Capítulo Um
"Senhorita Phoebe! Senhorita Phoebe!"
O coro de gritos animados a cumprimentou quando ela entrou na cozinha da casa da matilha. Phoebe sorriu, afundando-se de joelhos enquanto os dez filhotes, que iam dos quatro aos treze anos, corriam para cumprimentá-la. Ela riu, abraçando cada um deles com força, esfregando o nariz em alguns dos quais era particularmente próxima.
"Muito obrigada por cuidar deles hoje", disse uma das lobas, carregando uma criança de dois anos.
Phoebe levantou-se, aceitando o filhote, que riu dela e disse:
"Não há problema algum. Essa é minha parte favorita do dia. Tudo bem, pessoal, vamos fazer uma caça ao tesouro!"
"Sim!!!"
Phoebe conduziu os filhotes para fora da casa da matilha e os levou para a floresta. Era assim que todos os seus dias começavam desde a sua rejeição.
(...)
A Matilha Rimrock ficava no sudoeste do estado de Washington, a cerca de quarenta milhas do Monte Rainier. Apenas algumas milhas ao norte, estava a cidade de nome semelhante. A cidade e a matilha estavam lá há tanto tempo, que ninguém lembrava qual tinha sido estabelecida primeiro. Independentemente disso, a matilha usava a cidade para a maioria de suas necessidades, incluindo compras e educação, embora seus filhotes às vezes tivessem dificuldade em se adaptar a uma escola administrada por humanos. Os membros da matilha que iam para a universidade, geralmente iam apenas até Seattle ou, mais raramente, Portland, e Phoebe não era exceção.
Sua matilha não era excessivamente grande, com cerca de quatrocentos membros, um tamanho respeitável, cuidadosamente nutrido por seu alfa anterior. Embora a maioria dos membros vivesse na casa da matilha, Phoebe ainda morava na pequena casa que costumava dividir com seus pais. Ela não era uma ômega, mas também não era uma dos membros de alta patente.
Como a maioria dos membros da matilha, ela era uma das massas anônimas: as engrenagens sem nome sem as quais a matilha deixaria de funcionar. Seus pais eram companheiros destinados e também membros sem classificação, embora não fossem desprovidos de prestígio próprio. Sua mãe era a cozinheira-chefe e seu pai era o jardineiro-chefe, responsável pelos jardins da matilha, além de um tutor para os membros que tinham dificuldade nos estudos, já que ele era um dos poucos com educação universitária.
Os padrões de beleza humana não significavam muito para os lobos, que tinham perfis mais voluptuosos. Lobos de alta patente eram atléticos, musculosos e agressivos, fossem homens ou mulheres, especialmente os guerreiros. Os membros sem patente abaixo deles não eram tão extremos em termos de músculos, mas ainda eram fisicamente fortes. Os ômegas, por outro lado, não tinham habilidades físicas e resistência. Embora eles não tivessem chance em uma luta contra um lobo de alta patente, ou até mesmo a maioria dos sem patente, os ômegas ainda eram muito mais fortes do que os humanos.
Como um m****o sem patente, Phoebe era mediana. Ela tinha altura mediana, sendo um tanto pequena pelos padrões dos lobos. Sua forma era agradavelmente curvilínea, embora seus s***s fossem apenas de tamanho B. A exemplo da maioria dos lobos, ela tinha uma juba de cabelos castanhos-claros e espessos, que chegava logo abaixo dos ombros, embora sua pele fosse um pouco pálida. Sua única característica física notável eram seus olhos cinza-prateados. Phoebe era mediana em todos os aspectos, exceto sua loba.
Os espíritos de lobo costumavam despertar em suas adolescências tardias. Quanto mais poderoso o lobo, mais cedo ele emergia. Alfas, betas e alguns gammas despertavam tão cedo quanto aos dezesseis anos, enquanto ômegas podiam despertar até seus vinte anos. A loba de Phoebe despertou quando ela tinha quinze.
