O Canto da Sereia

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No dia seguinte ela estava animada e nervosa ao mesmo tempo. Colocou uma camiseta preta, calça jeans e fez um r**o de cavalo. Colocou os óculos, calçou os tênis e voilà, estava a mesma ridícula de sempre. 

Pegou a mochila e foi pra aula sem nem tomar café. Estacionou o carro certinho dessa vez. Caminhou pelo corredor até seu armário, do outro lado estavam Enzo e Yuri. Respirou fundo, juntou toda a coragem que tinha e foi até lá. 

— Oi — disse tímida. 

— E aí — ele sorriu — Melissa Yuri, Yuri Melissa. 

— Oi, é um prazer — ele diz apertando a mão dela. 

— Tudo bem? — Ela pergunta para os dois. 

— Sim — Yuri responde. 

Antes que Enzo pudesse responder, Raquel brotou de não se sabe onde e enfiou a língua na boca dele. 

— Oi amor — ela diz animada e ao se virar o sorriso se desfaz — eca! Por que tá falando com ela? 

— Ah, por nada... 

Ela o interrompe. 

— Não importa. Vem, vamos embora. E você, sua esquisitona, pare de dar em cima do meu namorado, 

Ela sai, o puxando pelo corredor. Melissa suspira. 

— Não liga pra ela — Yuri diz — é só uma louca por atenção. 

Mel dá de ombros. 

— Ela tem razão. Não tem? — Diz, antes de sair dali. 

Pelo resto da semana, Enzo a ignora completamente. Ele e Raquel estão quase namorando, do jeitinho que ela queria. Enquanto isso, Yuri era um príncipe com Luísa, que estava suspirando por ele cada vez mais.

Na sexta feira de manhã, ver Raquel esfregando Enzo na cara dela e ele não dando a mínima foi a gota d'água. 

— Eu não quero mais ser uma Duff — ela despeja em cima de Lucas, que estava sentado em sua cadeira com uma cara de tédio sem tamanho. 

— O quê? 

— Veja bem. Eu estou cansada de ser uma desengonçada útil. Hoje até o Sr. Durval veio me perguntar das minhas amigas. 

— Prossiga. 

— E você precisa passar em química para voltar ao time de basquete... 

— Agora a conversa está ficando interessante. 

— Vamos trocar. Eu te ajudo em química e você me ajuda... nisso. 

— Não é justo! Você ficou com a parte fácil. 

Ela bufa. 

— Nem sei porque te pedi isso. 

— Não, não. Fechado. 

— Você, aceita? — Ela grita empolgada e todos da sala olham f**o pra ela, que se encolhe. 

— Tá, mas não é como se fosse um pedido de casamento. 

Ela ergue o dedo do meio pra ele.

  O final de semana dos dois foi bem agitado. Pra começar, Vanessa achou estranho dois garotos irem ver a filha numa semana só. Mas o tratou igualmente bem. 

— Então Sra. Blackburn, sua filha vai precisar de um cartão, vale compras... 

— Não me diz que ela vai comprar roupas novas — ela diz quase se ajoelhando — e hidratar o cabelo?

Ele ri. 

— Essa é a ideia. 

Vanessa entrega o cartão para a filha. 

— Me conta tudo quando voltar. 

Os dois pegam um Uber e vão para o shopping mais próximo. Chegando lá, o primeiro lugar em que ele a leva é a Victória Secret. 

— Sua postura é torta por usar um número errado de sutiã, mas tenho certeza que a Helena — ele diz olhando o crachá da vendedora — irá cuidar muito bem de você. 

— Sim. 

Helena arrasta Melissa até as araras, mede o b***o dela e sai pegando vários conjuntos rendados, com cores diversas. Quando Mel saiu da loja estava com a postura melhor e p****s aparentemente maiores. 

— Eu até te comeria — ele comenta e recebe um soco no estômago em seguida — vamos a próxima loja — diz se curvando e puxando o ar. 

Ele escolhe várias peças de roupa pra ela, que simplesmente odeia todas. Mas resolveu não argumentar já que havia pedido por isso. 

Ela saiu vestindo uma calça dois números menores do que estava acostumada. 

— Falta de ar faz parte? 

Ele faz um sinal positivo e admira a b***a dela, marcada totalmente pela calça.

  Depois de comprar várias roupas ele a leva ao salão para fazer as sobrancelhas e hidratar o cabelo, do jeito que a mãe queria. Como o cabelo já era liso, o cabeleireiro apenas secou e modelou as pontas com a escova. Compraram um par de lentes e óculos menores. Ela estava deslumbrante. 

Ele se ajoelha na frente dela, no meio do shopping. 

— Quer casar comigo? 

Em resposta ela chuta as bolas dele, que caí de lado. Todos que passam ficam encarando os dois. Ela começa a rir até ficar sem ar. 

Quando o Uber deixa ela na porta de casa, Luísa e Poliana a esperam. 

— Eu fiz um ótimo trabalho — Lucas grita de dentro do carro. 

— Não se atrase amanhã — ela grita de volta e então se vira para as amigas. 

— Quem é você e o que fez com nossa amiga? — Poliana pergunta. 

— Que bom que estão aqui, podem me ajudar com essa "sacolaiada". 

Vanessa fica extasiada ao ver a filha e no final das contas, todas se juntam no quarto dela para conversar. Melissa conta desde a conversa com Lucas na festa até Enzo a ignorando depois do beijo. 

— Ele é um b****a — Luísa diz indignada. 

— Os dois são — Poliana conclui. 

— Filha, você é linda, não deixe que ninguém diga o contrário. 

— Que tipo de leonina você é? — Luísa pergunta e todos olham estranho pra ela. — Ninguém mais segue o João Bidu? 

— Não?! — Poliana responde. 

— Bom, os leoninos costumam ter a auto estima bem lá em cima mesmo. Tipo a última bolacha do pacote. 

Todas começam a rir dela. 

— Por que você não falou com a gente? — Poliana pergunta, segurando as mãos da amiga. 

— No fundo eu estava com vergonha.  

 As meninas fizeram Melissa alterar sua foto de perfil do f*******:. Fazia cinco meses que tinha uma foto de um gato cor de rosa. Ao ver aquela foto ela realmente percebeu que era uma Duff completa. Tirou a foto no Iphone de Luísa, que editou para ela e postou. 

A legenda era apenas um emoticon de um pônei, ela não tinha frases boas, mas tinha uma trilha sonora completa que queria que fosse da sua vida. Naquele momento de bad trip poderia começar a tocar do nada all by myself. 

Um turbilhão de curtidas e comentários das pessoas da escola começaram a chegar. Lucas, foi o primeiro. 

Lucas Rodrigues: Minha obra prima! ;) 

Melissa Blackburn: Vá se f***r. E não se atrase amanhã.