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Nada é Por Acaso

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Blurb

Joaquim D'Angelo foi criado cercado de muito amor e carinho. Cresceu correndo por entre os vinhedos junto com seus primos e irmãos, mas a sua paixão nunca foi fazer vinhos. Sempre se divertia mais quando visitava a fazenda do bisavô e podiam cavalgar e cuidar do gado. Não ficou surpreso quando, ao morrer, seu bisavô deixou a fazenda para que cuidasse dos negócios da família. Mas números nunca foram seu forte e para lhe ajudar com a administração decidiu contratar alguém especializado. Só não esperava que a pessoa em questão fosse mexer com suas emoções logo de cara.

Beatriz Nogueira não teve a vida dos sonhos. Quando tinha doze anos seus pais se divorciaram e desde então vivia em um campo minado sendo sempre obrigada a escolher de que lado ficar. Desesperada por se vê livre daquela situação não pensou duas vezes em aceitar o emprego de contadora em uma fazenda em Gramado e ir embora de São Paulo. Ela só não imaginava que o seu novo chefe seria tão jovem e tão bonito.

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Capítulo 1
Beatriz _ d***a! – Praguejo quando me atrapalho na hora de calçar os tênis. Justo hoje eu tinha que acordar atrasada. Sempre acordo antes do despertador e sou totalmente pontual quando se trata do meu lado profissional, mas não entendo o que aconteceu. Fui direto para a cama depois que voltamos do jantar na casa dos senhores D’Angelo, os pais do meu chefe, e não ouvi quando o despertador tocou. Não fosse a buzina insistente de algum visitante ainda estaria na cama. Sem tempo para ficar escolhendo roupa ou me arrumar apenas vesti algo quente e confortável. Amarro os cabelos em um r**o de cavalo deixando algumas mechas soltas. Me permito demorar um pouco mais apenas para colocar as lentes de contato. Elas são melhores do que usar os óculos. Quando desço as escadas encontro com Joaquim D’Angelo, meu chefe, conversando com um homem um pouco mais velho. Ambos usam jeans, camisetas confortáveis e botas de trabalho. Eles param de conversar assim que o segundo homem parece me notar. _ Bom dia, Beatriz. – Joaquim cumprimenta com um largo sorriso. Se está nervoso comigo por ter perdido a hora não demonstra. – Dormiu bem? _ Dormi tão bem que acabei perdendo a hora. – Respondo envergonhada. – Mas garanto que isso não vai voltar a acontecer, senhor D’Angelo. – Me apresso em acrescentar. _ Tudo bem, Beatriz. – Garante. – Essas coisas acontecem. E pode me chamar apenas de Joaquim. O único senhor D’Angelo que conheço é o meu avô e sempre procuro por ele quando me chamam assim. _ Certo. _ Ótimo. Agora que resolvemos isso. Quero te apresentar o Fernando. Ele é namorado da minha prima Marina e também é o veterinário da fazenda. – Diz passando o braço por sobre os ombros do homem ao seu lado. – Ele veio avaliar algumas de nossas vacas que estão prenhas. _ Muito prazer. – Digo estendendo a mão e trocamos um rápido aperto de mãos. _ O prazer é todo meu. – Fala carismático. – Bom, Joca. Preciso ir porque ainda vou abrir a clínica. Nos encontramos por aí. – Os dois se despedem com um abraço caloroso antes de Fernando sair nos deixando sozinhos. _ Deve querer comer alguma coisa antes de começarmos a trabalhar. – Ele comenta enfiando as mãos nos bolsos da frente da calça. – Já tiraram a mesa do café da manhã, mas posso pedir a Rosa que prepare algo para você. _ Obrigada, mas não precisa. Não sou do time que come pela manhã. Então, podemos começar a trabalhar. _ Como quiser. – Fala com um meio sorriso que não mostra os dentes. – Vamos até o escritório. Tudo o que precisa saber sobre a fazenda está lá. Ele indica o caminho e apenas o sigo. O lugar parece até um museu cheio de livros e vasos que devem valer pelo menos um dos meus rins. Sobre a mesa de madeira escura uma pilha de papeis e outra de cadernos de contabilidade me esperam. _ Sei que é meio arcaico. O meu bisavô era um homem à moda antiga que não curtia muito a tecnologia. – Comenta pousando uma das mãos sobre o topo da pilha de cadernos. – Tentei durante muito tempo digitalizar tudo o que dizia respeito a contabilidade da fazenda, mas só no ano passado quando o antigo contador se aposentou é que consegui tal feito. O que significa que os registros dos últimos cinco anos que me pediu estão nessas pilhas. Desculpe. _ Tudo bem. – Digo me aproximando da mesa. – Estou acostumada. Não sabe quantos desses tive que ler quando estava estagiando. Vai ser