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3475 Words
Três ARYELA A semana foi tensa, estressante. Tudo graças a d***a daquele dia e da maldita ideia que tive de pisar em uma periferia. Quase morri, por pouco não perdi minha vida para aquele n***o ridículo, por pouco não deixei minha princesa sozinha. Os dias se passaram lentamente, até mesmo o final de semana agitado se estendeu por “anos”, nada acontecia, pelo menos nada relevante e, é justamente por isso que minha mente começou a criar coisas. Vez ou outra me pegava lembrando do olhar triste do garoto que me deu carona, meu peito doía enquanto me recordava da energia forte que trocamos. Como aquilo era possível? Eu não o conhecia, não me lembrava de tê-lo visto alguma vez, mas era como se estivéssemos compartilhados uma vida inteirinha, era uma sensação de déjà vu implacável que me abalava com a mesma força de um nocaute. Ontem não consegui dormir por alguns motivos: (1) Lô, Lucas e eu saímos, fomos para uma balada e estávamos nos divertindo, mas, no meio da festa lembrei de hoje, do maldito dia que marcou definitivamente minha vida. Uma dor incurável. Uma ferida aberta que jamais seria cicatrizada. Perdi o foco, o sentido. Então pedi um táxi e saí a francesa, sem ao menos dar satisfações para meus amigos... É sempre assim, não tem saída, o desespero parece não ter fim, nem limites e, hoje especificamente ele se multiplica à mil. O motivo (2) para minha insônia foi a ansiedade, hoje iria iniciar meus trabalhos ao lado de papai. No fundo estava segura, sei do meu potencial, inteligência e me garanto em tudo que faço, mas com Dad do meu lado tudo parecia pouco, pequeno. Ele é um magnata premiado, reconhecido e reverenciado como um dos maiores empreendedores brasileiros, aclamado e cheio de experiência e, por mais que eu tenha me graduado e pós graduado numa das melhores universidades do mundo, sinto uma certa insegurança por saber que mais cedo ou mais tarde ocuparei o lugar de alguém tão grande. — Buongiorno famiglia! – Meu pai, Eliberto Salgari aproximou-se da mesa sorrindo, os olhos claros reluziam positividade, enquanto os cabelos grisalhos oscilavam da mesma maneira que os traços másculos marcavam o rosto cansado. — Buongiorno padre! Adoro quando o grande Mr. Salgari desperta falando italiano! – Sorri para Dad servindo sua xícara e a minha. — Sempre é bom relembrar as origens, não é mesmo filha? – Dad sentou-se ao meu lado, antes de apanhar a xícara acariciou a cabecinha de Tinker que estava sobre meu colo. – Você sabe que sua mãe odeia quando você coloca essa belezinha à mesa.  Trouxe a geleia para mais perto e fitei os olhinhos doce, inocente da minha princesa, depois tornei a olhar para papai. — E o senhor sabe melhor que ninguém que eu realmente não me importo com a opinião dela. É totalmente irrelevante. — Filha... — Please Dad, não vamos voltar com esse assunto. Já estou nervosa, nem dormi por causa da ansiedade. — Não sei porquê! Até parece que você não está preparada, estudou muito, fez estágio numa multinacional. Fora que sempre compartilhamos opiniões e eu sempre fiz questão de te deixar por dentro do meu trabalho na Salgari. Erga a cabeça minha querida, você tem um patrimônio bilionário para comandar daqui em diante... Tive que interrompê-lo: — Não fale assim Dad, vamos com calma... – Sorri um pouco nervosa – Eu só preciso me adaptar, pegar a manha. Prometo que não irá demorar. — Tenho certeza que não. Confio em você filha. — Que ótimo! – Irritada, eu revirei os olhos ao ouvir aquela voz. – Eu sempre fico admirada com sua relação com nossa filha, Eliberto. É tão lindo, tão sincero. – Estela, minha mãe infelizmente, se achegou trocando passos firmes. Ela usava um vestido envelope clássico, que combinava com seu estilo elegante ao mesmo tempo em que jovial. Era magra, alta, tinha traços finos e expressivos