Eva
Estou tentada a ligar para Casey e perguntar como foi com o plano, mas quando vejo a imensa papelada que tenho que responder e entregar no fórum, eu desisto. Meia hora mais tarde, quando tenho tudo acabado, organizo por pastas e datas e me levanto para esticar as pernas. Confiro se tem alguma ligação no meu celular e vou até a cozinha beber um pouco de agua. Quando volto percebo que meu assistente não está na recepção, talvez esteja no banheiro. Corro até minha sala, pego as pastas e minha bolsa quando minha porta fecha. Pulo de surpresa e com o susto e para a minha alegria, vejo que Matthew está de braços cruzados olhando para mim. Esse cara nunca desiste?
- Não – digo.
Ele sorri.
- Não o que?
- Não para qualquer coisa que você queira me dizer – eu afirmo.
Ele se encosta na parede, ainda de braços cruzados.
- Você sabe que eu não vou desistir, não é? Então sugiro que você me dê apenas uma chance. Uma apenas. Vamos jantar.
Suspiro, coloco as pastas na minha mesa e fecho os olhos. Aquela enxaqueca de Cas está passando para mim? Ótimo.
- Não, Matthew. Minha resposta ainda é não.
- Então temo que não tenha escolha – ele descruza os braços e caminha até mim.
Seu andar é como de um felino e eu recuo o máximo que posso, mas ele me pega no braços de forma rude e me beija. Sei que ele é gato e gostoso, mas a forma como ele me pega me trás lembranças horríveis e eu me afasto gritando de horror. Arfando e tremendo tento alcançar a maçaneta e correr para longe. Tudo de r**m que aconteceu comigo vem a tona e eu não consigo respirar, minha visão fica embaçada e eu me sinto tonta. Estava prestes a desabar quando braços fortes me amparam.
- Mas que droga aconteceu? Porque você agiu assim? – a voz perturbada de Matthew parecia bem longe.
Ainda não conseguia respirar, o ar estava pesado. Minha mente vagueava por aquela noite.
- Eva! – Liam vem até mim.
- O que está acontecendo? – Matthew parece confuso.
- Ela tem ataques de pânico – Liam responde e pega minha mão – Vem, Eva, respira comigo.
Liam segue uma sequencia de procedimentos até eu consegui respirar de novo. Quando eu volto ao normal, Matthew me olha preocupado.
- O que ele te fez Eva? Devo chamar a policia? – Liam parece furioso.
- Não, está tudo bem – eu falo tentando acalma-lo.
- Precisamos conversar. Agora – ele olha para Liam.
- Eu não vou sair daqui – ele protesta.
- Tudo bem, Liam – eu falo – estou bem, que tal você ir no fórum deixar aquela papelada?
Ele olha para, depois para Matthew.
- Ok – ele fala e sai em direção a minha sala e depois sai emburrado do escritório.
- Agora você pode me contar o que eu fiz para você agir daquele jeito? – ele se senta ao meu lado, porem um pouco afastado.
- Nada, eu só.. olha, esquece. Desculpa por isso. Eu tenho esses ataques de vez em quando. Você me surpreendeu, só isso.
- Ataques de pânico não acontecem do nada – ele fala baixinho – você achou que eu ia...
- Não! É automático. Eu não deixo as pessoas chegarem perto de mim assim. Nunca.
Ele parece ponderar isso.
- Então é melhor você ir se preparando. Porque pretendo chegar muito perto – ele fala e depois sai.
Me deixando sozinha e atordoada .
- O que ele te fez Eva? Devo chamar a policia? – Liam parece furioso.
- Não, está tudo bem – eu falo tentando acalma-lo.
- Precisamos conversar. Agora – ele olha para Liam.
- Eu não vou sair daqui – ele protesta.
- Tudo bem, Liam – eu falo – estou bem, que tal você ir no fórum deixar aquela papelada?
Ele olha para, depois para Matthew.
- Ok – ele fala e sai em direção a minha sala e depois sai emburrado do escritório.
- Agora você pode me contar o que eu fiz para você agir daquele jeito? – ele se senta ao meu lado, porem um pouco afastado.
- Nada, eu só.. olha, esquece. Desculpa por isso. Eu tenho esses ataques de vez em quando. Você me surpreendeu, só isso.
- Ataques de pânico não acontecem do nada – ele fala baixinho – você achou que eu ia...
- Não! É automático. Eu não deixo as pessoas chegarem perto de mim assim. Nunca.
Ele parece ponderar isso.
- Então é melhor você ir se preparando. Porque pretendo chegar muito perto – ele fala e depois sai.
Me deixando sozinha e atordoada.
