Melissa não conseguiu se concentrar na aula de álgebra, para sua sorte ele estava lá, sentado duas cadeiras à frente dela. Ela não ouvia o professor, apenas ficava imaginando o casamento dos dois.
— Agora, falaremos do nosso trabalho que garante quarenta por cento da nota do semestre. É um trabalho em dupla sobre geometria espacial e eu sortearei as duplas.
A sala gemeu de insatisfação.
O professor começou a falar às duplas, quando Melissa ouviu a sua quase teve um treco.
— Melissa e Enzo.
O novato começou a olhar em volta procurando até que ela acenou para ele, que sorriu.
Assim que o sinal tocou o gato foi falar com ela, que estava tão nervosa e derrubou o livro no chão. Ele, com toda educação, pegou e entregou à ela.
— E aí, onde vamos fazer o trabalho?
— Pode ser lá em casa. A não ser que você prefira...
— Está ótimo. Depois marcamos o dia.
Ele pisca pra ela e saí da sala, deixando-a com as pernas trêmulas. Não era possível que alguém que ela acabara de conhecer lhe causasse esse efeito.
Ao chegar no corredor encontrou Poliana e, mais a frente, Luísa conversava com Yuri.
— Ela é rápida em — Mel diz sorrindo.
Poliana revira os olhos .
— Não tanto quanto aquela ali, olha — ela diz apontando pro outro lado.
Melissa se vira e vê Raquel engolindo Enzo. Ela arreia as quatro patas. Não é possível que ele tenha se interessado em alguém tão v*******a e superficial.
— Tá tudo bem, Mel? — Poli pergunta.
— Tá sim. Eu lembrei que minha mãe me pediu pra comprar cebolas, tenho que ir.
Ela saiu apressadamente da escola e quando entrou em seu carro desabou a chorar. Sentia-se fraca e impotente, isso nunca havia ocorrido antes. Ela não sabia como lidar.
No dia seguinte Enzo foi embora com ela para fazerem o trabalho. Vanessa ficou tão animada que ao invés de cozinhar o almoço pediu pizza. Ela e Enzo conversaram muito, o que deixou Melissa constrangida, entretanto, Enzo gostou de sua mãe.
Depois de comer eles subiram para o quarto dela, enquanto Enzo pesquisava no notebook ela fazia as anotações, sentada no chão do quarto.
Agora, sem as roupas que usava no colégio, ela estava mais interessante. Usava uma camiseta simples, apesar da postura torta pelo número errado de sutiã, caia bem nela. E um short jeans desbotado. Estava descalça e parecia relaxada. Prendeu os cabelos em um coque frouxo, que destacou seus ombros. Seus lábios eram carnudos e ela tinha uma carinha curiosa enquanto copiava. Isso atraía Enzo e ao mesmo tempo o incomodava. Todos no colégio falavam que ela era uma Duff esquisita, mas não era o que ele via.
— Sabe se sua amiga gostou do meu irmão? — Puxou assunto.
Ela ri.
— Não está óbvio?
Ele encara ela com um sorriso travesso, o que a faz corar as bochechas.
— E aí, está namorando a Raquel? — Ela perguntou, fingindo não se importar. Até que conseguiu enganá-lo bem.
— Não, quem te disse isso?
— Bom, é o que ela está dizendo pra todo mundo. Ainda mais depois de levar um par de chifres do capitão do time de futebol.
Ela é meio superficial às vezes — ele pensou. Mas não disse nada.
— E você, está ficando com alguém? — Ele pergunta, fingindo não se importar também.
Ela solta uma gargalhada.
— Você já deve saber que eu sou a garota de acesso e não a acessada.
— Essa é a maior besteira que eu já ouvi.
Ela levanta a sobrancelha.
— Já se passou pela sua cabeça a possibilidade de ficar comigo? Pois é, acho que não — ela conclui.
Sim — ele pensa. Mas novamente não diz nada.
Eles finalizam a parte escrita do trabalho. Ainda têm que montar uma apresentação de slides e construir uma esfera. Como o trabalho é para três semanas depois, deixam pra terminar outro dia. Ela não o manda embora e ele não quer ir.
— Quer assistir um filme? — Ela pergunta, quebrando o gelo.
— Pode ser.
— Entra no Netflix então, vou buscar pipoca.
Ele se vira para o notebook e começa a procurar enquanto ela desce as escadas com o coração na boca. Isso tudo era novo pra ela, que já tinha beijado apenas dois garotos e nunca se apaixonou por ninguém. Se sentia ridícula.
— Mãe, tem pipoca?
Vanessa sorriu, era a primeira vez que ela a chamava de mãe sem fazer careta.
— Sim, vou fazer.
Mel afirma com a cabeça em agradecimento.
— Esse é seu namorado? — Vanessa pergunta, entusiasmada.
— Não — responde um pouco desanimada.
— Não o deixe escapar — ela pisca para a filha, cúmplice.
Quando a loira volta ele já havia escolhido um filme, ela pega uma pipoca e enfia na boca, em seguida entrega a vasilha pra ele e se senta no chão.
— Senta na cama aí — diz.
— O chão parece mais confortável — ele responde sentando ao seu lado.
O filme era uma comédia, vez ou outra ela começava a rir e isso o deixava hipnotizado, ficava vendo como as bochechas dela ficavam bonitinhas quando ela ria.
— Esse filme tá muito chato — ele reclama.
— Foi você que escolheu — ela responde jogando uma pipoca nele.
— É guerra? — Pergunta.
— Quem sabe — ela ri.
Logo os dois estão atirando pipoca pra tudo que é lado. Ela se levanta para correr mas ele lhe dá uma rasteira e a loira cai. Ele rola para cima dela, lhe prendendo os braços. Ela ri ofegante.
— Estamos perdendo o filme — murmura.
— Sei de algo melhor que podemos fazer — ele diz aproximando os lábios dos dela.
Ela fecha os olhos lhe dando permissão e ele a beija. Quando suas línguas se chocam, uma eletricidade percorre o corpo dos dois. Ela se sente flutuando a dez metros do chão, enquanto ele aprecia cada segundo. Os dois dividem um gosto amanteigado da pipoca e o corpo ainda quente da brincadeira.
Uma das mãos dele sobe por dentro da blusa dela e alcançam seu seio por dentro do sutiã. É quente, macio e grande. Ele fica completamente aéreo, nada mais parecia importar.
Ela se assusta e encerra o beijo. Nunca tinha chegado tão longe e estava nervosa. Os dois se sentam no chão, se encarando.
— Acho melhor você ir — ela sussurra, corada, olhando para o chão.
— Tudo bem.
Ele aperta o queixo dela, junta suas coisas e sai.