Capítulo 18

3236 Words
Joaquim Geralmente costumo fugir quando alguém tenta falar sobre a mulher que me colocou no mundo e das circunstâncias que cheguei a vinícola D’Angelo. Mas com Beatriz foi diferente. Gostei de desabafar com ela. De falar aquilo que nem mesmo os meus pais sabem porque não quis os deixar preocupados. Em especial agora que aquela mulher exige ser reconhecida e ocupar um lugar que nunca foi dela. A conversa sobre Adriana perde completamente a importância quando começo a fazer planos para o futuro e acabo sendo calado por um beijo. Gosto quando é Bia a tomar a atitude. Mostra que não sou o único interessado nessa relação. Os beijos vão ficando cada vez mais intensos. De modo que acabamos caindo sobre o sofá. Meu corpo cobrindo o dela. Deixo de beijar seus lábios para traçar uma trilha de beijos do seu pescoço até a protuberância da sua clavícula. Seu corpo se arrepia com o contato dos meus lábios. Suas mãos mergulham em meus cabelo e a sinto puxá-los levemente. Então suas mãos deixam meus cabelos para passear por meu peito e abdômen me fazendo queimar por dentro. Ergo um pouco a sua camiseta para sentir a sua pele. Ela arfa fechando os olhos e arqueando o corpo ao sentir minhas mãos posicionadas na linha próximo ao umbigo. Quando ela torna a abrir os olhos eles estão em um tom mais escuro de azul. _ Você quer continuar? – Pergunto porque mesmo vendo que ela está gostando desses toques mais íntimos a decisão ainda é dela. _ Quero. – Sussurra de uma forma quase inaudível. – Mas não aqui. Alguém pode entrar. _ Tem razão. – Digo me afastando um pouco e a pego em meus braços. – Vamos para um lugar mais reservado. Subo as escadas com passos apressados entre beijos e pequenas provocações. Sigo direto para o meu antigo quarto. A cama em formato de carro de corrida não existe mais. O lugar continua o mesmo de quando eu era garoto, mas os meus avós trocaram a cama pequena por uma cama de casal e agradeço por isso. Tenho o cuidado de fechar a porta para não correr o risco de sermos interrompidos antes de coloca-la na cama e tornar a beijá-la. Aos poucos nossas peças de roupa vão sumindo. E a cada peça despida temos um breve momento de admiração e beijos. Então num momento sublime nos unimos e nos tornamos um só. O mundo lá fora fica no mais completo silêncio. Não tem mais o som da música alta e animada e nem mesmo a gritaria das crianças. Existe apenas nós dois e a paixão que nos queima de dentro para fora. Quando deitamos lado a lado com a respiração num ritmo desregulado não consigo parar de sorrir. Olho de canto para Bia e percebo que o mesmo acontece com ela. A puxo para os meus braços quando consigo ritmar um pouco as batidas do meu coração e respiro de uma forma mais regular. Seus cabelos loiros se espalham por meu peito e o seu perfume doce de rosas me invade as narinas. Acaricio suas costas enquanto ela traça pequenos círculos em meu peito. _ Está bem? – Pergunto tirando uma mecha de cabelo do seu rosto. _ Estou esplêndida. – Apoia o queixo em meu peito para me olhar. – E como você está? – Devolve a pergunta. _ Acabo de comprovar a expressão andando nas nuvens. – Digo enlaçando meus dedos aos seus. _ De quem é esse quarto? – Pergunta vasculhando o lugar com os olhos. _ É meu antigo quarto. – Falo para a tranquilizar. _ Ufa! – Exclama me fazendo rir. – Acho que deveríamos voltar para o jardim. – Fala sem fazer o menor esforço para se afastar dos meus braços. _ Queria ficar aqui nesse quarto por horas, mas você tem razão. – Digo alisando seus cabelos. – Acho que já sumimos por um tempo considerável e provavelmente Raquel deve estar nos procurando. _ Ela deve estar te procurando. – Corrige com uma pontinha de ciúmes e acho engraçado. – Ela simplesmente me esquece quando está junto com você. _ Vem, ciumenta. – Digo reunindo forças para levantar da cama trazendo-a junto comigo. – Vamos tomar uma ducha rápida antes de descermos. Eu a conduzo até o meu banheiro. Gostaria que fosse um banho lento regado a beijos e carícias. Mas tenho que deixar os planos para outra hora porque isso levaria mais tempo e os músicos já começam a parar de tocar avisando que a festa está perto do final. _ Será que sua família vai ficar com raiva de mim se eu for direto para o carro enquanto busca Raquel para irmos para casa? – Pergunta ao calçar os tênis um tanto atrapalhada. _ Está com vergonha de que eles comentem algo sobre a nossa sumida ou está arrependida do que aconteceu? – Pergunto um tanto inseguro. _ A primeira opção, com certeza. – Diz se levantando da cama. Ela caminha até onde estou e para na minha frente. – Nunca me arrependeria do momento mais lindo da minha vida. – Apoia as mãos em meu peito ficando na ponta dos pés para me dar um beijo rápido. – Se arrepende de termos dado esse passo? _ Nenhum pouco. – Garanto a envolvendo a cintura. – E sobre a minha família. Eles não vão comentar nada. Eles te respeitam e sabem o quanto é tímida. – Afasto uma mecha do seu cabelo molhado e beijo sua testa. – Vamos nos despedir de todos, pegar a Raquel e ir para casa. – Ela assente em resposta. Deixamos o quarto de mãos dadas. Enquanto descemos as escadas começo a ouvir a conversa das mulheres trazendo as travessas com sobras para dentro enquanto os rapazes se encarregam de colocar a mesa de volta na cozinha. As crianças agora estão espalhadas pela casa exaustos de tantas brincadeiras. A que parece estar mais cansada é Raquel. Bia contou que ela não tinha o habito de brincar tanto com outras crianças. Assim que nos vê ela caminha em nossa direção com os braços erguidos a me pedir colo. _ Onde vocês estavam? – Pergunta com voz manhosa de criança que está com sono. – Nunca que achava vocês. – Diz cruzando os bracinhos. _ Acho que alguém está com sono. – Desconverso acariciando seu rostinho e ela assente com um biquinho. – O que acha de dizer tchau para todo mundo e depois vamos para casa? – Proponho e ela assente novamente. Ela acena para os companheiros de brincadeira sem muito animo ainda em meu colo. Depois seguimos até a cozinha onde uma parte da família está reunida. É uma onda quase interminável de beijos e abraços antes de sermos liberados. No lado de fora o mesmo acontece com a outra metade da família que está terminando de colocar ordem no jardim. Quando estamos a caminho e casa Raquel está dormindo em sua cadeirinha. O que libera Bia para vir na frente comigo. Assim que chegamos à fazenda Mantovan&D’Angelo precisamos acordar a pequena para que tome um banho e vista algo mais confortável para dormir. O que resulta em um pouco de choro que cessa quando finalmente a deixamos dormir. Então a nossa rotina da noite se repete e gosto dela. Gosto da forma que me sinto em casa quando estamos os três deitados juntos na cama. Despertar junto com elas é magnifico. Como vem acontecendo nas últimas manhãs Raquel acorda super cedo, Bia a arruma para a escola, eu a levo até o estábulo para que cuide de Máximos, voltamos para o café da manhã e depois vamos a deixar na escola. _ Finalmente o grande dia chegou. – Comento quando estamos de volta a fazenda reunidos no escritório. _ Sim. – Ela suspira secando as mãos nas coxas. – Ansioso? _ Um pouco. – Confesso a fazendo sorrir. – Quando vamos começar a ter o retorno de como estão indo as vendas? _ Geralmente só sabemos como estão indo as vendas no final de cada mês. Mas pedi que fossemos atualizados semanalmente. Ao menos nesse início. _ Boa ideia. – Elogio a fazendo sorrir. – E como estão os outros negócios? _ No ponto de vista financeiro tudo está correndo muito bem. – Fala folheando alguns papéis. _ Ótimo. – Digo retirando os papéis de sua mão e os atiro sobre a mesa. _ Por que fez isso? _ Porque esse negócio de trabalhar está bem chato e estou morrendo de saudades da minha namorada. – Digo a envolvendo pela cintura fazendo o seu corpo colar no meu e então a beijo com desejo. Ela corresponde a altura. Com um impulso de trazê-la ainda mais para perto a coloco sobre a mesa e suas pernas me envolvem a cintura. Minha boca deixa a sua para beijar seu pescoço e mordiscar o lóbulo da sua orelha antes de fazer o caminho de volta para os seus lábios. Se ontem fomos de forma lenta nos descobrindo. Hoje temos pressa. Mas não deixa de ser lindo e maravilhoso. Quando nos afastamos um do outro estamos ofegantes e com um sorriso bobo nos lábios. _ Será que vai ser sempre assim? – Ela pergunta debruçada sobre meus braços enquanto estamos esparramados no tapete caro do escritório. _ Avassalador? – Questiono e ela afirma com um maneio de cabeça. – Espero que sim. Um silêncio de plenitude toma conta do ambiente. Ficamos quietos por mais alguns minutos curtindo a paz do paraíso antes de termos que voltar para a