O Reflexo De Um Anjo 3

A Minha Fraqueza

(Pither)

Eu nunca vi uma pessoa ficar tão feliz porque ganhou um gato! A cada dia Esther me surpreendi mais... Eu estou superando as alergias, e o excesso de pêlos no tapete. Sem contar os miadinhos irritantes que ela acha a coisa mais linda do mundo! O que eu não faço por essa mulher?!

Depois que tomei o meu banho relaxante saí de ponta de pé e surpreendi Esther orando junto a cama. Pra falar a verdade eu nunca tinha á visto orar... Deve ser porque ela nunca tinha feito isso para que eu visse.

Ela é extremamente confiante em Deus! E eu não me lembro qual foi a última vez em que me ajoelhei, para rezar nem o "Pai Nosso"! Mas uma vez ela me dando uma lição de vida... Vesti minha camiseta e me aproximei junto dela, me ajoelhando também. Não sabia nem como começar... Mas se estou me esforçando, e já é um bom caminho.

Depois disso fomos nos deitar. Estávamos extremamente cansados, o dia tinha sido turbulento e cheio de emoções. Coloquei Esther sobre o meu peito e peguei no sono logo em seguida, antes dei um beijinho na barriga dela.

- Boa noite minhas filhas! Bons sonhos pra vocês aí também... Falei e ela sorriu levantando o olhar pra mim.

Eu dormi feito uma pedra, acordei com a bola de pêlos em cima da gente.

- Eu acho que ela quer a areia dela! Esther falou bocejando.

- E eu acho que ela está nos dando bom dia! Respondi ainda com os olhos pesados.

Esther levantou e foi cuidar da Mel, esse era o nome que ela colocou na felizarda. Só imagino a zorra que isso vai virar quando o Bob chegar hoje á noite.

Depois que tomamos o nosso café, fomos para a casa do meu pai. Luísa já tinha ligado umas cinquenta vezes para a Esther, avisando que o bolo do Matheus ia chegar antes das onze.

- Esperai... Ela não disse que seria só um jantarzinho íntimo? Falei boquiaberto com a evolução da tal comemoração. Havia até balões pela casa.

Eu fiquei a todo instante alertando a Esther para não pegar nenhum peso sequer. Papai estava envolvido com a festa... Em nenhum momento se zangou de as mulheres fazerem o que bem queriam da casa dele!

Ele me disse que a Naná estava querendo ir embora, disse que depois do casamento eles conversaram e ela achou melhor não morar mais naquela casa, porque não tinha mas o que fazer alí.

Papai parecia triste em relação a isso, pediu que eu a convencesse a ficar.

- Pai! Sentei me em uns dos sofás enquanto as mulheres estavam na cozinha tagarelando. - Eu te acho um homem inteligente... Mas as vezes tu é muito burro cara! Ele se assustou com a minha reação direta. - Eu morei anos em Boston, e Naná permaneceu aqui firme forte! A gente se via de vez em quando nas férias de verão, e em nenhum momento ela cogitou a idéia de ir embora! Depois que voltei ela sempre esteve com a gente, mesmo eu tendo barba na cara, e não depender mais dela... Naná continuou com a gente! E agora que eu casei ela quer ir embora, e você acha que o motivo sou eu? Pai á anos ela está aqui... E está aqui por você! Pai essa mulher te ama, eu não acredito que tu é tão ingênuo de não perceber isso?!

Papai ficou por um momento mudo, e pensativo. Como se processasse as minhas deduções.

- Pai! Eu vejo vocês juntos... Quando vocês conversam é como se você não ficasse tão ranzinza! Ela até te faz sorrir!

- Eu não sou ranzinza! Ele disse ofendido.

- Tá então beija ela logo, antes que ela perca a paciência e faça isso! Falei rindo por dentro da sua cara de preocupação.

- É estranho estar conversando sobre isso com você! Ele disse me olhando.

- Seu filho é um poço de experiência! Falei me gabando.

