de renda, um vestido preto longo de alcinha, com um f***a na perna e estampas de bolinhas, nos meus pés apenas uma havaianas bandeirinha preto. Passo perfume, desodorante e prendo o meu cabelo em coque meio desengonçado, arrumo o meu quarto o deixando arrumadinho, pego o meu celular e desço belíssima, pronta para fazer o nosso café da manhã, como sempre faço. Porém, quando estou prestes a terminar de descer as escadas, escuto o Lobão no celular, e o conteúdo da conversa é o que me chama a atenção, e me faz parar no penúltimo degrau da escada e me abaixar na tentativa de me esconder no corrimão, e assim continuar ouvindo a conversa. Lobão: eu vou ter a minha vingança, e está mais perto do que você imagina 2N- fala e faz uma pausa, eu já ouvi esse nome, 2N- tô te falando carai, a mulher dele tá dormindo lá em cima, se o cara confiou de deixar a mulher dele comigo, ele tem confiança em mim, eu estou cada dia mais perto de matar o Polegar e voltar para casa- fala e eu saio do meu esconderijo. Caminho devagar até a cozinha e me sento em uma das banquetas do balcão, me apoiando no mesmo, o Lobão está falando no telefone na minha frente, de costas para mim, todo focado em fazer alguma coisa na pia da cozinha dele. Lobão: ele acabou com a minha vida e eu vou acabar com a vida dele- fala e faz outra pausa- não carai, eu não vou fazer nada com a mulher dele não, só quero ajudar ela, igual eu fiz com a Priscila- fala prendendo ainda mais a minha atenção- eu vou matar ele e vou com ela para Paraisópolis, aí ela consegue seguir a vida dela em segurança, diferente daqui- fala e novamente faz uma pausa- vou desligar aqui irmão, já já a mulher acorda, falou, fé aí irmão- fala e desliga. Ele vira para colocar o celular na mesa e se assusta quando me vê, olho para ele esperando uma resposta, e ele fica apenas me encarando surpreso, acho que se perguntando o quanto que eu ouvi da conversa dele. Eu: então você quer se vingar do meu maridinho- falo olhando para ele. Lobão: o quanto você escutou?- pergunta e eu dou de ombros. Eu: o suficiente para saber que você pretende matar o Polegar- falo e ele respira fundo. Lobão: vai me caguetar para ele?- pergunta e eu n**o com a cabeça. Eu: não, muito pelo contrário, eu quero te ajudar- falo e ele me olha confuso. Lobão: como?- pergunta confuso. Eu: eu quero te ajudar, nós dois sabemos que o meu maior sonho é me livrar do Polegar, eu quero te ajudar, eu quero me vingar dele por tudo o que ele já fez comigo- falo e ele senta na minha frente. Lobão: como vou saber que não vai me trair?- pergunta e eu dou de ombros. Eu: não sou uma mulher de duas palavras, achei que já soubesse- falo sorrindo para ele. [...] Aqui estou eu, sentada no sofá da minha sala, escutando todo o plano do Lobão enquanto encaro a aliança de casada no meu dedo, pelo visto o dia de me livrar dessa coleira está cada vez mais perto, eu estou tão ansiosa por isso. Lobão: você está prestando atenção?- pergunta e eu confirmo com a cabeça. Eu: como nunca, agora deixa eu te perguntar, onde entra a parte de matar ele?- pergunto e ele dá risada. Lobão: tá empolgada hein- fala e eu dou de ombros. Eu: como nunca- falo e ele senta do meu lado. Lobão: quando tudo acabar, tu vai gostar de Paraisópolis, São Paulo é um bom lugar para se morar- fala e eu dou de ombros. Eu: vou estar longe daqui?- pergunto e ele confirma com a cabeça. Lobão: vai- fala e eu confirmo com a cabeça. Eu: pois pronto, não preciso de mais nada na minha vida- falo e ele dá risada. [...] E do nada o senhor Hugo resolveu assar uma carne na lage dele, onde ninguém pode nos ver, a gente não se aproximando da grade tá tudo certo! Ele tá lá em cima cuidando da churrasqueira, eu aqui em baixo, na cozinha, cuidando da comida, e nós dois bebendo a mesma coisa, cerveja gelada, meu Deus, faz tanto tempo que eu não bebo uma cerveja e como churrasco na paz, porquê teve churrasco pouco tempo lá em casa, bebi e comi, porém, não foi assim, não é a mesma sensação, sabe? Enfim, o meu foco agora é fazer a comida e me livrar do meu "querido" maridinho, eu não vejo a hora de me ver livre daquele "homem", se assim posso chamar ele. Lobão: a churrasqueira está acendendo, vai precisar de alguma ajuda aqui?- pergunta entrando na cozinha. Eu: não, não, mas se quiser ajudar, você pode ir cortando essas coisas ae- falo e ele confirma com a cabeça, ele lava as mãos, pega a tábua de corte e uma faca e começa. Ele começa a cortar o alho, cebola, pimentão e essas coisas todo animadinho, o som da casa está ligado tocando um pagode e ele está sambando, cantando, todo animadinho. Geralmente o Lobão é um homem sério quando está com o Polegar, quando está comigo ele fica todo animadinho, mas para ficar cantando e dançando assim? É a primeira vez, e dúvido que seja por conta do álcool, o homem só bebeu duas cervejas até agora. Lobão: bem melhor ficar de sua babá aqui em casa, do que lá na sua casa- fala e eu confirmo com a cabeça. Eu: aqui eu consigo ter o mínimo de liberdade- falo e ele da de ombros. Lobão: por enquanto, logo você estará em Paraisópolis- fala e eu já abro um sorriso. Eu: espero esse "logo", seja logo mesmo.
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