São Princesas

2500 Words
(Esther) Depois da emoção de conhecer a casa nova eu resolvi tirar um cochilo. Acordei com o celular tocando, era Luísa. - Oi Esther! Ela me disse mais que animada. - Oii Luísa! Como vai? Perguntei sorrindo também. - Eu vou bem! Liguei para a Diana e ela me disse que vocês já tinham voltado da lua de mel... Como foi? - Sim! Voltamos hoje! Falei me sentando na cama. - Foi tudo maravilhoso! - Esther eu liguei pra você porque preciso muito de um favor! Ela pediu ansiosa. - Se tiver no meu alcance! Respondi. - Depois de amanhã é o aniversário do Matheus... E apesar de ele não gostar muito de comemorações... Eu não queria passar em branco, sabe? - Entendo... O que pretende fazer? - Então, com esse lance do meu irmão eu não quero fazer nada aqui em casa... Daí eu pensei que talvez podíamos fazer na casa do Senhor Álvaro! Lá é mais espaçoso, e podíamos fazer um jantar e convidar os meninos... - Seria bem divertido! Respondi entusiasmada. - Vou falar com a Naná e pedir pra ela convencer o Tio Álvaro... Te ligo depois avisando! Luísa e eu conversamos mais um pouquinho e depois desligamos. Havia um cheiro maravilhoso vindo da cozinha, e eu precisava ir até lá. Ver Pither de avental me deixou boquiaberta. Ele disse que não sabia cozinhar e estava diante de um fogão, assistindo a vídeos de receitas pelo celular. E ainda por cima extremamente concentrado. - Me diga que não está cozinhando! Me aproximei e beijei seus lábios. Ele se dispersou e se virou pra mim. - Não estou cozinhando! Respondeu em tom de brincadeira. - Você está tão lindo de avental, exibindo esse seu peito nu sem camisa! Falei o provocando. - Humm... Ele apertou seus olhos. - Se você não quer que a comida queime, é melhor não ficar me dizendo essas coisas... E eu sorri colocando meus braços em sua volta. - Amor... Ele disse provando o tempero em uma colher. - Eu troquei de número do celular! - Por quê? Perguntei intrigada. - Hoje depois que você foi tirar uma soneca eu decidi fazer isso... Ele disse analisando meu rosto. - Na verdade havia gente demais com aquele número! Agora somente as pessoas que eu realmente me importo que saberão o número novo! - Sabe que independente disso eu confio em você! Falei sendo sincera. - Eu sei! Só estou evitando maus entendidos... Sofri demais quando você foi embora! Não quero nunca mais ter que passar por isso! - E não vai! Coloquei meus braços sobre seu pescoço.- Vamos ficar bem velhinhos e juntinhos, com bengala e crochê! - Até lá teremos uma casa com varanda! Ele disse tocando meu rosto.- E uma rede para balançarmos nossos filhos! - E uma lareira! Eu falei ainda sonhando mais alto. - Para tomarmos chocolate quente no inverno, aquecidos por ela! - Perfeito! Ele sorriu exibindo suas marquinhas na bochecha.- Agora a senhora precisa se alimentar pra ficar bem fortinha, e deixar os nossos herdeiros bem saudáveis... E amanhã teremos uma consulta com um ginecologista ótimo! - Sério? Falei provando a comida que estava quase pronta. - Sim! A Naná marcou pra você... Eu quero ouvir os coraçõezinhos deles! - Eu também! Respondi deixando o meu prato bem farto, já que era pra comer então "mãos á obra". (Pither) Eu era extremamente preocupado, Esther era meio desligada quando o assunto era sua saúde. E por isso graças a Deus eu podia contar sempre com a ajuda da Naná. Principalmente para a questão de consultas. A primeira vez foi Miguel que á acompanhou e hoje ela terá a mim. Acordamos cedo, e tomamos o nosso café da manhã, eu havia decidido voltar a trabalhar na segunda feira. Enquanto isso eu precisava resolver algumas coisas, como por exemplo encontrar uma pessoa que ajudasse Esther nos afazeres da casa. Ela já estava entrando para a sua décima sexta semana de gravidez, e eu jamais deixaria ela ficar se matando em casa, grávida de gêmeos. - Você fica tão linda com esse vestido! A elogiei quando a vi sair do quarto. Ela me olhou com seu jeito meigo e entrelaçou seus dedos nos meus. - Obrigada! As minhas roupas já estão ficando apertadas. Por isso que prefiro os vestidos! Ela respondeu sorrindo. - Por que não me contou Esther? Falei calmo, me voltando pra ela.