?CAPÍTULO 2?

2114 Words
CAPÍTULO 2 MANUELLA — O senhor não pode decidir a minha vida dessa forma papai, eu sou maior de idade, posso perfeitamente escolher com quem eu vou me casar e se eu vou me casar—digo irritada. — Posso e já fiz isso, você vai se casar com Pedro Sanchez— o meu pai diz me olhando. Olho para a minha mãe que está calada apenas observando tudo sem dizer nada, sem esboçar qualquer reação. — Mamãe, não pode permitir isso—digo. — Filha o seu pai sabe o que é melhor para você, será uma boa oportunidade—ela diz. — Mamãe eu não posso acreditar que a senhora está concordando com essa palhaçada—digo. — Filha, muitos casamentos começaram assim, os nossos pais escolhiam com quem íamos nos casar—ela diz. — Eu não amo aquele homem das cavernas, na verdade, eu nem gosto dele—digo. — Filha, uma competição de crianças não pode influenciar o seu futuro, e além do mais o amor vem com o tempo, você vai aprender a ama-lo—ela diz. Eu olho incrédula, eu não acreditava no que eu estava ouvindo. —Manuella, isso já foi decidido, você vai se casar com ele, carregar o sobrenome Sanchez é uma sorte que muitas garotas da cidade queriam ter e você terá, será a esposa dele, irá morar naquele haras e ter filhos dele, garantir o seu futuro— o meu pai diz. — Isso é um fardo e não sorte—digo saindo da sala e indo para as cocheiras, eu precisava estar perto da única criatura que me entendia o meu cavalo Segredo. Aproximo-me do animal que logo encosta a cabeça na minha mão, ele parecia entender quando eu precisava dele, e quando eu estava triste, parecia que ele me ouvia de verdade. — Eu não posso me casar com aquele homem, Segredo—digo passando a mão na sua crina macia. Segredo era um cavalo puro-sangue branco, o ganhei ainda muito nova, e ele era a minha paixão, eu sempre gostei dos animais, mas os cavalos sempre me encantaram. — Como posso me casar com alguém que não suporto, um homem arrogante e metido como ele, que pensa que tem o rei na barriga, tudo bem ele é bonito, mas seu ego é tão grande quanto a sua beleza—digo e Segredo relincha como forma de apoio. Fico por mais alguns minutos ali, deitada no feno, apenas escutando o barulho dos pássaros, quando a voz de Ritinha, a minha amiga há anos, crescemos juntas e ela era filha do braço direito do meu pai aqui no rancho, ecoa. —Manu, Manu—ela grita por mim. — O que foi Ritinha?—inquiro preocupada. — Aquele peão do haras Sanchez, aquele lindo de morrer, está aí te procurando—ela diz e eu me levanto acompanhando ela. Vejo José Henrique de longe, de fato ele era um rapaz muito bonito, forte, alto, olhos verdes, sorriso branco, e a pele bronzeada do sol, aproximo-me e ele diz. — Dona Manuella, me desculpe o adiantado da hora, mas preciso que venha comigo até o haras, um dos nossos animais está muito m*l, e eu não sei se ela aguenta muito—ele diz. — O que houve Zé?—inquiro. — Pandora, uma égua puro-sangue, está parindo, mas ela está muito m*l, o parto não está como os demais, ela parece fraca e geme de dor—ele diz. Eu me lembrava da égua em questão, era um animal forte e muito bonito, era estranho ela não conseguir ter um bom parto. — Espere aqui, vou pegar as minhas coisas e já volto—digo. Quando volto o rapaz já está na caminhonete branca estacionada em frente a minha casa. — Rita avise ao meu pai onde estou e que eu volto assim que possível, por favor—digo entrando no carro. —Tudo bem—ela diz fazendo charme para o peão que sorri de canto para ela. Não demoramos a chegar no grande haras Sanchez, o lugar era simplesmente lindo, e muito grande, a noite já começava a cair, e o céu tomava tons alaranjados além