- É não vou negar que você já teve muita atitude i****a na vida! Pelo menos pra alguma coisa serviu as suas cabeçadas! Ele respondeu sorrindo e eu revirei os olhos.

- Pai pra finalizar... Eu sei que você ainda pensa na mamãe... Ela foi o grande amor da sua vida, é justo! Mas infelizmente a mamãe morreu! E isso é pra sempre, pai! Aproveite a segunda oportunidade que a vida está lhe dando e manda ver meu velho!

Ele soltou um sorriso largo dando um tapinha no meu ombro.

- Eu te amo Pither! Ele disse carinhoso.

- Eu também te amo pai! Respondi.

(...)

Depois de muito entra e sai naquela casa, enfim a festa estava do jeito que elas queriam. O que era pra ser somente uma celebração virou um exagero! Principalmente para o coitado do Matheus que estava trabalhando a beça em pleno sábado! E ainda por cima no dia do seu aniversário. Ele era garçom.

Esther foi dá uma olhadinha no quartinho que foi dela. Seus olhinhos brilharam quando viu que tudo estava alí, do jeitinho que ela deixou.

Olívia a cozinheira ficou me mimando na cozinha, disse que estava com muitas saudades da gente. E pediu que eu a levasse para trabalhar no nosso apartamento. Achei graça quando ela disse

- A casa ficou triste sem vocês, Patrãozinho!

Quando deu seis e meia Lorenzo e o André chegaram. Eles sabiam que tudo era uma surpresa, por isso Miguel ficou encarregado de cuidar do Matheus para que ele não suspeitasse de nada.

Esther desceu as escadas linda como sempre. Ela trocou a roupa e colocou um dos vestidos novos que compramos. Ele era rosa e havia um laço sobre a barriguinha, a deixando com mais cara de mamãe.

Por um momento eu me distrai com a conversa do André, e ouvi a campainha tocar. Imaginando que fosse o Miguel já que o interfone não havia tocado.

Mas um barulho forte ecoou lá na sala, e eu ouvi o grito de Naná desesperado.

- Esther! Foi a primeira coisa que pensei e disse. Corri até a sala e a vi caída no chão, perto da escada com um presente recém desembrulhado sobre a mão. Ela estava desmaiada, e eu fiquei apavorado.

Eu entrei em um estado de transe total, quando vi minha mulher alí caída sobre o chão desacordada. Quando o primeiro impacto passou, a minha reação foi pega-la nos braços e leva-la até o sofá. Aos poucos ela foi acordando... Eu tremia feito vara verde.

Os lábios dela estavam brancos feito um papel. Esther se levantou um tanto assustada e eu segurei na sua mão para que ela sentisse que eu estava alí.

- Você está bem meu amor? Perguntei altamente preocupado.

Ela não respondeu, somente balançou a sua cabeça que sim ainda pálida. E eu me virei para o lado percebendo que André se abaixava para espiar o tal presente.

Luísa trouxe um copo com água e ela bebeu. Parecia menos tensa.

André franziu o cenho, depois se virou pra mim, seus olhos completamente apavorados.

Me levantei beijando a mão dela e fui até ele, me abaixando também para ver o que tinha naquele maldito presente.

Ergui o embrulho e dentro da caixinha havia uma boneca, ela era pequena mas sua aparência era idêntica a de Esther. Ela era loira, e seus olhos também eram azuis, por incrível que pareça a boneca havia uma barriguinha como se também tivesse grávida. Mas o que mas me chocou foi que nela havia uma faca fincada sobre o coração, e no vestido manchas de sangue.

- Isso é um... André começou.

- Eu sei o que é! Falei sentindo o meu rosto pegando fogo. Levantei e saí de casa feito um louco em direção a portaria.

Eu fiz literalmente um escândalo, o porteiro ficou mais surpreso do que todo nós. Disse que apareceu um rapaz uniformizado, alegando trazer uma encomenda para a senhora De'Fragma, mas não imaginou do que se tratava. Mas como a Diana havia lhe dito que estávamos fazendo uma festa em casa, e que deixasse livre o acesso para os organizadores, ele achou que não havia problemas.

