Jason saiu do banheiro secando o cabelo, antes de se vestir. Depois de uma tediosa visita à casa da matilha de Rimrock e suas redondezas, agora ele teria que aguentar uma festa de boas-vindas com seus anfitriões. Lobo ficava impacientemente perambulando na parte de trás de sua mente. Eles haviam sentido o cheiro de sua companheira praticamente em todos os lugares, mas sempre fraco e impossível de rastrear.
Sua companheira era como um fantasma: em todos os lugares e em lugar nenhum, exceto na casa da matilha. Estranhamente, o cheiro dela estava em todo lugar, exceto nela. Era estranho. A casa da matilha era o lugar onde a maioria dos lobos passava a maior parte do tempo, especialmente os solteiros. Afinal, era apenas por meio de socialização e encontro com outros que se encontrava sua companheira. A menos que...
Sua companheira havia desistido de encontrá-lo? Ou ela já tinha um companheiro anteriormente e o perdeu? Embora ele estivesse um pouco desapontado por não ser o primeiro dela, seu coração também doía por ela se ela tivesse passado pela dor de perder um companheiro.
Lobo gemeu, simpatizando com ele. De qualquer forma, eles não saberiam a resposta até encontrá-la.
Vestindo uma calça simples e uma camisa de botões, Jason estava pronto muito antes de Luke chegar para buscá-lo. Juntos, eles seguiram para o pátio dos fundos, onde mesas e luzes decorativas haviam sido montadas. Membros da matilha operavam churrasqueiras e um fluxo constante de servidores ômega trazia saladas e acompanhamentos da cozinha.
Toda matilha que ele visitava insistia nessas festas de boas-vindas, esperando impressioná-lo. Isso significava que ele passava pela mesma festa sete vezes, apenas os rostos mudavam. Ainda assim, era uma atmosfera agradável e descontraída.
Jason viu vários de seus guerreiros misturados com a multidão. Além de Luke, sua escolta era composta por lobos solteiros. Não era apenas difícil para alfas encontrarem suas companheiras destinadas, mas também para guerreiros encontrarem as suas. Para ajudar seus guerreiros o máximo possível, ele sempre viajava com aqueles que ainda estavam solteiros, dando-lhes a oportunidade de procurar por suas companheiras. Sempre que seus guerreiros encontravam suas companheiras, ele ficava feliz por eles e com um pouco de ciúmes. Mas agora, finalmente, ele estava perto de encontrar sua própria companheira.
Chegando às geladeiras, Jason considerou suas opções. Havia garrafas de água e algumas latas de refrigerante, mas a maioria era cerveja. O fato em si não o incomodaria, já que a taxa de recuperação superior dos lobisomens eliminava o álcool quase de imediato. No entanto, os lobisomens haviam desenvolvido suas próprias bebidas usando pequenas quantidades de aconitina, também conhecida como erva-do-lobo. Em grandes quantidades, a erva era mortal, mas em pequenas doses, em conjunto com álcool, ela retardava sua taxa de recuperação e permitia que eles ficassem bêbados.
Havia três forças diferentes nessa mistura especial determinadas pela quantidade de acônito usado. Era fácil identificar a força das três bebidas pela cor da etiqueta: azul para a mais fraca, seguida de âmbar e, finalmente, vermelha para a mais forte.
Olhando nos refrigeradores, Jason ficou um pouco desapontado ao ver que a maioria era rotulada de vermelho, com algumas de âmbar, mas nenhuma azul. Lobo rosnou quando Jason pegou uma garrafa rotulada de âmbar. Ele supôs que não ficaria bem para um alfa andar por aí com uma garrafa de refrigerante, embora não tivesse intenção de beber a cerveja em sua mão. A cerveja rotulada de vermelho nem era permitida em seu próprio território.