marcando seu rosto junto ao cabelo loiro em corte chanel, era uma mulher linda, de porte, não era atoa que na juventude atuou como modelo. – Deveria ser assim comigo também, Ary. – Sorriu de orelha a orelha enquanto se aproximava cheia de pose. Tomei a xícara de café num único gole, levantei-me apressada, receando que ela me tocasse e enchesse meus ouvidos de palavras doces, falsas. Hoje então não seria o melhor dia para isso, eu poderia perder o controle, me desesperar como já aconteceu algumas vezes. — Rosa! Rosa! – Chamei pela criada que surgiu segundos depois. — Quer alguma coisa, Aryela? – Rosa era uma mulher gordinha, tinha quase 50 anos e trabalhava na mansão a quase 30. Eu tinha muita consideração pela pessoa incrível que era ela. — Sim, honey, sirva meu café na cozinha, por favor. Lá eu tenho certeza que não serei incomodada. — Você vai mesmo levar essa c****a para cozinha? Não acredito nisso! — Não me lembro de ter te convidado, querida! – Revirei os olhos, segui plena enquanto ouvia os suspiros e as reclamações dela com papai, que obviamente não levaria a nada, já sou uma mulher formada, vivida, tenho 28 anos de idade, graças a Deus ela não tem mais influência na minha vida. Depois do café segui com papai para o prédio sede da Salgari, infelizmente tive que deixar Tinker em casa porque teríamos uma reunião importantíssima com um grande representante imobiliário. Mais um grande negócio fechado e, eu acompanhei e opinei em tudo, detalhe por detalhe. Dad não mediu elogios para mim, na verdade, ele sempre me mimou e me babou muito. Estava analisando a sala em que ficaria daqui para frente, imaginando alguma decoração legal para dar sugestões a designer, mas quando meus olhos se encontraram com a janela escura devido ao dia cinza lá fora, meus olhos desabrocharam em lágrimas. Sempre foi assim, o clima ficava tenso, frio, com a mesma energia negativa daquele dia. Tudo em mim doía, queimava como carne em brasa. Respirei fundo buscando alívio, mas era como estar presa no olho do furacão, tudo que eu fazia apenas piorava minha situação. Vivi quase uma década fora do país e por incrível que pareça lá não era tão intenso quanto aqui. Lá eu estava longe do meu passado, longe desse escuro passado, sofrido demais. Lá, às vezes eu era feliz... Saí da sala apavorada, tentando esconder minhas lágrimas da secretária. Entrei no elevador na primeira oportunidade e apertei o número da garagem me olhando no espelho, vendo meu reflexo sem nenhuma expectativa para nada. Procurei pelo meu carro e quando encontrei parti logo para a saída, sem rumo, me sentindo perdida. Deixei toda aquela tristeza e amargura me guiar e, no fundo, bem lá no fundo do meu coração havia um único lugar que eu queria ir, mas que sempre tive medo de visitar, porém hoje eu não me limitaria, faria com que minha força de vontade fosse tão grande ou maior que essa apreensão toda. E foi assim que segui para o lugar que sempre recuei e fugi em todos esses anos. [...] MARCOS — Parabéns Laurinha, suas notas até que não estão ruins. – Disse vendo o boletim escolar da minha filha sobre a mesa, cheio de notas de 8 a 10. Ela continuou comendo o misto quente, fingindo não ter ouvido meu elogio. As coisas estavam tensas no meu barraco. Depois da m***a daquele dia tive que deixar Laurinha de castigo pela semana inteira. Da casa para a escola e da escola para casa. Ela ficou bolada, mas eu não tive escolha, precisava colocar um freio para que ela parasse de se meter nos meus esquemas. — Está orgulhoso, pai? – Perguntou pouco se importando, seus olhos estavam vidrados no telefone. — Pow, é claro! — Pena que eu não consigo sentir isso por você. – Foi fria, dura, meu sangue ferveu enquanto eu suspirava vendo-a se levantar, pegar a mochila na outra cadeira e pendurar nas costas. – Tô indo. Bom trabalho. – Não olhou para trás, saiu