Capítulo Quatro

1354 Words
"Jace. Terra para Jace. Ei, acorde!" Jason acordou, sobressaltado, resmungando, enquanto seu Beta o esbofeteava, brincalhão. Eles se conheciam desde filhotes, então não havia necessidade de formalidades entre ambos quando estavam sozinhos.  Espreguiçando-se, Jason bocejou no banco do passageiro e olhou pela janela para a mesma cena que os cercava nos últimos centenas de quilômetros. "Onde estamos?" "Cerca de mais uma hora, antes de chegarmos à próxima matilha", respondeu Luke. "E qual é mesmo essa?" "Rimrock", Luke procurou as informações no seu iPad, antes de entregá-lo a ele. Jason leu atentamente o dossiê da matilha. Com pouco mais de quatrocentos membros, era apenas uma matilha de nível médio. Assim como outras matilhas, eles haviam sofrido cada vez mais ataques de lobos-solitários ultimamente, essa era a razão para sua pequena turnê... pelo menos publicamente. Jason era Alfa da matilha Lua Azul, uma das seis matilhas ancestrais. Com mais de cinco mil membros, era a maior matilha da América do Norte e uma das mais prósperas. Aos trinta anos, ele comandava a matilha há quase dez anos, tornando-se um dos alfas mais jovens. Assim como a maioria dos alfas, Jason era alto e musculoso, sem excesso de volume. Ele tinha cabelos castanhos-escuros. Seu queixo normalmente era suavizado por uma barba bem aparada, mas devido ao apertado cronograma de viagem, ele estava com uma barba por fazer há algum tempo. Seus olhos castanhos afiados não deixavam passar muito despercebido. Outros o caracterizavam como durão, mas aqueles que o conheciam sabiam que ele era bastante amigável, espirituoso e charmoso, apesar de sua crescente desesperança. Seu espírito de lobo havia despertado cedo, testemunho do imenso poder contido nele. Lobo era um grande lobo marrom, quase preto, com olhos âmbar brilhantes e quase um pé mais alto do que outros lobos, incluindo outros alfas, até mesmo seu próprio pai. A emergência precoce de Lobo foi parte da razão pela qual Jason assumiu o comando da matilha mais cedo do que o planejado. Sua aura alfa era simplesmente poderosa demais, ofuscando a de seu pai e direcionando a lealdade da matilha para ele, afastando-a de seu antecessor, cujo domínio estava diminuindo. Jason sempre soube que seria o Alfa, então não teve problemas em assumir o comando. Seu único arrependimento era não ter sua Luna ao seu lado. Como sucessor de seu pai, normalmente deveria ter marcado sua Luna antes de passar o comando, mas apesar de anos procurando e viajando entre seus vizinhos, ele ainda não tinha encontrado aquela destinada a estar ao seu lado. Depois que o espírito de lobo de um lobisomem despertava e eles faziam sua primeira transformação, podiam sentir seus companheiros destinados. Ele havia sido prometido de que a reconheceria imediatamente pelo seu cheiro. Seria tão intoxicante que ele teria dificuldade em se concentrar em qualquer outra coisa. No entanto, apesar de seu Beta e Gamma, até mesmo de sua irmã, terem encontrado seus companheiros com relativa facilidade, Jason ainda buscava pelo seu. Para passar o tempo, a maioria dos lobos se envolvia em atividades sexuais para aliviar a pressão de seus instintos reprimidos. Jason, no entanto, se abstinha dessas atividades frívolas. A última coisa que ele queria era estar coberto pelo cheiro de outra fêmea quando finalmente encontrasse sua companheira. Ele estava determinado a que ela fosse sua primeira, única e última. Lobo concordava completamente. Mas depois de uma década de buscas, ambos estavam sentindo a pressão.  Uma matilha era feita para ser liderada por um par. Um Alfa era a força da matilha, mas uma Luna era seu coração. Sua matilha desesperadamente precisava do coração que haviam perdido tanto quanto ele precisava de sua Luna ao seu lado. As tensões estavam prontas para explodir e o desentendimento se infiltrava na harmonia da matilha. Jason começava a se perguntar quanto tempo conseguiriam manter seu frágil equilíbrio. Querendo ajudar, sua mãe sugeriu uma turnê de segurança. Os ataques de lobos-solitários estavam aumentando. Era um bom momento para visitar as matilhas mais afetadas e avaliar seus níveis de segurança para determinar se eram adequados. Também servia como uma boa cobertura para estender a busca por sua