realidade. O trabalho nos chama. Paramos para irmos buscar Raquel na escola. Quando chegamos o almoço já está servido a nossa espera. Ouvimos as histórias sobre o dia da pequena na escola enquanto comemos. Depois da refeição as duas seguem para a sala de estar para assistirem um pouco antes de fazer a lição de casa e eu vou dar uma volta pela fazenda e ver como estão as coisas. Pretendia voltar cedo e ajudar Raquel com o dever de casa, mas surgem tantas coisas para resolver que quando retorno para casa o céu já está quase todo escuro. Encontro as minhas meninas na sala de estar assistindo a um desenho espalhadas no sofá. Assim que me vê Raquel corre ao meu encontro. _ Você demorou, Joca. – Diz me envolvendo o pescoço com os seus bracinhos. _ Eu sei. – Falo beijando a dobra do seu pescoço arrancando uma gargalhada gostosa dela. – Como estão as coisas por aqui? Fez a lição de casa? _ Fiz tudinho certinho. Conta para ele, Bibi. _ Ela fez tudo certinho. – Reafirma o que a irmã acaba de falar. – Cansado? – Pergunta tocando o meu rosto e aproveito a sua proximidade para lhe roubar um beijo. _ Um pouco. – Admito. – Já jantaram? _ Não. – Ela n**a junto com um leve maneio de cabeça. – Estávamos esperando você chegar. _ Então vou subir para tomar um banho rápido para irmos comer. – Falo devolvendo Raquel ao chão. – Não demoro. – Beijo mais uma vez Bia antes de correr escada a cima. O banho é realmente rápido. Quando torno a descer as duas já me esperam na sala de jantar. Mesmo estando exausto faço questão de ouvir cada detalhe do que Raquel fala sobre a sua tarde com a irmã. Depois de jantarmos vamos todos assistir um pouco de televisão. Quem escolhe o filme é Raquel. O que configura a um filme de princesas onde a protagonista não para de cantar nenhum segundo sequer. Assim que os primeiros minutos rodam na tela ela vem se acomodar em meu colo. Seus pés ficam sobre o colo da irmã que faz uma massagem delicada e antes da metade do filme ela está completamente apagada. Mesmo com a pequena dormindo em meus braços terminamos de assistir todo o filme da princesa que decidiu congelar tudo enquanto cantava uma música que parece ter grudado na minha cabeça. Quando os créditos começam a aparecer na tela Bia desliga tudo e subimos os três para o meu quarto. _ Acha que deveríamos começar a tentar acostumá-la no próprio quarto? – Pergunta enquanto arruma as cobertas sobre a irmã. – Estive comentando com sua mãe que ela ainda está dormindo com a gente e ela disse que seria muito bom Raquel se acostumar a ter o seu espaço. _ Gosto de ter ela assim juntinho de nós. – Digo envolvendo Bia em um abraço por trás. – Mas acho que minha mãe tem razão. _ Eu sei que ela ainda tem um pouco de medo de dormir sozinha, mas podemos ficar com ela até que durma. – Ela gira para ficarmos de frente um para o outro e me envolve o pescoço brincando com os cabelos da minha nuca. – O que acha? _ Podemos tentar isso e também deixar claro que estaremos por perto e que ela pode vir nos procurar sempre que quiser. – Arrumo uma mecha de cabelo atrás da sua orelha. – E quanto a você? _ O que têm eu? _ Também volta para o seu quarto? _ Quer que eu vá embora? _ Quero que fique. Quero que traga suas coisas para cá e que aqui se torne o nosso quarto. – Colo minha testa a sua. – O que me diz? Posso abrir um espaço para suas coisas no closet e na pia do banheiro? _ Aceito a sua proposta. – Diz com um meio sorriso. – Quando posso me mudar? – Questiona em tom brincalhão. _ Quando quiser. – Digo antes de capturar seus lábios em um longo beijo. Queria passar toda a noite fazendo amor com Bia, mas ainda não podemos porque temos uma pequena dormindo no meio da nossa cama. Acho que ela pensa o mesmo porque seus olhos seguem direto para a irmã quando nos afastamos em busca de ar. _ Acho melhor irmos dormir. – Fala ainda abraçada a mim. _ Concordo. – Digo roçando o nariz em seu cabelo me inebriando em seu perfume. – Mas pode apostar que amanhã vamos continuar o que começamos hoje. – Sussurro em seu ouvido antes de liberá-la dos meus braços. Ela fica um tempo um tanto atordoada, mas logo parece se recuperar. Sem muita escolha nos deitamos cada um de um lado de Raquel. Mesmo sentindo todo o meu corpo esgotado levo quase uma hora para conseguir dormir. Pela manhã nossa rotina se repete. Mas depois de deixarmos Raquel na escola não