- Tá, eu já entendi tudo! Respondi passando minhas mãos sobre o rosto.

Meu Deus! Armaram para a Esther! Alguém que sabia sobre a festa, armou para a minha esposa, com a pior das intenções. Eu não conseguia me conter, o pobre porteiro me pediu dezenas de desculpas e eu sabia que não era culpa dele! Porém pedi que tudo que chegasse para Esther a partir de hoje ele me chamasse imediatamente, ou ao meu pai! Que por nada nesse mundo deixassem entrar sem nosso consentimento!

Voltei pra casa extremamente abalado. André tinha levado Esther nos braços para um dos quartos. Lorenzo estava na sala e Luísa vinha do corredor com um medidor de pressão nas mãos.

- Seu pai mediu a pressão dela! Graças a Deus ela está mais calma!

- Ótimo! Respondi entre os dentes. - Agora eu preciso falar com vocês dois! Lorenzo fez uma cara de quem não estava entendendo nada. Mas junto com a Luísa me acompanhou até o escritório do meu pai. Eu os levei para lá porque sabia que era o único lugar em que eu podia gritar a vontade que ninguém me ouviria.

- Eu acabei de vim da portaria agora... Falei me virando pra eles.- E o porteiro me contou que um cara uniformizado trouxe uma encomenda para a Esther, sabe Deus da onde! Ele sabia que hoje teríamos uma comemoração aqui e sabia que não íamos ser tão restritos com as pessoas que entrariam na nossa casa! Luísa e Lorenzo me olhavam atentamente. - E sabem o que isso quer dizer? Que temos um espião entre nós...

- Pither... Luísa começou e eu a cortei.

- Eu ainda não acabei! Respondi friamente. - Posso dizer que eu só consigo pensar em vocês dois!

- Pither por Deus! Ela se alterou. - Esther é a minha melhor amiga!

- Mas isso não n**a o fato de você ser irmã do tranqueira do Liam! E você Lorenzo! Falei me virando pra ele. - Não é segredo pra ninguém que ainda morre de amores pela jararaca da Déborah! Então é melhor vocês estarem bem cientes que eu vou passar por cima de qualquer um, para defender a minha mulher!

- Pither acho que você se esqueceu que Esther também é a minha irmã, eu jamais faria nada para machucar ela nem os bebês! Lorenzo se defendeu.

- E o Liam está preso Pither! Não acredito que ele esteja envolvido nessa depois de tudo o que ele está passando... Ela explicou.

- Vocês estão avisados! Praticamente rosnei e saí batendo a porta.

Virei o corredor indo em direção ao quarto que Esther estava e deparei com Naná vindo até a mim.

- O que você está fazendo? Ela perguntou preocupada.

- Vou levar a minha mulher pra casa!

- Não Pither! Não faça isso! Naná pediu cautelosa.

- Como não? Estão armando contra a minha Esther...

- Pither! Ela me disse firme. - Calma! Você está deixando a Esther nervosa! Com suas gritarias, e bate bocas não está a ajudando em nada!

- Como ela está? Perguntei angustiado.

- Ela está bem! Seu pai a examinou e disse que está tudo bem com ela!

- Eu quero leva-la pra casa! Falei ainda teimoso.

- É melhor esperar até o aniversário...

- Eu estou me lixando para esse aniversário Naná! O que me interessa é ela e os bebês!

- Você tem que passar segurança pra Esther! E não ficar surtando pela casa! Você precisa se controlar as vezes...

Abaixei minha cabeça desolado e ela me abraçou.

- Por que estão fazendo isso com ela Naná? Esther nunca fez m*l a ninguém! A envolvi com força sentindo meus olhos arderem.

- O foco não é ela Pither! Eles querem atingir você! Ela se afastou me olhando nos olhos. - Sabem que você ia ficar desse jeito... Ela é a sua fraqueza filho!

- Eu vou descobrir quem está por trás disso! Respirei fundo. - Eu juro que vou!