Lara
Eu levei um segundo para me lembrar de onde eu estava assim que acordei, e mesmo que eu estivesse cativa, eu sorri. Sentei na cama e me assustei ao ver o Victor dormindo na poltrona de frente.
Ele passou a noite aqui? Ele dormiu sentado, com a cabeça apoiada na mão; uma taça ao lado me dizia que ele ficou ali bebendo enquanto eu dormia.
Olhei para o meu próprio corpo me lembrando da noite anterior, das loucuras que eu senti enquanto ele beijava a minha pele. Dos beijos quentes e da intensidade do toque dele.
Senti a pele queimar de vergonha ao lembrar do sonho também e sorri de novo.
Ele parecia desconfortável, mas estava definitivamente cansado. O dia de ontem foi bastante agitado para nós dois. Eu deveria acordá-lo, falar para ele ir para a cama…
Uma batida na porta me fez saltar e ele se mexeu.
- Droga! - Ele xingou ao me ver acordada. - Eu não deveria ter dormido aqui. - Os olhos dele estavam inchados e eu apertei o cobertor contra o corpo.
- Tudo bem. - Eu falei, com a voz baixa. Ele levantou e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto, colocando atrás da orelha, quando outra batida soou.
- Nos de 1 minuto. - Ele falou para quem quer que estivesse na porta. - Buongiorno principessa!
Eu senti a queimação na bochecha quando ele me deu um beijo estalado nos lábios e sentou de frente para mim na cama. Ele estava com um roupão preto, com o símbolo dos Romano bordado em dourado na altura do coração.
- Dormiu bem? - Eu assenti.
- Você não. - Olhei para a poltrona. - Deveria ter dormido na cama. - Ele fingiu uma reação chocada.
- Você está afirmando que eu deveria ter dormido na cama de uma donzela? - Eu fui obrigada a rir.
Depois da noite passada, eu era qualquer outra coisa, menos uma donzela. Ou pelo menos, queria intensamente não ser mais.
- Deveria ter dormido na sua cama, Victor! - Eu me defendi e ele me deu mais um beijo.
- Eu não pretendia dormir aqui, na verdade estava sem sono, e vim ver como você estava. Sentei e fiquei admirando a lua… - Ele tirou outra mecha do meu cabelo do rosto e parou de falar. - E precisei me controlar para não te acordar.
- Você ficou me olhando dormir? - Ele me deu um sorriso que eu nunca tinha visto, um sorriso torto que demarcou o queixo firme dele.
- Você dorme muito lindamente. - Ele se aproximou e colocou a boca perto do meu ouvido. - E estava sonhando comigo… - Ele falou em um sussurro e eu tampei o rosto com as mãos arrancando uma gargalhada dele.
Eu não lembrava detalhes, mas eu sabia que tinha sonhado com ele sim.
- Isso é muito… - Eu argumentei levantando o olhar. - Problemático! - Ele riu de novo e eu sorri.
Ele parecia muito animado, para alguém que dormiu em uma poltrona. E eu não me lembrava qual tinha sido a última vez que acordei tão leve. Ou se um dia acordei assim.
Outra batida na porta e ele virou os olhos.
- Deve ser a minha governanta, ela leva as obrigações dela muito a sério. - Ele me deu um beijo no rosto. - Depois do café vamos dar uma volta, vista algo confortável.
- Ta… - Ele foi até a porta do quarto dele e me olhou de novo.
- Você é linda em todos os momentos, mas fica radiante quando acorda. - E com esse comentário ele saiu da porta e eu falei um “entre” para a governanta.
A moça entrou no quarto, e avaliou ao redor. A cadeira quebrada, a mancha de vinho na parede e eu deitada na cama, com o cobertor até o pescoço.
- A sua noite parece que foi divertida. - Ela me deu um sorriso tímido.
- Foi. - Admiti. - Vou tomar um banho.
- Quer que eu traga o café? - Me enrolei no cobertor e levantei. Olhei para a moça, o nome dela era Valéria pelo que eu me lembrava e ela parecia mais simpática hoje do que ontem.
- Por favor, o meu e o do Victor. - Ela arregalou os olhos.
- Ele normalmente come no escritório. - Ela argumentou e eu mordi os lábios. Eu deveria ter perguntado algo, ou se ele quisesse me acompanhar ele poderia ter dito, enquanto ainda estava aqui.
Antes que eu pensasse no que estava fazendo, caminhei até a porta.
- O que está fazendo? - A voz da Valéria me atingiu, um alarme forte nas palavras.
- Vou convidá-lo. - Expliquei e abri a porta, ainda enrolada no cobertor, e a Valéria estava atrás de mim. Bati na porta e ele abriu um segundo depois.
Ele estava com o roupão aberto, apenas de cueca box preta e eu esqueci de respirar.
Ele olhou para mim, depois para ela, e de novo para mim e apertou os olhos.
- Sim? - Depois que os meus olhos passearam pelo corpo dele eu me lembrei o que eu tinha vindo fazer aqui, apenas de calcinh¢, enrolada em um cobertor, na porta do quarto dele.
- Gostaria que tomasse café da manhã comigo. - Ele me incentivou com os olhos. - No meu quarto.
O sorriso dele me fez prender o ar, e ele olhou para a governanta.
- Valéria, monte a mesa na varanda do meu quarto. - Eu consegui ouvir a mulher engolir em seco.
- Sim senhor. - Ela respondeu. - Deseja algo em especial?
- Morangos e chantily. - Ele falou sorridente, com os olhos nos meus. - E você, gosta de algo em especial?
- Café e leite. - Ele assentiu e olhou para a Valéria com os olhos apertados.
- Com licença. - Ela não pareceu contente, mas voltou para o meu quarto e eu fiquei ali, encarando os olhos dele, que estavam brilhando intensamente.
Eu tomaria café com ele, no quarto dele e ele estava de cueca. Perdi o controle das coisas bem rápido.
- Você estava de cueca no meu quarto? - A pergunta escapou antes que eu conseguisse me conter.
- Eu estava de roupão no seu quarto, por baixo estava de cueca. - O sorriso dele era imenso agora.
- Hum… - Passei os olhos pelo corpo dele, sentindo a minha boca encher de água e o meu estômago revirar.
- E suponho que você está exatamente como eu te deixei por baixo dessa manta. - Eu dei um passo para trás, sentindo a minha pele queimar.
- Vou me vestir. - Ele deu um passo na minha direção, o corredor se tornando menor do que já era.
- Se não quiser se vestir, eu não vou reclamar. - A voz dele estava baixa, mas o calor do corpo dele, quase completamente nu emanava perto de mim.
Eu não seria pura por muito tempo, se ele se aproximasse mais, talvez eu perdesse a minha pureza ali mesmo. Se ele tivesse a mínima noção do efeito que causava em mim, ele me deixaria de joelhos implorando pelo corpo dele no meu.
- Vou pensar sobre isso. - Eu consegui falar e corri para o meu quarto, batendo a porta antes de ouvir uma gargalhada dele.