apressada, irritada, mas antes de atravessar a porta fez questão de acrescentar: – Ah, hoje faz 10 anos que minha mãe morreu, uma pena... Acho que se ela estivesse viva você seria diferente! – Bateu com a porta cheia de marra, fazendo o ódio renascer do meu peito como uma fênix, empurrei a xícara para o lado deixando o café derramar sobre a toalha da mesa, levantei-me num pulo. Puto, bolado avancei rapidamente até a porta, mas fui impedido por dona Glória. — Marcos, por favor... – Dona Glória, minha avó, era uma mulher alta, magra, n***a, passava a maior parte do tempo em casa inventando coisas para fazer. – A Laurinha está com raiva e com razão, ela é uma menina boa, inocente... Não é fácil para alguém tão ingênua quanto ela aceitar que o pai pode m***r e morrer a qualquer hora. Querendo ou não ela ainda é uma criança e, para ser sincera, nem eu me conformo com isso... Você era segurança, não ganhava tanto, mas... — A senhora sabe que depois da morte da Natália eu perdi o controle dessa m***a de vida! Comecei a cheirar, beber, me envolver no crime e acabou que deu nisso... Não era o que eu queria, mas é o que eu sou e, o que coloca comida na mesa pra encher o seu r**o e o dela!  — Olha como fala comigo hein?! Sou sua vó, não sou bagunça não p***a! – Vovó bateu com o pano de prato na minha cara. Estressado, dei de ombros seguindo para meu quarto onde peguei o oitão atrás da porta e meti o pé para a boca, frustrado, pensando no que Laurinha disse, relembrando de quando a mãe dela ainda era viva e tínhamos uma vida normal, bem simples, mas éramos felizes. Natália morreu no auge da vida, tinha apenas 18 anos na época e nossa filha só 4. O pior de tudo é saber que ela se foi logo no dia do seu aniversário de maioridade. p***a, ela sonhou tanto com isso, em voltar a estudar, em melhorar de vida ao meu lado, mas infelizmente nem tudo segue de acordo com o que planejamos. E foi assim que a perdi, no meio de um baile, animada, cheia de planos, cheia de sorrisos para o futuro. Na época doeu, foi difícil superar, tive que tirar forças de onde não havia para poder seguir, não por mim, mas sim pela nossa filha que ela pediu para que eu cuidasse. Dez anos se passaram... Hoje levo uma vida perigosa, mas não vou dizer que não curto, a real é que eu tenho fetiche por tudo que faço. Não há nada melhor do que a sensação de adrenalina se espalhando como fogo pelo corpo. O medo também é legal, ele me faz pensar rápido. Se naquela época eu tivesse essa mentalidade creio que as coisas teriam tomado outro rumo, mas não adianta ficar chorando pelo leite derramado, a parada agora é mostrar no hoje, fazer diferente para não sofrer pela mesma desgraça de antes. [...] — Marcão! Tu tá ciente do proceder do Taíde por aqui no complexo né cara... p***a, esse c*****o de milícia tem poder pra c*****o, ele tá fechando com os canas. Ele já mandou o papo que não vai parar enquanto a Maré inteira não estiver sob o poder dele! – Havia acabado de brotar na boca da 19, Xamã ficou de plantão, tinha virado a noite lá e logo de cara não me poupou de uma notícia r**m. Taíde estava crescendo na área, a milícia parecia uma praga, era pior que Alemão. Bater de frente com eles era cilada, mas daqui para frente não teríamos escolha, era o meu que estava na reta e eu não estava a fim de perder o meu posto, muito menos deixar minha comunidade virar escrava desse sistema escroto. — O que sabemos sobre ele além de ser um ex delegado pego por corrupção? – Disse me aproximando lentamente, tirando o fuzil das costas e colocando ao lado da mesa. — Nada. Só que ele está crescendo muito rápido, ninguém fica de pé quando bate de frente com a tropa dele e... Os caras já passaram a mensagem que ele tem X9 por todo lado, não é difícil ele ter um por aqui também, tá ligado? — Claro. Vamos começar a trampar com isso. — Você não entende, ele faz propostas