Luna, já que ele visitaria matilhas que ainda não tinha ido. Essa era a verdadeira razão dessa viagem, mas depois de meia dúzia de matilhas, ele estava começando a perder as esperanças, especialmente depois da última. Jason se arrepiou ao lembrar-se da filha de um alfa nua em sua cama, coberta de pétalas de rosa. Apesar das reclamações e até ameaças, ela continuou tentando entrar em seu quarto. Lobo estava pronto para começar uma matança, então Jason interrompeu sua visita precocemente. "Anime-se, Jace", Luke olhou para ele com preocupação, "Bem, a sorte está com o número sete. Certo?" "Certo", Jason suspirou, olhando novamente para o dossiê, "Parece que o alfa é um pouco mais jovem que eu... e ele é casado. Sortudo." "S… sim... bem, talvez não. Se os rumores forem verdadeiros, eles não são companheiros destinados." "Ele escolheu uma companheira?" Jason franziu a testa. Era de conhecimento comum que um alfa casado era mais poderoso do que um não casado, e uma ligação destinada era mais forte do que uma escolhida. Essa era a razão pela qual os alfas se esforçavam para encontrar suas companheiras destinadas, pois isso lhes garantiria mais influência e força. Não havia motivo para um jovem alfa recorrer a escolher uma companheira, se sua destinada ainda não tivesse sido encontrada.  Será que o alfa de Rimrock estava apenas impaciente ou teria ele perdido sua companheira em um ataque de lobos-solitários? Nesse caso, a Deusa certamente teria concedido uma segunda chance com uma nova companheira. Não havia como o Alfa ter feito o impensável e realmente… rejeitado sua companheira. A Deusa era benevolente e preocupada, mas ela nunca perdoava alguém se eles rejeitassem sua companheira destinada. Enquanto o lobo rejeitado teria uma segunda chance, aquele que o rejeitou não teria. Sua alma seria amaldiçoada a nunca conhecer a serenidade de encontrar seu par. Eles não teriam escolha a não ser se conformar com uma companheira escolhida, o que já era c***l o suficiente, mas quando morressem, seriam amaldiçoados a vagar sozinhos pelo território iluminado pela lua… para sempre. Lobo se mexeu, gemendo. Seu lobo estava desesperado para encontrar sua companheira, mas não desesperado o suficiente para recorrer a uma companheira escolhida. Não. Sua companheira destinada estava lá fora e, quando a encontrassem, ela seria… perfeita.  Lobo se acomodou na parte de trás de sua mente, reconfortado por enquanto. Jason voltou sua atenção para o dossiê de Rimrock e tentou esquecer sua ansiedade, mas isso era mais fácil dizer do que fazer. Sua apreensão permaneceu quando eles entraram no território da matilha e chegaram à casa da matilha. Suspirando, Jason abriu a porta e saiu, enquanto Luke conversava com a escolta deles, saindo de outros dois veículos e lembrando-os sobre o comportamento adequado como visitantes. Pegando seu casaco, Jason respirou fundo e, de repente, congelou quando Lobo praticamente se levantou em prontidão e avançou para a frente da mente de Jason. Era uma luta para manter seu lobo sob controle, mesmo enquanto ele inspirava o ar fresco novamente. Não havia erro: ela estava aqui. "Jace, o que foi?", Luke perguntou, se juntando a ele, "Jay? Você parece que viu um fantasma." "Ela está aqui." "O quê? Quem?" "Minha companheira." Luke piscou, quase não querendo acreditar. "Você tem certeza?" "Sim. É fraco, mas é definitivamente o cheiro dela. Ela está aqui." "Eu te disse, número da sorte sete", Luke sorriu. Ao avistar os anfitriões se aproximando, ele disse: "Mas vamos manter a calma por enquanto." Jason rosnou. Seus olhos escuros giraram âmbar quando Lobo se aproximou, querendo nada mais do que rasgar direto pela matilha até encontrar sua companheira. Ele esperara tempo demais. "Fácil, Jace", Luke murmurou, sentindo a aura de Jason o envolvendo, "Sua companheira está aqui, certo? Bem, logo faremos um passeio, então será o momento perfeito para encontrá-la, certo?" "Certo", Jason respirou fundo, gradualmente recuperando o controle. Lobo gemeu: 'Companheira!' 'Eu sei. Vamos encontrá-la. Não sairemos daqui sem ela.' 'Sim! Encontrar Companheira!', Lobo finalmente se acalmou, permitindo que Jason retirasse sua aura. 'Paciência, amigo. Vamos encontrá-la.' (...)
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