Invadindo

871 Words
- Eu não acho que seja prudente fazer isso! - O Giovanni falou pela milésima vez; - E se alguém te ver? - Se você fizer a sua parte direito, tudo vai correr bem. - Nesse momento eu estava a uma quadra da propriedade dos Bellanova, e tudo estava apagado. Era possível ver as sombras dos homens dele em seus postos, eram poucos, ia ser fácil entrar. - Segunda janela, do segundo andar. - Ele apontou para a janela, que ficava tão tentadoramente perto do muro. Seria fácil uma prisioneira que viveu a mercê da família fugir, assim como ia ser fácil eu entrar. - Se lembre, precisa parecer um acidente, mas esteja pronto para matar quem aparecer. - Ele revirou os olhos e fez sinal para os homens dele. - Quando voltarmos, você vai me explicar o que está acontecendo. - Se eu descobrir o que está acontecendo. - Caminhei com calma até o muro e esperei eles se moverem. O plano era simples. Colocaríamos fogo na casa anexa da mansão, que ficava do outro lado da propriedade. Todos iam ao socorro de quem quer que morasse ali, e o Dom e o filho ficariam desesperados demais para me notar, quando eu entrasse pela janela dela. Como eu ia sair? Atirando se necessário, com ela nos ombros. Os gritos não demoraram para começar e eu usei a cerca de folhas para escalar. Era até cômico a facilidade que alguém poderia invadir aquele lugar. Eles realmente perderam completamente a noção do perigo que sofriam. Até porque nunca os consideramos uma ameaça, não depois de destruir tudo que eles tinham. Esse pensamento me atingiu, eu já estava do lado de dentro e estudei como subir. Foi fácil alcançar o patamar do segundo andar, e eu fui um passo depois do outro até a janela que o Giovanni indicou. O caos reinava do outro lado da propriedade, e eu espiei dentro do quarto. Ela estava ali, e não estava sozinha. Uma moça estava de pé, gesticulando e falando alguma coisa. Eu me mantive nas sombras e esperei. Os meus pés estavam tremendo do peso nos dedos, mas eu ficaria ali a noite inteira se fosse preciso. Eu não conseguia ver ela de onde eu estava, a poltrona que ela estava mostrava apenas as mechas de cabelo vermelho iluminadas pela luz da lareira. Ela respondeu algo pra moça que virou e caminhou até a porta do quarto. Ela falou alguma coisa e saiu, fechando a porta atrás de si. Eu esperei. Queria ter certeza que a mulher não ia voltar antes de quebrar o vidro e entrar. Aproveitei para estudar a janela. Era de tranca antiga, eu nem precisaria quebrar. Tirei o canivete e enfiei pelo vão da janela, empurrando a trava para cima. Clic O sorriso de triunfo nasceu nos meus lábios, mas pelo canto do olho eu a vi se mover. Em um instante ela estava de pé, olhando para a janela, abraçada em um livro. Eu não conseguia ver o rosto dela, mas ainda assim o meu coração reagiu. Um misto de fúria e ansiedade fez com que o meu peit¢ tremesse. Com cuidado, eu empurrei a janela e ela deu um passo para trás, antes que eu pulasse para dentro. Para mérito dela, ela não gritou, mas se assustou com a minha aparição repentina no quarto dela. Ficamos por alguns segundos nos olhando, ela parecia frágil e vulnerável. O corpo coberto por um robe fino de seda branca, marcando cada curva daquele corpo gostoso. O meu p¢u reagiu nas calças e eu precisei me esforçar para lembrar do que eu vim fazer aqui. - Você ficou maluc¢? - Ela saiu do primeiro transe. - Tem ideia do que vai acontecer se alguém souber que está aqui? - A voz dela era menos que um sussurro. - Não se preocupe, todos estão ocupados. - A resolução surgiu nas feições dela. - O incêndio? - Eu assenti. - Você veio me matar! - Ela afirmou, quase empolgada. - Depende. - Eu respondi com honestidade. - Não é a minha primeira opção, sobre o que fazer com você, vestida assim, no seu quarto… - Olhei em volta. - Ainda mais com uma cama tão espaçosa. Ela deu outro passo para trás, apertando mais o livro contra o peit¢ e eu vi medo em seus olhos. - Você invadiu o meu quarto, no meio da noite, provocou um incêndio… - Ela tentava juntar as peças e eu fiquei satisfeito de ver o medo e a confusão ali, exatamente como eu me senti nos últimos quatro dias. - A Teresa tinha razão… - Quem é Teresa? - Foi uma pergunta honesta, ela contou para alguém o que tivemos? - A minha governanta… - Ela respirou fundo e se virou, me surpreendendo. Ela foi até a porta e girou a chave, trancando. - Estou gostando da sua atitude… - Ela se postou na minha frente, a expressão séria, os olhos fundos, resultado de noites insones, a boca apertada em uma linha fina. Ela respirou fundo e perguntou: - Se não veio me matar… - E ali estava, a menina audaciosa que me deixou curioso desde o primeiro segundo. - Então, o que está fazendo aqui Victor?
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