moleza. – Ele abre a boca para falar algo quando alguém bate na porta e entra em seguida. _ Desculpe atrapalhar, senhor. – Rosa, a governanta, fala em sua postura impecável segurando as mãos em frente ao corpo. _ Tudo bem, Rosa. Precisa de algo? _ Não. Vim apenas avisar que o Luiz está procurando pelo senhor. Parece que teve algum problema com o maquinário da ordenha. _ d***a! – Xinga entredentes. – Se importa de analisar tudo isso sozinha? _ Claro que não. Afinal, é o meu trabalho. Pode ir tranquilo. Estão precisando de você e posso muito bem me virar com isso. _ Certo. Pode me ligar no celular caso tenha duvida sobre alguma coisa. – Diz anotando o número apressado no bloco de notas ao lado do computador. – Volto para o almoço, mas se sentir fome antes não precisa me esperar. – Fala antes de deixar o cômodo de forma apressada e Rosa faz o mesmo. Começo a organizar as pilhas de papeis e cadernos por meses e anos. Quando termino tem pequenas pilhas espalhadas sobre a mesa, cadeiras e sofás. Leio dos registros mais antigos para os mais atuais e faço anotações de relevâncias no bloquinho de notas. Mesmo o sistema do bisavô de Joaquim sendo arcaico encontro tudo o que preciso para fazer a montagem do plano de ação e tentar encaixar as perspectivas no projeto que meu chefe quer implementar na fazenda para uma melhoria para todos a longo prazo. Estou tão mergulhada nos números e prospectos que só me dou conta de que já é a hora do almoço quando Rosa vem avisar que Joaquim está me esperando à mesa. Sinto a fome apertar quando chego a sala de jantar e vejo o pequeno banquete posto à mesa. Rosa se apressa em nos servir assim que me sento. Ainda acho estranho ter alguém servindo a minha comida e dividir a mesa com alguém. Quando morava com a minha mãe cada uma comia em horários diferentes e cuidava da própria comida. O que significava comer fast food na maior parte do tempo já que mamãe passava mais tempo trabalhando no escritório do que em casa. Durante o almoço falamos sobre a situação financeira atual da fazenda e sobre os planos de expandir mais os negócios. Quando terminamos de comer ele precisa sair novamente para resolver um outro problema que apareceu e eu sigo de volta para o escritório. Antes de me perder novamente no mundo dos números abro as janelas para entrar um pouco de ar. É maio e o vento está razoavelmente frio, mas eu gosto. Respiro fundo o ar puro. Coisa que não existe em São Paulo. Observo um pouco a movimentação dos funcionários que estão voltando do seu horário de almoço. Alguns passam montados em cavalos e até que gostaria de poder montar em um algum dia, mas não sei se é permitido. Além de não saber nada sobre montaria. Me afasto da janela e volto a me concentrar no meu serviço. Agora começo a montar a planilha que preciso apresentar a Joaquim e quero fazer isso o quanto antes. Só quando o pescoço e as costas começam a doer é que decido que por hoje chega. O sol já se foi e a noite chega trazendo consigo um frio um pouco mais intenso. Salvo os arquivos no computador e envio para o meu e-mail. Posso continuar com isso no meu computador pessoal. Não quero atrapalhar caso Joaquim precise usar o seu escritório. _ Ainda aqui, Beatriz? – Ele pergunta ao entrar. Está com outra roupa e os cabelos molhados denunciam o recente banho. _ Me perdi no trabalho e acabei me esquecendo das horas. – Digo alongando um pouco o pescoço. _ Percebi. – Fala com um meio sorriso. – Fiquei chocado quando Rosa me disse que passou toda a tarde aqui e não saiu nem mesmo para tomar um lanche. _ Costumo perder o apetite quando estou muito concentrada em algo. _ Isso não é algo muito saudável. – Comenta cruzando os braços. – Bem. Vim chama-la para o jantar. Mas imagino que queira tomar um banho antes. _ Sim. Um banho cairia bem. – Deixo um suspiro escapar dos lábios só em imaginar a água quente escorrendo por meu corpo. – Mas preciso arrumar toda essa bagunça antes de ir. – Falo apontando para os papeis ainda espalhados pelo lugar. _ Deixa isso aí que a Rosa guarda amanhã. – Fala fazendo um gesto para deixar para lá. – Vá tomar o seu banho e quando descer peço para servirem o nosso jantar. – Diz e apenas acato seu pedido. Tomar um banho é realmente relaxante e me sinto renovada quando deixo o banheiro. Visto uma calça jeans escura e um suéter nas cores azul claro e bege que ganhei da minha mãe de presente de despedida. Calço uma sapatilha preta e faço uma trança lateral para o jantar. Estou a ponto de descer quando ouço meu celular tocar sobre a