das montanhas onde o sol se punha preguiçoso. Ele parou em frente a um prédio, e eu desci. —Aqui é o hospital veterinário—ele diz. Ok, não precisava dizer quanto dinheiro aquele homem tinha, afinal ele havia montado um hospital dentro do seu próprio haras, estava claro como água por que o meu pai fazia tanta questão que eu me casasse com Pedro Sanchez. Quando cheguei a área em que a égua estava me deparei com ele, sentado junto ao animal, sem camisa, apenas com a calça, botas e um chapéu, ele conversava com a majestosa égua, mas quando me viu parecia ter visto o d***o. — O que faz aqui?—ele inquire se levantando. — Pedro, nós precisamos do melhor veterinário, e ela é a melhor, não tem outro na cidade—Zé diz. — Eu não quero ela aqui—ele diz. Pelo visto ele também não havia gostado nada da notícia de que teríamos que nos casar. — Acredite, eu também preferia não estar aqui, mas fiz um juramento, e não vou deixar esse animal morrer, mas a escolha é sua, se quiser posso ir embora a responsabilidade é sua—digo olhando para o homem à minha frente, que poderia facilmente me quebrar ao meio, tão grande ele era. Um gemido de dor ecoa de onde a égua está, e ele olha para ela preocupado. — Inferno, faça o seu trabalho então, mas se Pandora morrer, você está ferrada—ele diz nenhum pouco gentil. — Saia da minha frente e me deixe trabalhar—digo passando por ele, mas seu cheiro invade o meu nariz, o cheiro do suor, de homem, não era a fragrância de nenhum perfume, era o cheiro dele, do seu corpo, e era fascinante. Concentro-me no animal deitado, e começo a examiná-la, como suspeitei o potro está atravessado, e preciso ajudá-la, tento a primeira vez e não consigo, o animal é muito grande e forte, ela está com dor e assustada o que dificulta ainda mais o trabalho. — Preciso que me ajude—digo olhando para o homem que segura a cabeça da égua com carinho. — O que eu tenho que fazer?—Pedro Sanchez inquire. — Vamos virar o potro dentro da sua barriga, precisamos de força, não vai ser fácil, mas é a única forma—digo colocando a minha mão sobre a dele, onde tínhamos que empurrar, vejo os músculos dos seus braços tencionados, os braços dele são grandes, e fortes, ele faz força e conseguimos virar o potro, e como que num passe de mágica o trabalho de parto começa, nos afastamos um pouco, pois aquilo ainda levaria um tempo, e eu só sairia daqui depois que aquele pequeno viesse ao mundo. Lavo as minhas mãos e solto o meu cabelo que eu havia prendido em um coque m*l feito. — Ela vai ficar bem—digo ao homem em pé que agora havia colocado uma camisa. — Você é boa nisso—ele diz frio. — Sim, eu sou—digo no mesmo tom. Vejo José se aproximar com algumas cervejas na mão, ele estende uma ao patrão que abre rapidamente, então me olha e diz. — A senhora não toma, não é? —E porque não?—inquiro. — As mulheres daqui, não costumam beber cerveja—ele diz. — Eu não sou como as mulheres daqui—digo pegando a cerveja da sua mão e abrindo. Eu observava aquele homem, ele parecia uma fortaleza indestrutível, mas era sombrio. Ficamos ali por mais algum tempo até que o potro nasceu, o examinei e constatei que era saudável, a égua também estava bem. — O meu trabalho acabou—digo pegando a minha maleta. Quando José ia falar, a voz grossa de Pedro Sanchez ecoou. —Eu te levo de volta—ele diz. — O José não pode me levar?