Até Debaixo das Pedras

2495 Words
(Esther) Antes de pegarmos a estrada meu celular tocou, era o Pither. Eu sabia que era uma alternativa para mim desistir da viajem... Mas eu nem sequer o atendi. Depois de seis tentativas ele desistiu! Talvez essa fosse nossa última chance. Uma oportunidade para ficarmos juntos e eu deixei passar. Tudo por medo dele me rejeitar quando soubesse dos bebês. Naná se ajeitou no banco com sua cabeça sobre o apoio e tirou um cochilo. Agora Miguel curtia muito a viajem com seus fones de ouvidos e sem tirar os olhos da janela. Talvez eu estivesse sendo egoísta puxando eles comigo para tantos lugares assim. Principalmente Diana, ela sempre teve adoração pelo Pither e deixa-lo para atrás, com certeza está sendo muito difícil pra ela. Durante a viajem pensei em algumas alternativas para eu distrair a minha mente. Poderia arrumar um emprego temporário... Apesar da minha situação não ajudar muito, eu gostaria de aprender fazer outras coisas. Eu não queria ser um peso pra ninguém! Miguel praticamente esqueceu-se da sua vida para cuidar de mim. Agora olhando pra ele vejo que é um irmão maravilhoso, e loirinho como a mim e porquê será que está solteiro? - O que tanto me olha? Ele resmungou tirando os fones da orelha. - Miguel por quê você não namora? Especulei. - Porque eu não estou afim de ninguém! Ele deu de ombros. - Uma vez você me disse que se interessava por loiras, lembra? - Foi uma brincadeira! Ele deu um meio sorriso. - Eu gostava de te deixar nervosa! m*l sabia eu que você era a minha irmã! Disse com desdém. - Eu jamais imaginaria... Respondi pensativa. -Nunca pensei que nós seríamos irmãos! - Agora tudo faz sentido! Eu devia ter prestado mais atenção... É claro que você só poderia ser minha irmã! Bonita desse jeito puxou a mim! Gargalhei alto com a sua piada egocêntrica, e acabei despertando Naná que se remexeu no banco e voltou a dormir. Miguel ficou sério por alguns instantes, e falou ainda observando a janela. - Quando tiver que acontecer, quero que seja pra valer! Eu nunca apresentei ninguém para os meus irmãos, porque sei que a mulher da minha vida ainda não chegou! Sorri e apertei sua mão como uma forma de demonstrar toda a minha afeição por ele. - Não conta pra ninguém mais você é meu irmão preferido! Sussurrei. - Aah! Agora vou contar pra todo mundo. Ele sorriu. - Quero que todos os outros saibam que te perderam pra mim! Deitei minha cabeça sobre o seu ombro e continuamos a viajem. Miguel apertou com seu braço meu ombro enquanto colocava seu óculos de sol e admirava a paisagem do lado de fora. (Pither) Agradeci por não ter desfeito as malas, porque a mesma eu usaria para ir para o Mato Grosso. Depois que cheguei do apartamento dos meninos eu liguei para a Pâmela e cancelei todos os meus pacientes. Eu sabia que era uma questão de tempo para que Esther me perdoasse. No jantar papai se aproximou se sentando ao meu lado. - E o que resolveu? Perguntou se virando pra mim. - Amanhã bem cedo eu irei para o Mato Grosso. Acabei de saber que o bom velhinho levou Esther para a sua casa! - Pither se ela foi embora para tão longe, deve ser porquê não queira mais te ver! Ele disse da forma mais desanimadora possível. - Pai, por mim Esther pode se esconder até debaixo das pedras mais eu vou encontra-la. Ela e o meu filho voltarão comigo... E a Naná também é claro! Respondi muito convencido. - A Diana também foi com eles? Ele perguntou curioso. - Suponho que sim! Respondi dando um meio sorriso. - Naná é maravilhosa! Ela está cuidando de Esther por mim... Dê uma forma o outra ela sempre pensa na família! Papai deu uma leve pigarreada como se quisesse dizer alguma coisa. - Eu vou com você para essa viajem! Ele disse firme. - Sério pai, não precisa se preocupar comigo! Você deve ter muitos compromissos e eu não tenho previsão para voltar. Falei tomando o meu suco. - Eu também não tenho pressa! Além disso preciso de umas férias... Amanhã bem cedo iremos viajar, e a minha ida com você não está em discussão! - Okay! Olhei para ele um pouco impressionado. - Só avisando que iremos de Porsche, quero chegar o mais rápido possível! - Pra mim tá perfeito, quanto mais cedo melhor! Ele disse se concentrando no seu jantar e eu arqueei as sombrancelhas imaginando porque tanto interesse do Senhor Álvaro na viajem. (...) Acordei bem cedo e tomei um banho bem demorado. Quase não preguei os olhos á noite. A notícia da paternidade mexeu comigo, eu nunca tinha sentido isso, nem quando Déborah me apontou como o suposto pai do seu filho. Eu não senti absolutamente nada! Era como se meu corpo não reagisse ao bebê dela porque sabia que não era meu. Mas com Esther foi diferente.. Eu fiquei muito