Capítulo Três

1607 Words
Os filhotes haviam sido designados um quarto na casa do grupo, que era pouco maior do que um armário. De alguma forma, eles conseguiram encaixar duas camas de acampamento e um par de baús lá dentro. Segundo os filhotes, o quarto era frio e escuro, já que só tinha uma janela pequena e ninguém se preocupou em instalar uma lâmpada na única luz do teto. E ainda pior, eles tinham inspeção obrigatória na cama. Depois da hora de dormir, a segurança fazia inspeções periódicas para garantir que os filhotes estavam na cama. No começo foi difícil, mas agora as inspeções estavam ficando mais relaxadas, permitindo que Blake e Emma escapassem e voltassem para a casa de Phoebe, onde ela tinha preparado o quarto deles. Seu coração doía, sabendo que sua raiva tornava a vida difícil para filhotes que já tinham passado por tragédias suficientes em suas vidas jovens. Máni gemia em sua mente, compartilhando sua culpa. Sua raiva era completamente justificada, mas eles a expressavam no lugar errado. Mesmo assim, Phoebe continuava cuidando do irmão e da irmã, providenciando roupas novas para eles, muito melhores do que as roupas usadas do armário de doações do grupo. Virando as costas para a casa do grupo, Phoebe voltou para sua casa. Sua mente corria com ideias para o jantar. Ela sorriu, já animada com a companhia. Normalmente suas refeições eram solitárias, a menos que Bridget aparecesse, então os filhotes certamente seriam uma mudança bem-vinda. Máni ficou animada. Phoebe praticamente conseguia sentir o abanar do r**o dela em antecipação. Um dia, eles encontrariam uma maneira de manter os filhotes por perto. Ela só precisava ter paciência e evitar que Luna Kristie notasse. “Aí está você, Phoebe.” 'Falando do d***o', resmungou Máni. Internamente, Phoebe se contraía ao virar-se,  "Olá, Luna." Kristie era quase meio metro mais alta do que Phoebe, com um corpo ágil, marcado por uma silhueta de ampulheta. Seu cabelo loiro comprido estava arrumado e destacado de forma impecável, assim como suas unhas. Era evidente que ela gastava muito tempo e dinheiro com sua aparência. No entanto, sua aura era mínima. Na verdade, Phoebe m*l a sentia, mesmo quando Kristie tentava exercer influência sobre ela. Máni confirmava que a aura da Luna era excepcionalmente fraca, então Phoebe sabia que não estava imaginando. Apesar disso, ou talvez por causa disso, Kristie recorria a medidas extremas para manter sua autoridade sobre o grupo.  Phoebe lutava para manter uma expressão neutra, contendo seu desgosto. "Como posso ajudá-la, Luna?" Kristie sorriu debochadamente. "Teremos visitantes muito importantes na próxima semana, e não quero que esses pestinhas irritantes os incomodem. Fui clara?" "Sim, Luna. Vou planejar algumas atividades para mantê-los ocupados e fora do caminho." "Ótimo", Kristie sorriu, erguendo o nariz, "Pobre Phoebe, eu sinto pena de você." "Desculpe?" "Se ao menos a Deusa tivesse sido mais gentil com você e lhe dado um lobo, você não teria que lidar com aquelas crianças melequentas." Com um sorriso condescendente, Kristie se afastou. Suspirando, Phoebe tentou se acalmar. Uma luna deveria ser o coração do grupo e garantir seu futuro. Como ela poderia não gostar de filhotes? 'Ela não é uma verdadeira Luna', Máni deu um resmungo desdenhoso, 'Uma Gamma, talvez. Provavelmente Delta.' 'Hmm', Phoebe realmente não podia discutir, considerando que o alfa havia sido seu companheiro destinado, 'Não entendo por que ela precisa agir assim. Ela teria mais respeito se fosse mais amigável.' 'Ela está em uma posição que nunca deveria ter tido, então suponho que um complexo de inferioridade seja natural', disse Máni, 'Especialmente porque o lobo dela é submisso a nós.' 'É mesmo?' 'Oh, sim. Imagine o quanto o orgulho dela deve doer toda vez que o lobo dela se submete a você... uma loba sem lobo.' Phoebe franziu a testa. Não era a primeira vez que Máni mencionava algo parecido. Embora sua loba continuasse escondida, outros espíritos lupinos instintivamente sentiam sua presença e reagiam de maneiras diferentes. Os de posições mais altas se mostravam subservientes, desconectando-se de sua metade humana, enquanto os lobos de posição mais baixa demonstravam deferência e respeito. Phoebe percebia que tinha uma influência calmante sobre os outros, dissipando discussões mesmo sem intervir diretamente. No entanto, apesar disso, os outros continuavam a pensar que ela era uma loba vazia, mas como Máni não tinha inclinação para explicar, era um mistério que ela nunca esperava resolver. 'Bem, teremos que evitá-la.' 'Ou ela poderia nos evitar', Máni retrucou, 'Da próxima vez... eu voto para não salvá-la.' Phoebe riu, lembrando-se da noite como se tivesse acontecido ontem. Era a noite do Solstício de Inverno e o grupo estava celebrando a noite mais longa do ano com grande estilo. (...) Evitando a festa como de costume, a noite tranquila de Phoebe foi interrompida quando Máni declarou subitamente uma vontade de sair para correr. Como a maioria do grupo ia ficar na festa, não havia motivo para ser excessivamente cautelosa. Phoebe dirigiu-se ao seu jardim.  