- Não quero que esconda isso de mim! Principalmente se estiver precisando de alguma coisa, não exite em me avisar! - Tá bom! Ela respondeu tímida. - Promete? Perguntei para ter certeza. - Prometo Neto! Seu sorriso se ampliou. - Agora vamos pequerrucha, se não vamos se atrasar! Falei e ela assentiu. (...) Quando chegamos no obstetra eu suspirei aliviado ao ver que a médica era mulher. Não gosto da idéia de outro homem tocando a minha mulher. Ela foi muito atenciosa e eu não desgrudei delas um minuto. Esther falou sobre os enjôos após consumir leite e derivados. E ela falou sobre os bebês terem uma possível intolerância. Passando uma dieta rigorosa pra ela, e vitaminas como ácido fólico e suprimentos. A doutora também conversou comigo, como quero ser um pai ligado em tudo. Eu já disse que quero estar presente durante o parto, e fiquei altamente interessado nos cursos preparatórios para gestantes. Pois Esther mencionou sua vontade extrema de ter um parto normal. Quando a médica passou o gelsinho na barriguinha dela eu já fiquei comovido. Peguei a sua mão demonstrando confiança, porém eu estava mais nervoso do que ela, sem dúvidas. - Os bebês estão na mesma placenta. A medica começou. - Por isso é fato afirmar que eles serão idênticos! "Acho que caiu um cisco no meu olho!" Vocês não fazem idéia como é alto e rápido o som dos coraçõezinhos! - Estão de olhos fechados! Vocês vão querer saber o sexo? Ela perguntou e meu coração parecia querer gritar dentro de mim. Esther se voltou pra mim, como se aquilo também a pegasse de surpresa. - Já dá pra ver? Perguntei. - Sim pai! Ela continuou. - Uma delas está com o dedinho na boca! - Delas? Agora sim acho que vou ter um desmaio. - Sim... Vocês terão duas meninas! Ela disse mostrando pra gente perfeitamente no ultra-som. Eu lembrei da minha mãe! Nessa hora chorei feito uma criança. Era o que eu queria! O que eu esperava... Meninas! Obrigado Deus, meu desejo foi cumprido!! Estou tão emocionado que devo estar passando vergonha aqui no consultório. - Desculpe! Sou pai de primeira viajem! Falei tentando me conter. - É completamente normal! A medica sorriu vendo também a felicidade nos olhinhos da Esther.- Isso é muito importante para nós mulheres! Ter o apoio do pai do bebê! (Esther) São meninas! Pither ganhou a aposta! Ele vai escolher os nomes... Mas vê-lo chorar no ultra-som me deixou muito surpresa. Aquele coração de gelo estava altamente amolecido e ele parecia mais emotivo a cada dia. Todo momento ele esteve do meu lado, tirando suas dúvidas e prestando atenção em tudo! E eu o amei ainda mais por isso! Quando saímos da clínica, Pither saiu extremamente mexido com a notícia das filhas e de mãos dadas a mim fomos até o carro. Eu também estava feliz, porém alguma coisa estava estranha quando cruzamos o estacionamento... Era como se nós dois fossemos observados. Pither não percebeu, abriu a porta pra mim sorrindo. Eu olhei para os dois lados como se procurasse ver alguma coisa. Mas tudo parecia tranquilo (Pither) Depois de saber que os bebês eram meninas eu quiz ir no shopping e ver todas as coisas possíveis pra elas. Esther me disse que era cedo ainda... Mas eu estava muito ansioso para a chegada das minhas princesas! Eu sempre quiz ser pai de menina! E agora duas, iguaizinhas... Isso é felicidade demais pra mim! A gente olhou tudo! Esther gostou de várias coisas... Ela temia comprarmos roupas da cor rosa! Estava receosa a respeito do ultra-som. Segundo ela teríamos que fazer outros para termos certeza! - Eu tenho certeza absoluta! Falei cheio de entusiasmo.- Pode colocar rosa em tudo, porquê eu sinto que são meninas! Ela sorriu e continuamos a andar pela loja feitos dois pais babões. Porém Luísa não dava sossego ao celular, parece que amanhã é o aniversário do Matheus. E mulheres vocês já sabem como são... Só planejam as festas em bandos! Esther tagarelava com Naná pelo telefone, parece que ela também está envolvida nessa tal comemoração. E sorri por dentro só de imaginar os acontecimentos nesse tal jantar. Graças a Deus me casei com uma mulher simples, e que todos amam! Eu já imagino Déborah com toda aquela antipatia sendo convidada para planejar uma festa. Por falar em Déborah... O que será que houve com aquela louca? Será que tomou jeito e decidiu tomar um rumo na vida? Ou está escondida maquinando algum plano diabólico para as suas vítimas?! Balancei a minha cabeça e espaireci esses pensamentos ruins. Agora nada mais me importava, somente as minhas filhas e a minha linda esposa! - Neto vamos embora? Estou um pouco cansada! A vozinha de Esther soou atrás de mim. - Vamos sim meu amor! Me dê as coisas, isso está pesado pra você levar. Voltamos pra casa, e combinamos que não contaremos pra ninguém ainda, sobre o sexo das bebês. Naná apareceu à tarde. Eu pedi que ela viesse e trouxesse consigo a Val e o quadro da sala, aquele da mamãe. Eu quero coloca-lo aqui no apartamento, não tem porquê ele ficar lá. E papai entenderá perfeitamente. - Pither! Seu pai pediu que trouxesse os álbuns de família para que vocês guardassem! A maioria são fotos suas mesmos! - Você trouxe o álbum de fotos do Pither bebê? Esther perguntou cheia de curiosidade. - Não Naná! Porquê você trouxe isso? Falei envergonhado. - Não