Refém do Mafioso

25 de novembro de 2023 Victor Romano Ela não sabia ainda, mas aquele casamento não iria acontecer. Eu a observei enquanto ela caminhava, cada passo mais pesado que o anterior. Não sob os olhos dos que destruíram a minha família. Não com outro homem ao seu lado. Lara Belladona Vitale. Tão inocente, tão condenada. Eu esperei por esse momento, pacientemente, aguardando o instante em que poderia reivindicá-la. Ela seria minha. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Lara Eu deveria estar morta. Mas aqui estou, caminhando para um casamento que me condena de outra forma. Cada passo que dou em direção ao altar é um fardo que eu não escolhi carregar. O vestido, apertado e desconfortável, arranha minha pele como um lembrete c***l de que tudo isso deveria ter acabado há muito tempo. Fui covarde. Deveria ter fugido. Vivi escondida por 23 anos, como um fantasma, enquanto o mundo acreditava que eu não existia mais. Meu destino agora é simples: ou o casamento ou o convento. E ambos são sentenças que me sufocam. O meu pai, que deveria ter me protegido, me empurrou para isso. - Filha, você está linda. - Ele diz com uma frieza que corta mais fundo que qualquer faca. Não agradeci. A igreja estava quase vazia. Não deveria ser um evento grandioso. Afinal, a noiva deveria estar morta. E eu, Lara Belladona Vitale, sobrevivente do m******e que tirou a vida da minha mãe e de toda a sua família, pelas mãos dos Romanos. E o meu destino estava bem na minha frente. Um casamento arranjado para salvar um nome que já deveria ter morrido. Um estrondo ecoa pela igreja, quebrando o silêncio e as falsas promessas. Homens armados invadem o lugar, disparando contra os seguranças do meu avô. No meio do caos, um homem se destaca, atravessando as portas com os olhos fixos em mim. Ele entrou pela porta com uma calma que parecia absurda em meio ao caos. A sua presença dominava o ambiente, como se o próprio inferno tivesse se materializado ali. Os olhos dele negr¢s, profundos, congelaram em mim. Eu senti o pânico se espalhar pelo meu corpo. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Lara Ele veio terminar o que o avô dele começou. Ele veio me matar! O desespero correu nas minhas veias a ponto de me petrificar. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Vitor Romano Os gritos do velho Belladona não me incomodaram. Nada mais importava. A igreja podia desabar ao nosso redor, e eu não tiraria os olhos dela. Lara seria minha. Ela achou que poderia fugir de mim, mas estava errada! Eu não queria matá-la. Isso se tornou a minha verdade mais absoluta nos últimos dias. Eu queria possuí-la. A última herdeira dos Vitale, a peça final da vingança. Eu avancei, sem hesitar, levantei ela nos braços. Ela gritou, se debatendo, mas seus golpes eram inúteis contra minha força. - VICTOR, O QUE ESTÁ FAZENDO? - Ela gritou em desespero, e o meu nome na boca dela era um bálsamo para as minhas dores. - Não lute, ruivinha, - Eu falei sem conseguir conter um sorriso. - Eu não tenho intenção de machucar você... ainda.! - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Lara O caos explode ao nosso redor e a minha única reação é gritar e tentar me soltar dele. Mesmo que o meu corpo reaja ao calor que emana dele, um imã intenso que prende e me faz pensar em pecados que eu jamais cometi, mas que quis intensamente cometer com ele. Ele estava me levando embora, e o meu primeiro impulso foi sentir medo. Eu ia morrer. Levou apenas um segundo para o medo ser sufocado pelo alívio, percebi que o meu algoz, Victor Romano, acabou de me salvar de um destino muito pior.