vamos trabalhar como de costume. Ajudo Bia com a sua mudança para o meu quarto. Carrego tudo para o nosso quarto enquanto ela se ocupa a arrumar tudo onde bem entende. Sei que poderíamos pedir que Rosa cuidasse disso para nós, mas Bia não gostou da ideia quando comentei e apenas atendi ao seu pedido. Nossa fuga no trabalho pela manhã resulta em trabalho acumulado na parte da tarde. O que m*l conseguimos dar atenção a Raquel, que precisa ficar sob a supervisão de Rosa enquanto resolvemos todo tipo de problema que resolveu surgir nessa tarde. Só conseguimos parar mesmo na hora do jantar que é quando Bia se dedica aos cuidados com a irmã e ajudo no que posso. _ A gente já pode ir dormir. – Declara quando já está pronta para dormir e faz menção de deixar o quarto, mas a impeço. _ O que acha de tentar dormir aqui no seu quartinho hoje? – Bia pergunta num tom doce. _ Mas eu durmo com você e o Joca naquele quarto grandão dele. – Rebate já fazendo um biquinho que anuncia o choro. _ Eu sei, princesa. – Ela continua porque não tenho a menor condição de conduzir essa conversa. Por mim já teríamos desistido dessa ideia de fazê-la dormir aqui e iriamos os três para o meu quarto. _ Então por que não posso ir dormir lá hoje? – Questiona com os olhinhos cheios de lágrimas. _ Porque esse aqui que é o seu quartinho. – Minha namorada explica com paciência. _ Sabemos que não gosta muito de ficar sozinha, mas vamos ficar aqui com você até que durma. – Digo me acomodando em sua cama com lençóis de princesa. – Não é, Bia? – Busco apoio da minha namorada que assente com movimentos rápidos ao sentar ao meu lado. _ E se eu tiver um sonho f**o? _ Aí pode ir nos procurar lá no nosso quarto. – Digo acariciando o seu rosto. _ A Bibi ainda vai dormir com você naquele quarto lá? – Assinto em resposta. – Por que ela é sua namorada? – Assinto novamente. – Que chato isso. – Fala cruzando os braços ficando com uma postura muito engraçadinha e preciso me segurar para não rir. Vejo que o mesmo acontece com Bia. – Quando eu namorar também não vou deixar vocês dormirem comigo. – Suas palavras me atingem a queima roupa e me calam. _ Justo. – Bia responde por nós dois. – Agora deixa de conversa e vamos dormir. – Faz um sinal para a pequena que escorrega do meu colo direto para a cama. Bia a ajuda com as cobertas assim que ela se deita e então ocupa o lugar ao lado da irmã. Suas mãos mergulham nos cabelos da pequena fazendo cafuné. Me acomodo melhor na cama pequena e seguro a sua mão que se perde entre as minhas de tão pequena. _ Posso ir no seu quarto se tiver sonho f**o? – Busca confirmação e assinto afastando o cabelo do seu rosto. Ela ainda resiste mais alguns minutos antes de se deixar vencer pelo cansaço. Ficamos ainda um tempo a velar o seu sono antes de por fim seguirmos para o nosso quarto. No primeiro momento é um pouco estranho principalmente em relação ao banheiro. Já que geralmente ela se arrumava em seu antigo quarto. Deixo que use o banheiro primeiro e entro depois que ela sai já pronta. Visto a minha roupa de dormir e quando retorno ao quarto a encontro parada próxima a janela observando o céu estrelado da noite. A envolvo por trás e ela se recosta em meu peito espalhando seu perfume em mim. _ Sei que queria que nossa primeira noite nesse quarto fosse regada de paixão. – Ela fala virando para ficarmos de frente um para o outro. – Acredite. Eu queria o mesmo. Mas essa é a primeira vez que deixamos Raquel dormindo sozinha e... _ E ela pode acordar ao notar que não estamos juntos com ela, vir nos procurar e nos encontrar em um momento delicado. – Completo a sua fala. – Também pensei nisso, Bia. _ Então tudo bem para você se apenas dormirmos? _ Claro que tudo bem. – Garanto acariciando seu rosto. – Só o fato de a ter em meus braços já me torna o homem mais feliz do mundo. E nós podemos deixar essa noite regada de paixão para um outro dia. _ Obrigada por me entender. – Diz me beijando os lábios de leve. _ Sempre vou entender você. – Falo devolvendo o beijo que ganhei. Antes de seguir para a cama me certifico de que a porta está encostada para o caso de Raquel vir nos procurar. Quando por fim me deito Bia vem para os meus braços enlaçando nossas pernas por debaixo do lençol. E é assim agarradinho a ela que descubro como é dormir no paraíso.
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