Phoebe estava em um sono profundo quando Máni de repente a acordou com um brilhante "Oi, brilho da lua!". Dizer que ela ficou surpresa era um eufemismo, mas Máni acabou se mostrando uma excelente companhia para um lobo sem irmãos. Uma surpresa ainda maior esperava Phoebe na primeira lua cheia, após seu décimo sexto aniversário.
Máni a acordou no meio da noite e insistiu para que ela fosse à floresta atrás da casa de seus pais. Sonolenta e confusa, Phoebe obedeceu às instruções de sua loba. Uma vez do lado de fora, ela cumprimentou a lua cheia nascente, apenas para ser afligida por uma dor excruciante quando suas articulações estalaram, seus ossos alongaram e se realinharam. Pelos eriçaram, cobrindo seu corpo enquanto seu nariz se alongava em um focinho. Máni a guiou através da dor, pedindo que ela não resistisse e deixasse seu espírito lobo assumir o controle. Após uma hora agonizante, Phoebe ficou de pé em quatro patas almofadadas.
"Vamos nos ver?", Máni sugeriu, levando-as até a beira de um lago próximo.
Ao olhar para o próprio reflexo, Phoebe viu um lobo prateado-branco. Seu pêlo praticamente reluzia na luz da lua com olhos azul-prateados, que cintilavam como a água.
"Nós somos... lindas."
"Sim, nós somos. Vamos correr."
Phoebe deixou sua loba assumir o controle. Elas se esticaram e cheiraram o ar frio e limpo, antes de saírem correndo para a floresta. Era bom correr, sentir o vento em seu pêlo e encher seus pulmões. Tudo terminou rápido demais e elas voltaram para casa. Máni a ajudou a voltar ao normal e elas retornaram com segurança para a cama, antes do nascer do sol.
Por alguma razão, Máni insistia em manter seu despertar secreto e geralmente ficava quieta lá no fundo da mente de Phoebe para evitar que os outros a detectassem. Phoebe não discutia, embora estivesse confusa, já que o primeiro despertar era um rito de passagem importante para todo lobisomem. A cor da loba dela era ainda mais confusa. O cinza era uma cor bastante comum, mas Phoebe nunca tinha ouvido falar de um lobo prateado. Até Máni estava perdida para explicar, ou pelo menos não queria.
Desesperada por respostas, Phoebe passou longas horas na biblioteca da alcateia e no escritório de seu pai pesquisando sobre a história dos lobisomens e os lobos prateados, sem sucesso, até que encontrou um livro sobre lendas de lobisomem. De acordo com ele, os lobos prateados eram ainda mais raros do que os lobos brancos. Eles eram lobos profetizados e considerados prenúncios de caos e agitação.
Máni ignorou a descrição do livro e disse:
"você lê demais", mas se recusou a dar qualquer explicação definitiva.
Era estranho pensar que sua própria loba escondia segredos dela, mas sem ninguém mais para consultar, Phoebe decidiu deixar para lá. Ela estava apenas feliz por ter uma aliada fiel.
Phoebe achava que a natureza sigilosa de sua loba era apenas para esconder seu despertar precoce, mas à medida que seu aniversário de dezoito anos se aproximava, Máni não dava sinais de se revelar. Segundo os outros, parecia que ela não tinha um lobo, o que levou à exclusão e bullying. Phoebe não se importava muito com isso e Máni se divertia com os esforços da alcateia para ridicularizá-las. Era fácil ignorar e ela se concentrava em seus estudos para se formar cedo e ir para a universidade.
Ela assumiu que, como a maioria das lobas-fêmeas, tudo faria sentido quando encontrasse seu companheiro dado pela Deusa. Seus pais eram companheiros destinados e ela nunca duvidou do amor e da devoção deles um ao outro. Era doce e ela estava ansiosa para encontrar o seu próprio. m*l sabia ela que a realidade seria muito diferente de seus sonhos.