cama. Onde o deixei largado durante todo o dia. Quando pego o aparelho vejo que tem mais de quinze chamadas perdidas da minha mãe. O que significa que terei que ouvir uma de suas breves dissertações de como sou uma filha ingrata e desnaturada que passou todo o dia sem lhe dar notícias. Com um suspiro atendo a sua chamada. _ Finalmente, Beatriz. – Seu tom não esconde a irritação. – Sabe quantas vezes estive ligando para você? _ Quinze. Mas se contarmos com essa são dezesseis. – Respondo em um tom brincalhão que sei que a irrita ainda mais quando está no meio de uma bronca. – Estava trabalhando e acabei esquecendo o celular no quarto. – Justifico apressada. _ Pensei que algo tivesse acontecido e já estava aqui pesquisando voos para Gramado. – Diz e não duvido. Ela seria realmente capaz de largar tudo em São Paulo só para ter certeza de que estou bem. _ Desculpe, mãe. – Peço me sentindo culpada por a ter deixado preocupada. – Prometo levar sempre o celular comigo. – Garanto sentando na cama fofinha. Se não estivesse com fome poderia muito bem me aconchegar aqui e dormir até amanhã. _ Acho bom mesmo. – Diz em tom de advertência, mas sei que já não está mais irritada comigo. – Como andam as coisas por aí? Tudo certo com o trabalho? _ Está tudo bem. Comecei a trabalhar de fato hoje, mas as coisas correram muito bem. – Comento enquanto brinco com o desenho da colcha. _ E o seu chefe? _ Ele é legal. – E lindo também, acrescento mentalmente. Sinto as bochechas corarem e um quentinho no coração. – E como está tudo por aí? – Mudo de assunto assustada com as minhas recentes sensações. _ Tudo na mesma. – Suspira. – Estava no escritório até agora a pouco e agora estou aqui em casa. Que por sinal está bastante vazia sem você aqui. Já estou morrendo de saudades de você e não faz nem uma semana que foi embora. _ Também estou com saudades, mamãe. Mas já disse que nas férias posso ir visitar a senhora e o papai. Ou vocês podem vir me visitar aqui. O lugar é um sonho e tenho certeza que adorariam. – Sugiro animada. _ Posso até ir te ver aí se tiver a certeza de que o seu pai não vai estar. – Diz em seu tom frio que sempre usa quando se refere ao meu pai. – Falando no traste. Ele por algum acaso ligou para você alguma vez esses dias? – Questiona implicante e me repreendo por tê-la feito lembrar dele. A conversa estava tão boa e estava tão animada com a ideia de revê-los, que esqueci da regra número um de ter pais separados. Nunca falar sobre o ex. Isso sempre vira uma bola de neve de alfinetadas e medição de poder para transformar o outro no vilão da história. _ Ele não ligou, mas mandou mensagem. Está correndo bastante. A Raquel esteve doente esses dias. Sabe como a saúde dela é frágil. – O defendo de modo automático. _ Isso é história para boi dormir. – Bufa do outro lado da linha. – Aposto que isso é tudo invenção daquela mulher dele. _ Pode ser. – Digo evasiva. Sei bem que não devo entrar na briga entre minha mãe o meu pai. – Tenho que desligar agora, mamãe. Estão me esperando para jantar. Falamos depois. _ Certo, filha. Bom apetite Desligo e atiro o aparelho de volta a cama com um suspiro de exaustão. É h******l estar sempre em alerta em uma conversa. Estou com saudades da minha mãe e gostaria de passar horas com ela ao telefone sem precisar calcular todas as minhas palavras para não correr o risco de falar qualquer coisa relacionada ao meu pai. E com ele não é muito diferente. Deixo esses pensamentos de lado e me apresso em descer para encontrar com Joaquim. Ele deve estar faminto a minha espera. Pensei que o encontraria estressado com a minha demora. Mas o que encontro é o completo oposto. Ele me sorri amigável e pergunta se já podemos seguir para a sala de jantar. Apenas assinto em resposta e o sigo até o cômodo ao lado. A mesa está impecavelmente posta e Rosa logo se posiciona num canto pronta para nos servir em sua postura séria. Não tocamos no assunto trabalho durante todo o jantar. Falamos apenas sobre a cidade e os pontos que, segundo ele, preciso conhecer. Quando terminamos o jantar seguimos para a sala de estar onde ele bebe uma xícara de café enquanto eu opto por um chá e seguimos com a conversa. Mas agora sou eu a falar sobre como era viver em São Paulo. Não percebemos o passar das horas até Rosa vem pegar as nossas xícaras e questiona se vamos precisar de mais alguma coisa ou ela pode se recolher. _ Pode ser recolher, Rosa. – Ele diz com um sorriso simpático. Mas nem isso faz a mulher perder a postura. _ Nesse caso, boa noite e até