seja bobo Neto! Você até que era bonitinho... Esther me disse com ar de deboche. - Não seja mentirosa, eu era magrelo e cabeludo! Falei enquanto ela olhava as fotos atentamente. - Veja! Ela disse entusiasmada. - Neto, olha como essa foto do seu pai lembra você?! - Ele tinha trinta anos na época! Naná complementou. - E essa é a Dona Raquel! Sempre linda com o Pither no colo! - E essa aqui ao lado é você? Esther perguntou boquiaberta. - Diana você não mudou nada! Olha pra isso Neto?! - Verdade... Respondi. - A minha Naná sempre foi uma gata! E ela balançou sua cabeça corada. - Olha Esther! Esses são os seus irmãos... Naná falou mostrando uma foto bem no finzinho do álbum. - A Raquel tirou no dia em que eles vieram morar na cidade! - Isso foi dias depois da minha mãe morrer! Ela disse extremamente emocionada. - Desculpa gente! Estou emotiva demais graças a gravidez... - Bom chega de fotos por hoje! Falei guardando-o de volta na caixa e deixando Naná zangada. - Pither seu chato! A gente não terminou de ver... - Não é bom pra Esther ficar remoendo essas coisas... Hoje foi um dia super corrido e o emocional dela já está sensível demais! Vamos deixar pra outro dia... Respondi. - Falou o Doutor! Ela disse sorrindo e eu não me importei. Eu sei que a notícia da revelação das bebês já tinha nos deixado emocionados a beça. E lembrar da morte da mãe não é uma lembrança muito agradável. (Esther) Mais uma vez o extinto protetor do Pither acionou. Ele não deixou eu terminar de ver as fotos da família, e eu acho que tem alguma coisa da minha mãe alí. Eu entendo ele, mas as vezes me sinto m*l. É como se ele me achasse fraca demais para determinadas situações, me sinto um cristal às vezes. Ele saiu depois disso e eu fiquei ajudando Naná a ajeitar as coisas. Eu o notei um pouco perturbado, os olhos dele nunca mentiram! Fiquei um pouco chateada... Ele não tem noção de como eu posso suportar certas coisas. Vivi sete anos sobre o domínio de uma mulher perversa, presa num porão horroroso! Depois convivi com a Deborah me afrontando dias após dias... Alegando que ela ficaria com ele no final, graças aquele filho. Então eu sou sim uma mulher forte! Ele não precisa me acampar a todo momento sobre as suas asas! E eu vou mostrar isso a ele! Naná e Val foram muito atenciosas, elas faziam brincadeiras comigo a todo instante. - Égua menina Esther! Eu lhe disse que tu ia ficar com o Doutorzinho! Tu deu uma rasteira naquela cabeluda, e mostrou quem é que manda agora! Gargalhei com o seu comentário e Naná continuou. - Esther era a minha última esperança... Ainda bem que não precisamos ver àquela magrela, com cara de retardada nunca mais! - Aah então vocês gostam de mim só por isso né?! Banquei a ofendida de araque. - Não! Também porque você tá esperando dois babys! Valdete disse tão espontaneamente fazendo todas nós morrerem de rir. (...) Depois que as meninas foram embora eu tomei um banho e tirei um cochilo. Acordei com Pither acariciando meu rosto, o sol já havia se posto e eu percebi que já era noite. - Você acabou de chegar? Perguntei ainda sonolenta. - Foi! Ele sorriu com um ar travesso. - Eu trouxe algo pra você! - Pra mim? Falei me sentando na cama. - Sim! Eu sei que é uma loucura porque nosso apartamento é pequeno, e talvez não seja muito indicado termos isso agora... - Aaah você tá me matando de curiosidade! Respondi ansiosa. - Vem comigo! Ele pegou na minha mão me levando pra sala. Quando cheguei próximo ao sofá, eu vi uma figurinha tão pequenininha, peluda, e indefesa sobre o tapete me olhando assustada. - Ah meu Deus Neto! Falei com a minha mão sobre a boca. - Você... Você disse que não podia ter um! Falei eufórica. - Eu prometi que ia realizar todos os seus desejos! Inclusive aprender a conviver com um gato em casa! - Ele é lindo! Falei me aproximando e pegando-o no colo. - É ela! Eu a adotei hoje! Ele disse vendo a minha felicidade. - Eu não sei como te agradecer! Respondi o abraçando. Ele ficou meio ressabiado por eu estar com ela no colo, mais sei que essa sisma logo vai passar. - Só estou preocupada com o Bob! Falei para a Diana que iríamos trazê-lo amanhã! - Vamos ter um gato, um cachorro, dois bebês e um elefante se você quiser meu amor! Ele disse com seu jeito brincalhão. A gatinha estava assustada mas logo se aninhou sobre meus braços e pegou confiança em mim. - Você é lindo sabia?! Falei dengosa por ele ter me presenteado com o que eu mais queria naquele momento. - Não diz isso que eu te trago um bichinho toda semana! Ele disse se aproximando, e eu fiquei na ponta dos pés para beija-lo. Sem dúvidas eu havia ganhado na loteria por ter me casado com esse homem!
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