emocionado, a ponto de contar até para o Bob! Coloquei a minha camiseta manga longa branca e uma calça jeans skinny. Eu queria ficar bonito pra ela! Mesmo sabendo que a viajem seria longa e eu provavelmente teria que passar uma noite no hotel. Eu quero sair daqui cheio de desposição e otimismo, para reconquistar a mulher da minha vida. Papai também entendeu muito bem o combinado, quando desci as escadas ele já estava pronto, de cabelos penteados e tudo. - Bom dia! Toma eu preparei o seu café! Ele me disse entregando a xícara e eu o agradeci. - Dispensei todos os empregados! Ele me avisou. - Teremos que levar o Bob! Respondi. - Pither a viajem é longa ele não vai suportar! Papai me alertou. - Não posso deixa-lo aqui sozinho! Então ele vai com a gente... Relaxa o carro é conversível ele vai respirar muito! Falei sorrindo. Papai assentiu e foi para a cozinha, peguei meu celular e liguei para a Esther na esperança que ela me atendesse. Na sexta tentativa eu desisti, ela obviamente estaria dormindo e não o ouviu tocar. Eu entendo perfeitamente, gravidez geralmente dão muito sono. (Esther) Viajamos o dia todo, e a noite paramos em um hotel para descansarmos. Eu estava exausta! Naná aparentemente parecia bem tranquila. Sorri vendo a tricotar uma toquinha para o bebê. - Não se esqueça que são dois! Falei sorrindo enquanto procurava uma roupa limpa na mala. - Com certeza teremos que fazer outra igualzinha para o irmãozinho! Ela disse prestando atenção nos pontos. - Esther você já pensou nos sexo dos bebês? - Sim! Respondi Alegre. - Eu chamo de "Eles" mas não tenho certeza ainda do que pode ser! - Você tem uma grande chance de ter meninos pela quantidade de irmãos que possuí! E nós duas caímos na risada. - Sabe... Mas eu ainda acredito no milagre de termos uma menininha para enchermos de lacinhos e vestidos rosa! - Isso explica a cor da toca ser vermelha! Falei indo abraça-la. - Naná as vezes eu não sei bem me expressar bem... Mas quero do fundo do meu coração te agradecer! - Imagina querida! Seus olhinhos brilharam. - Não é sério! Você deixou tudo por mim... Incluindo o Pither! Senti um forte aperto no coração. - Esther! Ela disse passando a mão sobre os meus cabelos. - Tudo acontece por um determinado motivo! Você lembra da conversa que tivemos uma vez? Sobre ir embora, e vivermos como duas pessoas simples sem precisarmos de muito pra ser feliz?! - Sim eu lembro! E quero que saiba que ficaremos com o meu avô até nos estabilizarmos... Falei explicando. - Não importa o quanto ficaremos lá. O importante é você se sentir confortável! Ela apertou a minha mão. - Desculpa! Respondi com culpa. - Eu sei que você sente falta dele! Naná me deu um sorriso surpreendente. - Se você lembra da conversa que tivemos, vai lembrar também que nesse mesmo dia eu lhe disse que Pither te procuraria até debaixo das pedras... Sorri sem graça porque isso eu também me recordava. - Sim, isso eu também me lembro! - Não é só eu que sinto saudades aqui meu bem! Ela beijou o topo da minha cabeça se levantando. - A vida é cheia de surpresas... Vou tomar banho! Naná saiu me deixando intrigada com seus comentários enigmáticos, de que eu não entendia nada. (...) Eu tinha lido diversas vezes o manual da gestante, e li também sobre o aumento de hormônios que uma gravidez pode proporcionar numa mulher. Eu comecei a entender mais sobre esse tema depois dessa noite no hotel. Deitei me embolada sobre os lençóis em uma das camas. O cansaço me fez apagar rapidamente, eu não sei se passaram segundos, minutos ou horas mas em um sonho quase real eu vi o Pither. Ele estava sem camisa, ver seu peito nu me fez sentir formigamentos nas mãos. Ele me olhava com desejo enquanto mordia sua boca vermelha absurdamente sexy. Geralmente eu sou tímida em diversas situações mas naquele momento eu o toquei. Aquilo parecia tão real que a temperatura do seu corpo exuberante parecia inundar o meu ser. Pither se aproximou de mim e me puxou para si com velocidade, como costumava fazer. Senti ele colocar suas mãos entre os meus cabelos, e seu hálito fresco tocar a minha face. Ele me deu um beijo faminto e tomando a minha língua me trouxe prazer. Gemi entre seus beijos surpresa em como ele sabia me tocar nos lugares certos. Pither me deitou sobre a cama e ainda com seu corpo sobre o meu me beijava intensamente. Senti minha pele vibrar com o seu toque, ele acariciava meu rosto me dando a sensação de estar no lugar certo. Quando o vi desçer a bermuda e apontar uma ereção sobre a cueca, senti como se pegasse fogo entre as minhas pernas, era como se toda as minhas entranhas desejasse tê lo dentro de mim. Ajudei o tirar a cueca boxer, vê lo assim tão perfeito e sem roupas na minha