Cumprimentando os membros do bando, nervosos, ele se dirigiu a seu anfitrião, que segurava uma das garrafas rotuladas de vermelho, com duas vazias sobre a mesa na frente dele. Jason teve cuidado para manter sua expressão neutra. Lobo odiava quando ele bebia cerveja de acônito, pois causava dor em seus espíritos lobos e enfraquecia sua conexão. Jason se perguntava se o Alfa Graham ainda podia sentir seu lobo depois de três.
Luke se juntou a Jason, lançando-lhe um olhar ao ver o crescente estoque de garrafas vazias do anfitrião. Sem dúvida, o Beta estava pensando a mesma coisa que ele. Eles não tinham problema com alguém se divertindo e relaxando, mas isso não significava que não houvesse necessidade de autocontrole.
"Alfa Jason", cumprimentou Luna Kristie, indo em sua direção com uma saia bastante curta e uma blusa tão apertada que ela estava praticamente transbordando.
Ela se aproximou dele, acariciando seu braço e fazendo sua pele se arrepiar.
"Como você está? Gostando da nossa pequena festa?"
"É bom ver todo o bando junto", concordou Jason, rangendo os dentes enquanto tentava controlar Lobo, que não queria mais do que rasgar a garganta dela à medida que ela acariciava seu braço.
"Tenho certeza de que está muito aquém do que você está acostumado", sorriu Luna Kristie, piscando os olhos, "Você é de um bando antigo, então isso deve ser modesto."
A testa de Jason franziu, tentando descobrir se ela estava elogiando seu bando ou insultando o próprio. Um filhote passou correndo por eles, perseguindo seu irmão. Ele riu com a animação dos filhotes. Esta noite devia parecer uma festa.
Ao seu lado, Luna Kristie praticamente rosnou:
"Onde está aquela garota inútil e sem lobo? Essas crias são responsabilidade dela."
Jason franziu a testa. Uma Luna era o coração e a alma de seu bando e aquela que garantia seu futuro. Como tal, as lunas eram particularmente maternais, tratando todos os filhotes como se fossem seus. Ele se lembrou dos rumores mencionados por Luke durante a viagem. Embora estivesse longe de ser uma prova, ele achava difícil acreditar que ela era uma verdadeira Luna.
"Finalmente!", exclamou Luna Kristie, afastando-se muito, para o alívio dele.
Jason suspirou enquanto a brisa noturna dispersava seu perfume avassalador. Um novo cheiro chegou até ele, muito mais intoxicante do que qualquer odor artificial. Era uma mistura de sálvia e lilás, que fez Lobo quase rolar de costas.
'Companheira! A companheira está aqui!'
Jason se virou para o vento e viu uma loba pequena pisar no pátio. Ela era pálida para uma lobisomem, mas seus cabelos eram uma juba ricamente castanha. Sua roupa era simples: gola alta, jaqueta jeans e calças que abraçavam sua pequena estrutura e o provocavam com o que havia por baixo. Mas eram seus olhos que o cativavam. Seu olhar brilhava prateado sob a luz da lua, como fragmentos da própria lua capturados.
Ele começou a suar, suas mãos ficaram úmidas e sua garganta se apertou sob da visão diante dele. Depois de uma década procurando, ele finalmente a encontrou. E ela era perfeita. Lobo praticamente saltava pelas paredes da mente deles. Sua companheira estava ali!
"Senhorita Phoebe!", um grito animado irrompeu da multidão enquanto vários filhotes saíam dela.
Eles corriam em direção à sua companheira como mariposas atraídas pela chama. Um sorriso deslumbrante iluminou o rosto dela quando ela se ajoelhou, abraçando a primeira lobinha que a alcançou. Elas esfregaram os focinhos em um gesto familiar, geralmente reservado a companheiros ou entre mães e suas crias.
Outra lobisomem se aproximou, carregando um filhote de dois anos e entregando-o à companheira de Jason. Ela aceitou o filhote de braços abertos. O filhote não demonstrava o mínimo de estresse ao ser entregue por sua mãe a outra pessoa. Era claro que o filhote estava acostumado com essas transferências e se apegou contentemente à sua companheira, que o acariciou ternamente.