—inquiro. — Pode, mas eu não quero, e quem decide as coisas por aqui sou eu—ele diz. Olho ao redor e vejo que José se afasta, que merda, eu não ia embora com aquele brutamontes. — Pois bem, eu vou a pé, nem é muito longe mesmo—digo caminhando para a saída. Assim que me afasto alguns metros da porteira do haras, a escuridão predomina, que merda porque eu não vim com o meu carro, não consigo enxergar um palmo à minha frente, e a lanterna do meu celular não vai durar por muito tempo, a bateria está acabando, um trovão muito alto, anuncia uma tempestade. — Ótimo Manuella tudo o que você precisava—digo a mim mesma. A chuva forte começa a cair, e o cheiro da terra molhada invade o meu nariz, a estrada logo se torna um lamaçal, e como previsto a bateria do meu celular acaba. Vejo os faróis de um carro, e agradeço aos céus, finalmente alguém nesse fim de mundo. Mas quando a caminhonete preta para ao meu lado, vejo a última pessoa que eu queria ver: Pedro Sanchez. — Entra aqui sua maluca—ele grita em meio à chuva. Abro a porta e entro no carro, eu já estava toda molhada, ele continua dirigindo pela estrada coberta de lama. —Acabou aceitando a carona, mas se não tivesse sido burra, não estaria encharcada agora—ele diz tentando enxergar a estrada. —Eu realmente preferia ir a pé—digo. — Olha eu sei que você já sabe o que o seu pai fez, eu não escolhi isso, na verdade, eu nunca escolheria uma mulher como você, então não adianta vir com sete pedras na mão pra cima de mim, por que assim como você eu não tenho culpa—ele diz. — Eu também nunca te escolheria, um homem com ego ferido que não admite que uma mulher seja tão boa quanto ele—digo. Então um barulho no pneu e ele pára o carro, ele desce e vejo ele chutando o pneu, então entra de novo e diz. —O pneu estourou. — Troca ué—digo. — Sim, claro, debaixo dessa tempestade, além do mais o estepe não está aqui—ele diz. — Então liga para alguém, faça alguma coisa—digo. — Deixei o meu celular no haras, quando saí atrás da princesa em meio a tempestade, me dê o seu—ele diz. — Acabou a bateria—digo olhando os seus olhos frios. A camisa estava colada em seu corpo, devido aos pingos de chuva. — Ótimo—ele diz socando o volante. O cheiro da chuva se misturava ao dele, dentro do carro, e aquilo inexplicavelmente mexia comigo. O vejo tirando a camisa, e olho assustada. — O que está fazendo?—inquiro. — Evitando uma gripe, sugiro que faça o mesmo, com essa chuva ninguém vai passar por aqui até amanhã cedo, e eu não vou passar a noite todo molhado—ele diz jogando a camisa no assoalho do carro. Vejo o seu peitoral, peludo exposto ele realmente era muito grande, sua presença preenchia o espaço, mais uma vez aquele cheiro invade o meu nariz e só me dou conta de que estou olhando quando ele diz. — Pode passar a mão se quiser. — Não seja i****a—digo cruzando os braços. — Tira essa camisa, vai ficar doente, garota, a menos que tenha os s***s feios—ele diz. — Eu não tenho os s***s feios—digo abrindo a minha camisa que está ensopada e jogando no assoalho do carro também. O sutiã branco de renda, m*l escondia os meus s***s volumosos, e o vi olhando para eles. — De fato não são feios—ele diz e encosta a cabeça no banco fechando os olhos. — Sério que você vai dormir?—inquiro. —O que que fazer? Tenho algumas opções, mas duvido muito que você aguente—ele diz olhando nos meus olhos, e dessa vez eu quem fecho os meus olhos e encosto no banco. O que esse homem tem, que cheiro é esse, que me desperta tanta coisa? Abro os olhos de novo e fico observando seu rosto, a barba espessa, o pescoço grosso, o pomo de Adão que mexia cada vez que ele respirava, o peitoral subindo e descendo, aquele cheiro que continuava preenchendo o lugar. Fecho os olhos com força tentando apagar a imagem dele da minha cabeça, mas a sua respiração forte ao meu lado tornava isso uma tarefa impossível.
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