amanhã, senhor. – Diz antes de retirar levando a bandeja com as xícaras vazias. _ Odeio quando ela me chama assim. – Sussurra com medo de que a senhora o escute. – Já pedi para me chamar apenas de Joaquim, mas não tem jeito. _ Ela sempre foi assim formal com você? – Questiono no mesmo tom. _ Desde que eu era pequeno e vinha passar um tempo com o meu bisavô. Não sei se era a pedido dele. Já que era meio que um aristocrata. Ou se é apenas costume por trabalhar com a família a anos. _ Já pensou em perguntar? _ Não. – Ele n**a balançando a cabeça fazendo alguns fios de cabelo caírem em seu rosto. – Ela me dá um pouco de medo. – Fala em um tom engraçado e não consigo conter o riso. – É sério. – Diz também rindo. _ Você deve ser o único chefe que tem medo de uma funcionária. – Digo e ele dá de ombros em resposta se erguendo e faço o mesmo. _ Acho que vou seguir o exemplo de Rosa e me recolher. As coisas começam cedo por aqui. – Fala enfiando as mãos nos bolsos. _ Também vou. – Digo abraçando meu próprio corpo. Subimos as escadas juntos em silêncio e nos despedimos quando chego a porta do meu quarto que fica duas portas antes do dele. Assim que entro me apresso em vestir meu pijama quentinho e me enfio d’baixo das cobertas pegando meu celular para checar minhas últimas mensagens. Em meio a milhares de mensagens de Daniella, minha melhor amiga maluquinha, encontro uma mensagem do meu pai dizendo que está com saudades e que não devo dar ouvidos as implicâncias da minha mãe. Reviro os olhos sabendo que ela, com certeza, entrou em contato com ele para cobrar que ele me dê um pouco mais de atenção. Respondo o de sempre. Que tudo está bem e que sei que ele está ocupado cuidando da minha irmãzinha. Raquel foi a única parte boa da separação dos meus pais. Amo a minha irmã. Mesmo que alguns colegas e conhecidos achem que não. Somos muito ligadas. Me despedir dela foi a coisa mais difícil que fiz. Acho que se ela tivesse me implorado para não ir embora eu teria desistido do emprego e do plano de tentar independência longe da velha rincha dos meus pais. Mas parece que estar a mais de mil quilômetros de distância não adiantou muito. Ainda preciso apaziguar o clima tenso entre os dois. Largo o celular no móvel ao lado da cama e fecho os olhos tentando fingir eu estou dormindo para ver se assim o sono chega. Mas é uma tentativa em vão. A enxurrada de pensamentos sobre a eterna briga entre os meus pais me bombardeia e tira o sono. Desisto de tentar dormir e afasto as cobertas saindo da cama para pegar o meu notebook e meus óculos. Já que não consigo dormir vou usar esse tempo para trabalhar na planilha que tenho que mostrar para Joaquim. Afinal, preciso mostrar serviço para desfazer a impressão r**m que deixei ao me atrasar justo no primeiro dia de trabalho. Os números sempre funcionam como uma boa válvula de escape quando estou em meio ao fogo cruzado dos meus pais. Daniella sempre disse que eu era meio maluca por escolher a matemática como uma forma para me acalmar. O que ela não entende é que gosto dos números e cálculos porque neles consigo ter total controle. Coisa que não consigo quando se trata dos meus pais. Achei que quando se separassem as coisas ficariam mais calmas e as brigas seriam mais praticamente extintas já que eles não dividiriam mais o mesmo ambiente. E talvez fosse mesmo assim se eu não existisse. Já que antes as brigas eram por causa das viagens e saídas suspeitas do meu pai e agora passaram a ser sempre sobre mim. Balanço a cabeça afastando novamente os pensamentos e foco nas fórmulas e gráficos na tela a minha frente. Com dedos ágeis vou montando cada detalhe e fazendo observações para o caso de Joaquim ter alguma dúvida. Levo cerca de duas horas para completar o trabalho. E como ainda estou sem sono aproveito para montar o resto da apresentação. Começo tudo mostrando o que se pode ser feito de modo imediato para implementar o projeto de aumentar a exportação do que é produzido na fazenda. Depois vem o que eventualmente pode acontecer em meio a todo o processo e as estatísticas de perdas e lucros a curto e longo prazo. Os meus olhos estão ardendo quando finalmente salvo o arquivo para o imprimir junto com a planilha. Encaro o relógio ao lado da cama marcando 4hrs30min. Em meio a um bocejo fecho o computador e tiro os óculos. Os deixo de lado e me aconchego melhor na cama com sono. Fecho os olhos jurando a mim mesma que vou apenas cochilar alguns minutos e levantar pontualmente às seis.

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