frente, só me fez perceber ainda mais como eu era louca por ele. Senti a claridade nos olhos e alguém bater a porta. Levantei me sentando sobre a cama assustada, e ouvi a voz de Miguel do outro lado chamando nos para ir embora. Naná respondeu a ele, depois se virou para mim. - Bom dia! Tá tudo bem? - Bom dia! Estou sim... Menti enquanto sentia a umidade tocar a minha calcinha. Eu acabara de ter um sonho erótico com o pai dos meus filhos. Sem contar que eu estava tão suada que quase não pude me mexer. Eu precisava de um banho urgente!! Me levantei imaginando como seria bom se eu pudesse vê lo assim outra vez, todinho entregue só pra mim. (...) Tomamos café da manhã antes de sairmos. Miguel conversava sobre um assunto que eu nem prestava atenção. Meu foco era aquele sonho maravilhoso que tive com Pither, tudo parecia tão real. Senti um arrepio tomar meu corpo só de imaginar, seus lábios tocando os meus... Que ótimo! Agora tenho que aprender a lidar com esses hormônios que me consomem! Como se eu já não tivesse problemas suficiente! Depois de mais algumas horas chegamos no destino final, a Fazenda do meu avô. Descemos todos do carro, Naná deu uma boa olhada nos arredores, Miguel elogiava tudo como se fosse um paraíso. E eu só queria uma cama para me deitar. Meu avô não tinha família, mas em compensação havia gente demais alí! Segundo ele eram todos seus funcionários. Imaginei que cada um tivesse uma função, como até tirar o pó de seus sapatos... Claro! Pois no meu ponto de vista não sobraria trabalho para todos! Abelardo era seco com os funcionários. Vi um rapaz levar as nossas malas, tentei ajuda-lo mas ele me barrou. - Esther não! Ele é já p**o pra isso! Levantei meus olhos indignada com a prepotência daquele velho. Totalmente diferente do Pither, que beijava á todos e os tratavam com muito carinho como fossem a sua família. Deveria aprender com os mais novos! Depois do almoço Naná me disse que nós duas dormiríamos em quartos diferentes. Segundo ela era a ordem do mestre Alfa daquela casa. Assenti vendo ela se afastar. Tentei fazer amizade com a cozinheira mas ela parecia tão preocupada que alguém nos vissem conversando que m*l me deu bola. Saí pra fora na varanda e alí encontrei uma rede, sorri porque nunca estivera numa antes. Uma mocinha de mais ou menos uns dezenove anos veio até a mim como se estivesse apressada. - A senhorita precisa de alguma coisa? Ela perguntou ofegante com a corrida. - Não, eu estou bem! Como você se chama? Perguntei sorrindo pra ela. - Ariadne! A partir de hoje servirei exclusivamente a senhorita! - A mim? Perguntei surpresa. - Não será necessário... Eu posso me virar sozinha! Ela baixou seu olhar triste com a notícia. - Desculpe, falei algo errado? Perguntei. - Se a senhorita não precisa de mim, eu serei dispensada! Preciso desse emprego! Ela disse apreensiva. - Entendi! Tudo bem, Ariadne! Você será minha dama de companhia... Como nos contos de fadas! Gargalhei com a minha comparação estúpida. - Desculpe! Ela começou. - A Senhorita tem namorado? Franzi a testa intrigada com a sua pergunta. - Namorado? Não que eu fale! Respondi sorrindo. - É que minutos antes de eu vir até aqui, tinha um rapaz perguntando pela senhorita! Me virei para ela completamente assustada. - Perguntando por mim? - Sim! Era um rapaz bonito, alto e olhos verdes... A Senhorita chama se Esther não é mesmo? - Me chamo sim mas não acredito que alguém esteja perguntando por mim... Quando olhei para a entranda da casa eu vi quem eu jamais imaginava que viria... Era ele! De camisa lilás dobradas as mangas até o cotovelo, dois botões abertos exibindo um pouco o peito nu. Seus cabelos estavam cortados, porém ainda rebeldes a ponto de se bagunçarem com o vento. Seus olhos brilhavam com o reflexo do sol que tocava seu rosto. Senti minhas pernas bambear eu não esperava que ele estivesse alí me procurando. Pither se aproximou de mim, e a mocinha saiu pedindo licença eu nem sequer respondi. Estava abalada demais para me pronunciar. - O que veio fazer aqui? Perguntei saindo do transe em que estava minutos atrás. - Falar com você! Sua voz saiu rouca, fraca, ele falava baixo como se estivesse reunindo forças para continuar. - Eu não tenho nada pra falar com você! Respondi seca, ríspida. Estava magoada, ressentida com suas palavras ofensivas e suas acusações sem motivos. - Então pelo menos me ouve?! Ele suplicou. Virei meu rosto para o lado ignorando o completamente. - Me perdoa Esther! Quando me dei conta quase não acreditei no que vira. Ele se ajoelhou na minha frente e pegou minhas mãos para si. - Eu estou muito arrependido de tudo o que te falei! Volta pra mim?
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