para os crias sair do tráfico e passar pra milícia, tem muita grana envolvida, não dá pra competir. — Quem disse? Não vou peidar só porque ele se acha o fodão da p***a toda, – sorri – o cara só é visionário, também podemos agir nesse naipe. Xamã, faz o seguinte, puxa um filtro na calada, só pra saber se o bonde é de confiança. Vou dar um pulo lá embaixo, preciso fazer uma parada pra ontem, mas volto rápido pra começar a deixar essa questão na atividade. — Vai lá, só não dá mole. Não vai querer rodar agora né?! – Ergueu os olhos me fitando com sarcasmo. Arqueei as sobrancelhas e, disse antes de sair.  — Tá doido?! O xadrez e eu só combinamos pra estampar minhas camisas, cara! Xamã sorriu balançando a cabeça enquanto eu atravessava a porta do barraco. Peguei minha moto e parti, agora mais do que nunca precisava de um choque de realidade, de me lembrar de como uma perda dói e o porquê não posso ficar brincando de viver por aí. [...] Meu medo e minha piedade morreram junto com Natália, a partir daquele momento o botão do f**a-se foi ativado para que nunca mais eu voltasse a ser o****o, nem fraco. Superar não é o mesmo que esquecer. A mãe da minha filha foi a única mulher que amei na minha vida. Éramos amigos de infância, vizinhos que se apaixonaram e, que na adolescência deixaram o amor gritar mais alto. Fomos irresponsáveis pra c*****o, tanto que ela engravidou com 14 anos de idade, eu também era um moleque de 16, ainda não entendia nada da vida, de como casar e ser pai poderia ser complicado, mas mesmo assim superamos as dificuldades, na época eu fazia de tudo um pouco. b***s de ajudante de pedreiro, às vezes umas paradas na boca, mas nada faltava para minha mulher e minha filha. Eu trabalhava e vivia para vê-las felizes, mas fazer o quê... infelizmente houve essa covardia, foi um arrombo na minha vida e quase me vi obrigado a sair dessa também.  O cemitério daqui era meio largado, era um amontado de covas rasas, quase não havia túmulos e a capela estava acabada, há anos provavelmente que suas paredes não viam uma tintura. Tão f**o como o céu cinza e o clima nublado e frio, combinando com toda energia r**m das más lembranças que a p***a desse dia me trazia. Ela só queria ir ao baile para comemorar o aniversário e, acabou perdendo a vida, justamente no dia em que só queria curtir...  Caminhei devagar entre as lápides, desviando de alguns túmulos enquanto o sereno caía sobre mim. Não foi difícil encontrar a cova dela, largada, abandonada entre mais centenas... Natália Cristina Souza Rodrigues * 10-05-1991 + 10-05-2009 "Aqueles que amamos nunca morrem,  apenas partem antes de nós." Ela não estava mais ali, mas o ar de cobrança prevalecia, aquela voz rouca e sofrida nos últimos suspiros não parava de ecoar em meus ouvidos. "Marcos... Por favor... Cuide da Laurinha..." "Não deixe ninguém fazer m*l pra nossa filhinha..." "Eu te amo, mas tenho que ir..." Não pude fazer nada senão ouvi-la, enquanto seu sangue me aquecia e o meu fervia, vendo o policial que atirou na minha mulher meter o pé e escapar entre a multidão como se não tivesse feito nada, como se ele não tivesse dado fim em uma mãe com uma filha de apenas quatro anos.  Foi o pior dia da minha vida, dói lembrar, mas é impossível não me recordar e sentir o ódio passar como uma onda, fazendo cada célula do meu corpo borbulhar, arder, queimar. Agora era tarde, não havia mais lágrimas pra chorar, no lugar disso ficou apenas um vazio, um oco no peito que jamais seria preenchido. Era f**a lidar com isso. Olhei para a lápide uma última vez antes de dar de ombros. Segui, mas com a cabeça baixa, lamentando.  