Providências imediatas

1317 Words
Victor A Lara adormeceu nos meus braços, depois que eu a beijei até nossas bocas ficarem inchadas. Foi um desafio sair do lado dela. E eu estava ciente dessa dependência quando a cobri, escondendo o corpo lindo dela. Eu não pude ficar olhando as marcas que ela carregava, porque precisava pensar em como lidar com aquilo sem destruir tudo, mas a exaustão dela abrandou um pouco da raiva que eu senti ao perceber o tão perto da i********e dela que aqueles chicotes chegaram. Eu ia descobrir o que aquele velho fez a ela e o principal, ele ia pagar em vida. Tirei os pratos e coloquei no carrinho do corredor. Eu não tinha ideia de que horas eram, mas não ia pedir para ninguém limpar a bagunça que eu fiz, enquanto ela dormia nua e desprotegida. Seria tão fácil tirar tudo dela, e era o que eu queria, no fundo. E ela me entregaria de bom grado, mas ainda não era hora. Eu precisava lidar primeiro com as consequências do sequestro. A Valéria me esperava no escritório, apenas de robe, e eu sabia que ela estava nua por baixo. - Imaginei que precisasse se aliviar. - Ela justificou assim que eu entrei, ficou de pé e abriu o robe. Sim, ela não tinha nada por baixo. - Não é necessário. - Ela me olhou surpresa. - Então você a tomou! - Eu bufei. - Não. - Ela me deu um sorriso malvado, do tipo que me faria meter na boca dela. - Então precisa sim se aliviar, ou os gritos dela foram alucinações da minha cabeça? - Me aproximei da desgraçada e segurei com força no braço dela. - Se cubra e vá para a cama! - Eu não queria lidar com qualquer que fosse a trama dela, não agora. - Para a sua cama? - Apertei mais o braço, perdendo a paciência. - Para a sua! Os seus serviços não são mais necessários, pelo menos não para isso! Algo como tristeza passou pelo rosto dela, mas ela fez o que mandei. Fechou o robe e saiu do escritório com a expressão dura, de certo para manter o orgulho dela. A Valéria foi um delírio durante os últimos anos. Ela foi a primeira mulher com quem eu me deitei, e me ensinou muito do que eu sei sobre sentir e dar praz£r. E ela sempre soube que nossa situação era temporária. Que um dia eu casaria e não teríamos mais nada. Eu nunca a impedi de se relacionar com ninguém, e tinha até um nível de carinho por ela; mas, desde que conheci a Lara, até nos momentos que eu me enterrava na Valéria, era por ela que o meu corpo pedia. E não parecia certo me aliviar agora, com outra mulher, depois da entrega total da Lara. Mesmo depois de prendê-la nessa casa. Então, a Valéria vai superar, e continuará sendo a minha governanta. Talvez se afeiçoe a Lara… Peguei o celular e liguei para o Giovanni, sentado na minha cadeira. Era hora de entender o tamanho do estrago das minhas ações. Sorri ao pensar nas consequências que eu tinha colhido até ali, o meu nome saindo daqueles lábios doces enquanto ela tremia desesperada na minha boca. - Chefe? - Ele atendeu no primeiro toque. - Achei que ela já tinha te esfaqueado a essa altura. - Ela não é assim! - Bufei. - E como foi tudo? Ele me contou tudo. Depois que eu saí da igreja eles liberaram a família dela, e enquanto o velho xingava ameaças o pai dela não se deu ao trabalho nem de chorar. O velho jurou que se vingaria, que iria acabar com todo e qualquer Romano daquele dia em diante se eu não devolvesse a neta dele; o noivo sumiu. - Ele evaporou Vitão, sem deixar rastros. Parece até um fantasma! - Eu deveria ter atirado nele assim que pisei na igreja. - E o padre, vai nos delatar? - Ele deu uma risada forte. - Com a doação que você fez? Duvido muito. E ele será morto se alguém descobrir que ele ajudou de alguma forma. - Ótimo. Preciso de mais um favor. - Ele ficou em silêncio. - Quero saber detalhes das punições que a Lara recebia, as motivações, o que era usado e quantas vezes aconteceram até hoje. - Eu não to gostando do rumo disso! - Ele tentou brincar, mas nenhum de nós dois riu. - Foi o avô, eu não tenho dúvidas, mas o pai foi conivente, então ele deve pagar também. - Eu expliquei. - Chefe, você está levando essa história toda muito pro lado pessoal. - Se tornou pessoal Gio, e não quero questionamentos, quero ações. - Ele respirou fundo. - Uma moça me abordou na saída da igreja. - Ele falou. - Disse que era a governanta da menina, e que queria saber se ela ficaria segura. - O que você disse? - Que ela estaria segura o quanto que uma Belladona estaria nas mãos de um Romano. E a mulher ajoelhou aos meus pés, implorando para que eu não deixasse nada acontecer com a menina. Deveria ser a moça que vi no quarto dela. - Me alivia que alguém realmente se preocupava com a Lara naquela casa. - Ele deu uma risada forte com as minhas palavras. - Se você não fosse um monstro eu diria até que tem sentimentos por essa moça. - O meu coração acelerou no peit¢. - E o vovô? - Precisei mudar de assunto. Seja lá o que eu tenha ou sinta por Lara, nas minhas decisões não poderia ter espaço para sentimentos. Cada ação precisava ser tomada de cabeça fria. Ela estava aqui, na minha vista e sob a minha proteção, não tinha necessidade de agir como um maricas. - O vovô ainda não sabe, mas a tia… - Fechei os olhos e apertei a têmpora. - Não sei se foi o padre ou se a sua mãe nos ouviu, mas foi eu passar da porta e ela me prendeu no lavabo. Eu mantive a história. Que você viajou e que ia demorar para voltar. Só que a sua mãe… - Eu sei, ela pode ser dificil. - Ele pigarrou. - Sim. Ela perguntou apenas se você machucaria a menina. - E o que caralh0s você respondeu? - Eu subi uns dois tons de voz. - Que você não era o tipo de homem que macula meninas inocentes, que ela deveria conhecer o homem que ela criou. - Apertei os lábios em uma linha fina. - Ela me deu um tapa, mas saiu sorrindo do lavabo. - Ela sabe. - É claro que a minha mãe sabia. Ela era observadora demais para não perceber qualquer mudança minha. E uma viagem minha no dia que a garota que deveria estar morta some do altar… é ela sabia. As mulheres sabiam de tudo o que os homens faziam dentro de casa, ou mesmo fora. Uma ideia me ocorreu. - Gio? A moça que implorou pela Lara, preciso que a encontre. - Eu não estou gostando disso. - Ele falou, o tom de brincadeira sumindo da voz. - Converse com ela, e peça para ela te falar tudo que ela viu o velho fazer com a Lara. Ela sabe, com certeza. - Isso vai dar bost¢! - Ele me alertou. - Não me importo, descubra tudo. E depois encontre o desgraçado do noivo, quero ter um particular com ele, quero entender exatamente o que ele ganharia com esse casamento. - Considere feito! - Ele desligou e eu fiquei ali, segurando o celular e olhando para a foto do meu pai que ficava de frente para a minha mesa. Ele nunca aprovaria o que eu estava fazendo. Ele sequestraria ela apenas para se vingar e devolveria ela em pedaços para os Belladona, uma mensagem clara. Só que eu não era o meu pai. Eu era muito pior.
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