Casey
Liam, meu assistente, me ligou as 10h00 me dizendo que Eva havia tido um ataque de pânico e que tinha ido para o apartamento. Desliguei o celular resmungando e praguejando, desejando que aquele i****a não tivesse feito algo com ela. Eva podia ter esse jeito de mulher decidida e experiente, mas no fundo era sensível e no seu passado já havia sofrido muito. Sempre desejei que ela se esquecesse de alguma forma o que passou, mas ela nunca foi capaz de superar, sempre buscando ajuda em psicólogos e nada. Tomara que ela esteja bem.
Quando entro, ela está enrolada no sofá, chorando. Largo minha bolsa em qualquer lugar e corro para abraça-la.
- Não fica assim, amiga – eu falo baixinho enquanto escuto seus soluços. Vê-la assim me corrói por dentro. Dá vontade de matar aquele bastardo – me conta o que aquele maníaco fez pra você ficar assim?
Ela assua o nariz e respira fundo.
- Ele não fez nada demais, acho – ela fala – ele apenas tentou me beijar, mas o jeito dele, sei lá, me lembrou aquela noite – ela treme.
- Bastardo. Não se preocupe. Ele nunca mais chegará perto de você.
Ela funga.
- Não é culpa de Matthew. É culpa dele – ela fala – eu nunca poderei seguir com minha normal, Eva. Sempre terá essa terrível lembrança para me assombrar.
- Não terá não, de forma alguma. Você tem a mim – eu falo abraçando-a mais forte.
- Eu achava que depois que eu o colocasse na cadeia, eu mesma, ia passar – ela gemeu – mais ainda não passou. Isso é horrível.
- Ei, me escute – eu falo puxando seu rosto – aquele desgraçado teve o que mereceu e ainda vai passar muitos anos lá. E você vai superar isso, porque vou ajuda-la. Você por acaso parou de ir ao psicólogo?
Ela fica calada por uns segundos.
- Ele me destruiu, Cas. Ele tirou um pedaço de mim.
- Do que você está falando? – senti minha espinha gelar.
Ela respira fundo.
- Eu fiquei com vergonha de falar – ela disse – bom, depois do que houve, eu nunca mais... consegui ficar com um homem.
- Mas todas as vezes que você saiu com alguém..
- Eu tentava, mas nunca fui ate o final. Eu ficava assustada e saia correndo.
- E você nunca pensou em me contar a verdade?
- Eu tinha vergonha de dizer que nunca mais tinha... enfim.
- Você é mesmo uma i****a – eu ia dizer muito mais coisa, mas a campainha soou.
Deixei Eva ir ao banheiro e corri para atender. E logo entregadores e mais entregadores encheram a sala com rosas vermelhas e todas com uns bilhetes.
- Por favor, assine aqui – um deles fala.
- Por acaso não estão no apartamento errado? – pergunto sem acreditar.
- Nossa! Que lindas! Adam mandou pra você? – Eva as cheira e vejo que as rosas animaram ela.
Assinei a entrega.
- Com licença, para quem são as rosas? – pergunto ao entregador.
- Para Eva Connor – ele ler um papel.
- Hmm aposto que sei de quem são – eu pego um cartãozinho de um dos arranjos e leio alto quando fecho a porta e agradeço.
“Mil perdões. A beleza delas não se compara com a sua.” MC.
Eva cora e continua cheirando as rosas e olhando para elas maravilhadas. O que quer que ele tenha feito com ela, eu o perdoo.
- Matthew é louco – Eva fala ainda sorrindo.
- Você não vai agradecer?
- Sim, na verdade eu agradeceria, mas não tenho seu numero.
No mesmo instante, seu celular toca. Ela me mostra o numero não conhecido e depois atende.
- Oi – ela fala – sim, acabaram de chegar. Obrigada são lindas – ela fala e desliga rapidamente.
- O que houve? – pergunto quando ela joga seu celular no sofá e me olha estranho.
Ela respira e se senta do outro lado.
- Não sei, é tudo tão confuso. Ele é um hacker, Cas. Se ele quiser, dentro de poucos minutos ele vai ter toda a minha historia em mãos e..
- Você está com medo – me sento ao seu lado.
- Sim – ela responde e se abraça – tenho medo dele me julgar e..
- Matthew pode ser arrogante e i****a, mas não é burro, Eva. Tá, se você não quer contar, não conta, mas se não quer que ele pesquise sobre isso, terá de ser franca com ele.
Ela olha para longe, pensativa.
- Claro, você tem razão – ela se levanta, pega seu celular – eu devo uma explicação a ele. Mas isso é tudo. Porque não vou t*****r com ele, nem nada disso. Nem perto disso.
- E se ele forçar algo, me diz que acabo com a raça dele.
Ela sorri.
- Claro.
Já passava das cinco quando Eva saiu para se encontrar com Matthew. Se ele não a tratasse com gentileza, eu ia me vingar. Mas acabei passando a tarde resolvendo uns processos em casa mesmo, para ver se o tempo passava. Por volta das seis, meu telefone toca e surpresa, vejo que é minha mãe. Respirei fundo.
- Olá, mãe! – atendi o mais simpática possível.