Hero
Desci a ladeira correndo, só de cueca, tentando escapar da fúria da Kauiza. O morro todo rindo, fazendo piada. Eu sabia que ela era barraqueira, mas essa cena foi demais até pra ela. Todo mundo parou pra ver o show. As risadas ecoavam enquanto eu passava, e eu sentia o calor subindo pro rosto. Hoje, ela me fez passar uma vergonha que eu não vou esquecer tão cedo.
Um moleque gritou do beco: "Aí, Hero, a patroa mandou você correr, hein?" Eu ignorei, tentando chegar em casa o mais rápido possível. O orgulho ferido e a raiva queimando no peito. Eu sabia que ia ter que encarar ela quando chegasse lá, mas tava disposto a resolver isso do meu jeito. Ela acha que manda em mim, mas hoje eu vou mostrar quem é o dono dessa p***a.
Quando cheguei na porta de casa, ainda estava ofegante. A casa tava escura, parecia vazia. Achei que ela tinha saído, que o barraco tinha acabado. Entrei, fechei a porta atrás de mim e acendi a luz. Foi aí que eu vi.
Ela tava lá, sentada no sofá, perna cruzada, me olhando com aquele olhar frio. Ao lado dela, um facão reluzente e uma arma no sofá. Eu congelei por um segundo, tomando um susto. Ela me deu um sorriso de canto, aquele sorriso que faz o sangue gelar.
Kauiza: Achou que ia escapar fácil, Pedro? Você vai me pagar pela vergonha que me fez passar.
Eu senti a raiva subir de novo. Dei um passo na direção dela, apontando o dedo.
Hero: Eu que vou te pagar? Você que me expôs na frente de todo mundo! Fez o morro inteiro rir de mim, Kauiza! Eu vou te mostrar...
Antes que eu pudesse terminar a frase, ela pegou o facão, levantou e apontou a lâmina pra mim. O brilho no olhar dela era puro ódio.
Kauiza: Vai me mostrar o quê, Pedro Henrique? Você é que é vacilão! Não consegue manter esse p*u dentro das calças e acha que eu vou te pagar? p*u no cu do c*****o! Quem precisa pagar aqui é você, seu o****o.
Ela largou o facão sobre o sofá e pegou a arma. Destravou na minha frente, o clique ecoando na sala silenciosa.
Kauiza: E eu vou atrás daquela garota. Vou acertar as contas com a filha do pastor, porque você não presta.
Hero: Você não vai atrás de ninguém, Kauiza! Eu não vou deixar.
Ela levantou a arma, apontando na minha direção. Meu coração disparou, e eu senti o suor frio escorrendo pela testa. Engoli seco, percebendo que ela não tava brincando.
Kauiza: Você acha que eu não tenho coragem de te matar, Pedro Henrique? Acha que eu sou uma bobinha? Que eu vou ficar aqui quieta, deixando você me fazer de i****a?
O olhar dela era puro desafio, e eu soube naquele momento que ela tava disposta a tudo. Eu dei um passo pra trás, levantando as mãos.
Hero: Calma, amor. Vamos conversar. As coisas não são assim...
Ela deu uma risadinha amarga, balançando a cabeça.
Kauiza: Conversar? Você só quer conversar agora que tá com a arma apontada pra sua cara. Você não me respeita, Pedro. Eu sou a mulher que esteve do seu lado quando você não era nada. E você paga como? Me traindo? Me fazendo de i****a na frente de todo mundo?
Eu caí de joelhos no chão, olhando pra ela. Eu sabia que tinha passado dos limites, e o medo real de tomar um tiro me acertou em cheio.
Hero: Me desculpa, Kauiza. Eu errei. Eu juro que vou mudar. Me perdoa, amor. Eu não quero perder você.
Ela me olhou de cima, a arma ainda apontada, o olhar avaliando cada palavra que eu dizia. Por um segundo, achei que ela ia puxar o gatilho.
Kauiza: Mudar? Você acha que eu acredito nisso? A única coisa que vai mudar hoje é o lugar onde você vai dormir. E não é no quarto.
Eu levantei devagar, ainda ajoelhado.
Hero: Mas, Kauiza, a casa tem quarto sobrando. Por que eu tenho que dormir no sofá?
Ela deu um passo na minha direção, colocando o dedo no gatilho.
Kauiza: E se eu ver você subindo a escada? Eu vou meter bala, Pedro Henrique. Quem manda aqui sou eu, seu cuzão. Agora vai pro sofá antes que eu mude de ideia.
Não precisei de mais nada. Me levantei devagar, com as mãos levantadas, e fui andando até o sofá. Sentei ali, tentando respirar, enquanto ela guardava a arma de volta no sofá, pegava o facão e ia em direção à escada. Antes de subir, ela se virou, me olhando uma última vez.
Kauiza: Boa noite, Pedro. E não esquece: amanhã, a gente vai ter outra conversa.
Ela subiu as escadas, e eu fiquei ali, no escuro, sozinho, com o orgulho ferido e a certeza de que, nessa casa, quem manda é ela.