Durante o colégio, mais dois garotos pararam Melissa para perguntar se suas amigas estavam solteiras e sairiam com eles. Outros, riram dela por usar uma bermuda larga e um blusão cor de musgo. O restante a ignorou como sempre.
Quando chegou em casa, a mãe lhe deu uma boa olhada e fez uma careta.
— Querida, por que não usa algo mais... feminino?
— Não obrigada — respondeu e subiu direto para o quarto.
Na sexta, Luísa pegou o super carro da mãe emprestado e buscou-a em sua casa. Mel assobiou ao ver o carro. Luísa vestia uma camiseta preta e uma saia florida rosa, nos pés um salto Anabela combinada perfeitamente com os brincos de madeira. Poliana vestia um short jeans desfiado e uma regata vinho, calçava tênis baixos brancos.
Mel estava com uma camisa xadrez, short com suspensório e tênis. Os cabelos estavam soltos, naturais e os óculos cobriam o rosto.
As três chegaram parando tudo. Na verdade, só duas. Ninguém olhava para Melissa.
A festa estava animada. Todos estavam lá, Rodrigo servia doces, todos enchiam seus copos com vodca e vários pulavam na piscina. Raquel estava lá, exibindo seus p****s cirurgicamente duros e sua b***a perfeita.
Poliana e Luísa foram dançar, enquanto Mel recusou e foi pegar algo para beber. Deu de cara com Lucas, o ex vizinho b****a.
— Fala aí, loira.
Ela respondeu com um breve aceno de cabeça.
— Sabe se a Luísa tá com alguém? Interessada em alguém?
— Não.
— Não sabe ou não está?
— Os dois.
Ele revira os olhos.
— Até mais Duff. Ajudou muito.
— O quê?
— Duff. Desengonçada, útil, f**a e fofa.
Ela ficou boquiaberta, e indignada.
— Você acabou de me chamar de f**a?
— Olha, uma Duff não tem que ser necessariamente f**a. Olha a Carla por exemplo, é uma Duff.
— Mas a Carla é linda.
— Não tanto quanto a Sara e a Sasha.
— E o que seria exatamente uma Duff?
— É aquela pessoa em que se chega para obter uma informação. Por exemplo, eu vim aqui procurar uma informação da Poliana.
— Eu não sou uma Duff!
— É mesmo? Quantos caras vem atrás de você perguntando das suas amigas?
Ela ri.
— Não sei, eu não fico contando.
— E quantos caras vem perguntando sobre você?
Ela fica calada.
— Viu?
Em seguida, fica p**a e joga a bebida nele. Logo, vai embora da festa sem sequer se despedir das amigas.
Melissa chegou em casa espumando de ódio. Aquele filho da p**a havia chamado ela de Duff. Não, ela não era uma Duff, não podia ser verdade.
— Já chegou filha? — Vanessa perguntou sentada no sofá assistindo à Geordie Shore.
Melissa encarou a televisão por um segundo e cogitou sentar para assistir, mas ao desviar os olhos para a mãe, desistiu imediatamente.
— É. Não estava tão bom assim.
E subiu para o quarto, onde se jogou na cama e apagou.
Na manhã seguinte ela foi para aula de pijama. Estava p**a demais para se arrumar. Usava uma camisa de ursinhos, um short branco e meias cor de rosa. Vanessa pensou em falar algo ao ver a filha sair, mas desistiu em seguida.
Ao chegar no corredor, as primeiras pessoas a ver foram Luísa e Poliana, que estavam maravilhosas como sempre. Ela se virou, pronta para sair de fininho, então ouviu as amigas gritando seu nome. Pôs um sorriso na cara e se virou, caminhando em direção a elas.
— Oi — disse, fingindo animação.
— Por que você foi embora ontem? — Luísa perguntou.
— Perdeu os meninos do skate distribuindo e**a — Poliana riu.
— E depois jogamos o Fábio na piscina.
— Parece que foi bem legal — ela ri.
— Por que você tá de pijama? — Poliana pergunta.
— Ah! Tô experimentando estilos novos.
— Que tal saia e sandálias? — Luísa perguntou animada.
Mel semicerrou os olhos.
— Ainda não.
O sinal toca e elas se separam. Ao ver Lucas na aula de química, Melissa fica bem p**a, mas é obrigada a se sentar com ele pelo resto do ano.
Ele fica encarando ela, que o ignora totalmente.
— Vai ficar bolada Melzinha?
Ela dá uma encarada nele com um olhar congelante e ele ergue os braços em defesa.
— Me desculpa, vai.
— De que adianta? Você continua me achando uma Duff.
— Não sou só eu loira, a escola inteira já elegeu os Duffs. Olha o Caio por exemplo, Duff do time de basquete. A Luana, Duff dos CDFs.
— Chega! Eu não sou uma Duff e ponto final.
Ela desaba com o rosto na mesa.
O professor passa entregando a nota dos testes. Ela tira um belo 9,2 enquanto ele fica com 4,6.
— Lucas, eu conversei com o diretor Durval e enquanto suas notas não melhorarem você está suspenso do time de basquete.
— O quê? Vocês não podem fazer isso... falaram com o treinador?
— Sim, ele concordou.
Depois de sair da aula, Melissa encontrou Luísa perto de seu armário.
— Você já os viu? — Luísa perguntou animada.
— Quem? — Melissa franze o cenho.
— Os novatos. Olha! Estão vindo ali, disfarça.
Melissa se virou sem discrição alguma. E deu de cara com as famosas borboletas no estômago. Bateu de cara numa árvore e caiu na toca do coelho, sentiu seu corpo se dissipar e voou até a lua na Apollo 11, tudo em um milésimo de segundo.
— Ele não é um sonho? — Luísa sussurra.
Melissa não responde. Continua perdida naquela imensidão de olhos verdes, aquele cabelo castanho escuro, os tênis All Star nos pés. Ele era perfeito.
Luísa estava de olho no irmão dele, olhos claros, barba por fazer, cabelo curto. Ele era tudo de bom.
Os dois olharam para as duas loiras e piscaram, fazendo o coração delas entrar em estado de fusão.