Fui pego de surpresa ao ouvir um choro baixinho vindo dali de perto, o que era bem comum num cemitério. Passei por um túmulo e vi uma mulher ajoelhada, praticamente jogada sobre a lápide, se debatendo sem parar. Temi que ela estivesse passando m*l e corri até lá. Engoli a seco quando vi o sangue escorrendo do seu pulso enquanto havia uma navalha na mão manchada de vermelho. Ali eu não perdi tempo, não me importei com o sangue ou com a lâmina, avancei em seu braço imobilizando-a, jogando a p***a daquela faca para longe e no meio daquela confusão toda acabamos ficando de frente um para o outro. — Você? Mas... Que diabos você está fazendo num... num cemitério? – Arqueou as sobrancelhas, deixando os olhos azuis queimarem os meus cheios de raiva. Eu realmente estava surpreso, assustado talvez. — Vim fazer uma parada totalmente diferente de cortar o pulso em cima de uma cova. Já você não pode dizer o mesmo, pelo que tô vendo. – Soltei seus braços e tratei logo de tentar limpar minha mão na grama. – Precisa dar um jeito nisso aí se não quiser morrer por perda de sangue. – Forcei um sorriso, mas ela não fez questão de mudar a feição de arrasada que marcava cada traço do rosto delicado. — Está tudo bem, honey – ela revirou os olhos me encarando com desprezo – são apenas cortes superficiais, não é nada demais. Agora se me der licença, eu preciso ir embora, tenho compromissos pra essa tarde. – Disse se levantando, jogando o cabelo como se nada estivesse acontecendo. Eu ri. — Isso é sério? — Isso o quê? — Uma mulher como você, cheia de pose, saí de não sei onde pra vir cortar os pulsos num cemitério de favela... Meio estranho, não? Não foi você que me chamou de macaco, que tirou onda com minha cara no meio de uma galera? Desculpa loira, mas ainda não deu tempo de superar, – sorri com sarcasmo – você tem sorte de estar viva, na moral, você tem sorte que eu tenho uma filha dramática pra c*****o e que adora se meter no que eu faço. — Droga... – estalou os lábios – Era o que me faltava. Desculpa se eu te magoei naquele dia querido, mas se você tiver uma memória razoável vai se lembrar que estava me assediando, foi impossível não agir daquela forma. Eu só me defendi. — E agora? Caso eu queira terminar o serviço... – meti a mão na cintura tirando a 38 que o casaco pesado ajudava a disfarçar. – Vai se defender como? – Engatilhei a arma sorrindo, brincando com a mira enquanto marcava pontaria em várias partes de seu corpo. — Posso ser sincera? — Claro, por que não? – Arqueei as sobrancelhas cheio de deboche. – Não custa nada ser sincera nas suas últimas palavras. — Você me matando vai estar me fazendo um favor, eu juro que eu tento fazer isso todos os dias, mas chega na hora eu acabo travando. Falta coragem. Inclusive, eu já pensei em pagar alguém pra fazer esse trabalho, mas como eu já disse, me falta coragem... – Ela olhou dentro dos meus olhos enquanto tirava um lenço de dentro da bolsa e limpava o pulso, em seguida ela tirou um maço generoso de grana e me ofereceu. – Além disso aqui, você também vai poder ficar com as joias que estou usando, com meu carro, importado – sussurrou se achando – e com meu celular... – De repente o sorriso sarcástico desapareceu de seus lábios e foi substituído por lágrimas grossas em seus olhos. Fiquei completamente sem graça, eu só estava gastando, mas ela pelo que me parecia estava sendo sincera e p***a, isso é péssimo. Uma mulher bonita e rica pra c*****o a fim de se desfazer da vida assim, do nada. — Foi m*l, mas não vou poder te ajudar. – Disse guardando a arma na cintura de volta, observando a maneira com que ela olhava para a cova. — Ninguém pode... – A loira tentava secar as lágrimas, mas elas não colaboravam e despencavam sem cessar. — É algum parente seu nesse túmulo? — Sim... – Murmurou em meio aos soluços. — Mas por que alguém de uma família rica foi enterrado aqui, num cemitério de morro? Numa cova rasa?! p***a. – Perguntei sério e naquele momento seu olhar se enrijeceu, ficou na defensiva se alternando entre mim e a lápide sem nome.
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