Satisfeita por estarem sozinhas e não vistas, ela tirou as roupas, dobrou-as cuidadosamente e as colocou em uma pequena bolsa que escondeu embaixo do arbusto de sua mãe. O ar frio da noite fez com que sua pele pálida arrepiasse, mas o desconforto desapareceu quando ela se transformou. A primeira transformação tinha sido dolorosa, mas agora era emocionante, pois ela se entregava à sua loba e se jogava de quatro patas. O espesso pêlo prateado a mantinha aquecida e seus sentidos se aguçavam. Era uma sensação estranha quando Phoebe e Máni trocavam de lugar. Ainda consciente, a consciência de Phoebe se desvanecia em segundo plano enquanto Máni assumia o controle. A troca não era estritamente necessária, mas era mais eficiente permitir que sua loba liderasse nessa forma, onde o controle de Máni era instintivo e automático, assim como o de Phoebe na forma humana. Esticando-se, Máni cheirou o ar e assegurou que estavam realmente sozinhas. Uma leve neve caía suavemente, pousando em seu pêlo sem derreter. Encantada com a noite pitoresca, Máni girou em círculos com o r**o erguido. Pulando para cima, ela tentou morder os flocos preguiçosamente caindo, antes de correr com os músculos aquecidos. Era emocionante correr como um fantasma pelas florestas escuras. Suas respirações saíam em nuvens que se dissipavam rapidamente enquanto avançavam pelo cenário nevado. De repente, Máni diminuiu a velocidade e parou. Ela cheirou o ar, os pêlos eriçados ao captar o leve cheiro de desejo no ar frio. Elas estavam relativamente próximas à casa da matilha, mas ainda distantes o suficiente para ser incomum encontrar outros indivíduos. Cautelosamente, avançou, até que sua visão aguçada localizou o casal envolvido em atividades ilícitas. Phoebe se alertou, reconhecendo a loba como ninguém menos do que sua luna. Ela estava pressionada contra uma árvore, gemendo, enquanto seu parceiro a penetrava de forma vigorosa. Phoebe reconheceu o macho como um dos guerreiros delta, embora nunca tivesse contato com eles.  Máni rosnou suavemente diante da cena. Talvez estivessem muito quietos para ouvir ou talvez estivessem ocupados demais para notar, pois eles não pararam. 'C… como ela pode fazer isso?', Phoebe gaguejou. Máni não respondeu imediatamente. Nas breves vezes em que tiveram contato com ela, perceberam sutis odores de seus casos amorosos. Embora Kristie tentasse esconder com banhos frequentes e perfume, aquilo a seguia como uma nuvem. 'Você realmente não deveria ficar surpresa', Máni disse finalmente, 'Sabemos que ela faz isso há algum tempo.' 'Mas... não deveria o alfa estar destruindo tudo por causa de sua traição?' 'Em circunstâncias normais, sim, mas lembre-se de que eles são companheiros escolhidos. O vínculo entre eles é mais fraco.' 'Eu sei, mas mesmo assim...' 'Além disso, seus lobos nunca se uniram.' 'Eles não se uniram?' 'Não. O lobo do alfa está desconectado desde que ele nos rejeitou, e o da luna... bem, estou surpresa que ela ainda consiga se transformar, considerando o quão fraco seu vínculo se tornou desde que foi rejeitada por seu companheiro destinado.' 'Ela também foi rejeitada?' 'É claro.' Phoebe se encolheu com o pensamento da dor que a outra deveria ter sofrido. Ela não sabia se havia algo mais c***l do que rejeitar seu companheiro destinado. Máni a acalmou com um gemido e se virou para sair, assim que uivos de caça se fizeram ouvir pela floresta. Cinco renegados emergiram da noite, atacando o casal distraído. Embora o guerreiro tentasse proteger sua luna e amante, ele foi rapidamente dominado. Só conseguiu matar um antes de ser derrubado. Kristie gritava horrorizada, assistindo aos renegados despedaçá-lo. Ela ficou completamente paralisada de medo, incapaz de se transformar ou se defender. Máni brevemente considerou deixá-la enfrentar seu destino, mas um leve empurrão de Phoebe a convenceu a interferir. Avançando rapidamente, ela estava em cima deles antes que sequer a percebessem. Máni saltou e caiu sobre um deles, quebrando-lhe as costas, antes de atacar outro. Ela cravou os dentes no pescoço dele, rasgando-lhe a garganta.  Virando-se, investiu contra um terceiro, derrubando-o e rasgando sua barriga, antes de correr de volta para a floresta, deixando um para Kristie lidar sozinha. Uivos raivosos ecoaram pelo ar, sinalizando que os guerreiros da matilha estavam a caminho. Kristie teria que enfrentar o restante dos renegados por alguns minutos.  Máni correu pela floresta com velocidade inigualável, se distanciando rapidamente da luta. Uma vez em segurança, ela se rolou na neve para limpar qualquer vestígio de sangue de sua pelagem, antes de voltar para casa. A mulher seguiu um caminho longo e sinuoso para evitar ser perseguida. Phoebe se vestiu rapidamente, antes de entrar em casa. Trancou a porta, desligou as luzes e foi tomar banho para lavar qualquer cheiro remanescente dos renegados, antes de ir para a cama enquanto os uivos de caça continuavam a ecoar pelo território.
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