Admirando

1013 Words
O banho gelado pouco fez pelos meus nervos e a minha imaginação. Colocar a Lara no quarto anexo ao meu foi um erro e agora, encarando a porta fechada, eu considerei ir até ela, vezes de mais. Analisei alguns documentos e acordos que chegaram no meu e-mail e deitei na cama decidido a dormir. O dia tinha sido longo, e amanhã eu planejava mostrar a propriedade para ela. Ela talvez não pensasse isso, mas a estadia dela aqui era isso, uma estadia temporária. Até que eu apagasse qualquer perigo que ela pudesse correr nas mãos das pessoas que a rodeavam. Mesmo que a minha ação tenha sido um sequestro, a minha intenção era deixá-la à vontade. Bem, mas a vontade do que eu a deixei até agora. Virei algumas vezes na cama, completamente sem sono, e quando me dei por vencido, levantei. Caminhei pelo quarto por alguns minutos, até o meu sangue circular o suficiente e finalmente decidi. Eu queria ver se ela estava bem, se ainda dormia com tranquilidade, assim como eu a deixei. Vesti um roupão, pensando que ficar de cueca no quarto dela, enquanto ela dormia, seria um pecado. Abri a porta devagar e dei os 5 passos até a outra porta quase correndo. Eu deveria bater? Se ela estivesse dormindo, eu poderia acordá-la, e não era isso que eu queria. Decidi. Abri a porta devagar, e passei os olhos pelo quarto. As luzes estavam apagadas e a cama estava iluminada apenas pela luz da lua. Ela ainda dormia profundamente. Exatamente como eu a deixei. O cabelo ruivo tomava boa parte do travesseiro, e ela estava encolhida, de costas para a porta. Fechei a porta e caminhei em silêncio até a cama. As costas nuas estavam descobertas e ela abraçava o resto do cobertor junto ao peit¢. A expressão dela estava tranquila e ela respirava com calma. Ela parecia um anjo de tão calma, enquanto estava no mundo dos sonhos e eu a queria tanto que o meu corpo estava doendo com a proximidade. Respirei fundo, me servi de uma taça de vinho, e sentei na poltrona perto da cama. Eu ficaria aqui apenas até o vinho acabar, e depois iria para a minha cama. Tudo o que eu não queria era que ela pensasse que eu era algum tipo de maníaco que ficaria admirando enquanto ela dormia. Tomei o vinho sem conseguir tirar os olhos dela. Ela parecia tão alheia a realidade que vivia, e eu não conseguia entender como ela viveu sendo marcada e punida sem perder o brilho natural que ela tinha. Ela era aquela tipo de pessoa iluminada, que onde chega contagia as pessoas. Foi essa a sensação que senti a primeira vez que coloquei os meus olhos nela, naquela noite, no baile. Ri sozinho ao lembrar que eu queria casar com ela, assim que a vi. Antes de saber quem ela era. Antes de me dar conta que ela deveria ser a minha maior inimiga. Encarei a lua, que estava cheia e baixa e desejei que as coisas fossem mais simples. Toda aquela raiva nutrida ao longo dos anos era justificada, mas desnecessária. Era injusto que nós dois nos odiássemos. No fim a Lara tinha razão. Nós dois perdemos muito nessa guerra. Ela mais que eu. Ela não perdeu somente a mãe e a família, mas perdeu a possibilidade de ter uma vida. Viveu escondida, sofrendo nas mãos de pessoas que nunca a amaram, só Deus sabe o que ela passou, mas com base nas marcas da pele dela, eu podia imaginar o tipo de dor que foi causado nela. Ela foi punida na noite que ficou comigo na cachoeira, e talvez o velho soubesse que ela estava comigo e usou isso para puni-la. Ou talvez não. O velho era um crápula, sempre foi. Ele a feriu porque podia, ele não precisava de motivos plausíveis. Ela se moveu e suspirou, ainda dormindo. Eu congelei e segurei a respiração, torcendo para que ela não acordasse e me visse ali. O cobertor deslizou pela pele dela, descobrindo uma parte linda que eu estava completamente fascinado, e eu precisei de todas as minhas forças para não acordá-la. Parte da perna dela estava descoberta, assim como os sei¢s rosados, enquanto ela ainda dormia profundamente, respirando com calma. Um anjo lindo. Um anjo que eu queria intensamente tomar para mim. Quando tive certeza que ela não acordaria, eu levantei e deixei a taça de lado. Eu a cobri com cuidado, evitando tocar a pele dela. Se eu sentisse a maciez dela eu não me controlaria e ia acordá-la. Afastei um fio de cabelo do rosto dela, e fiquei ali, perto demais para conseguir me afastar. A beleza dela não era apenas física, a beleza dela estava na força e determinação dela. Ela era corajosa como poucos que eu conhecia, e diferente de qualquer pessoa que se dava conta de quem eu era, ela não tinha medo de mim. Na verdade, ela afirmou mais de uma vez que acreditava na minha nobreza e confiou que eu não passaria dos limites com ela. E mesmo que fosse tudo o que eu queria fazer, e cheguei bem perto disso, ainda assim, eu não a macularia. Pelo menos ainda não. Depois que eu destruísse os Belladona eu a faria minha, ela seria uma Romano e deixaremos tudo para trás. Eu poderei beijá-la sempre que eu quiser, e vou desfrutar do corpo dela onde eu quiser, quando eu quiser… Ela será minha diante dos homens e de Deus! Nem que eu precisei queimar tudo para isso. - Victor… - Ela chamou em um sussurro. Me afastei rápido, quase xingando por acordar ela. Levei um segundo para entender que ela ainda estava dormindo. Ela dormia tranquila, com um leve sorriso nos lábios, e chamou o meu nome nos sonhos. Ela estava sonhando comigo. Algo como triunfo cresceu dentro de mim, e eu jurei naquele momento, na beira da cama dela, enquanto ela dormia e eu não cabia em mim de orgulho e alegria, eu jurei pela minha vida, ela seria minha de todas as formas possíveis.
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