Lara
Entrei pela cozinha de casa e felizmente tudo estava apagado. A Teresa me assegurou que manteria o meu pai ocupado a noite inteira, e eu ignorei o nojo nesse pensamento.
Era comum que os homens procurassem as empregadas das casas, eles sendo casados ou não. No caso do meu pai, que era viúvo, era quase um segredo. Quase…
Com os sapatos na mão, subi as escadas com cuidado até estar na segurança do meu quarto. Depois que eu tranquei a porta eu consegui respirar.
Ele me beijou. Um beijo poderoso. Que desmoronou cada defesa que eu tentei impor, de forma inútil. A boca dele dançou na minha, como se a conhecesse e eu ainda conseguia sentir o sabor dele.
Droga.
Tirei o vestido com dificuldade e me preparei para dormir.
Sentada na cama, enquanto eu trançava os meus cabelos, eu voltei a respirar fundo, lembrando do beijo, do toque.
Graças a Deus ele apenas me beijou, mesmo que eu nunca admita em voz alta, eu queria a boca dele dançando por outros lugares do meu corpo.
Me joguei na cama e fiquei olhando para o teto, repassando o que tinha acontecido na última hora e o quanto eu falhei.
Falhei em não chamar a atenção dele.
Falhei em manter a calma e bons modos.
Falhei em fugir de lá, como a Teresa me fez prometer.
Falhei em impedir que me tocassem.
Falhei em ter raiva dele, por ocupar cada canto dos meus pensamentos.
Eu estava queimando de dentro para fora, e passei meus dedos nos meus lábios, lembrando da mordida que ele deu ali. Foi como se ele tivesse apertado um botão dentro de mim, que abriu uma chuva de sensações. Eu cheguei a gem£r.
Droga.
Senti o centro do meu corpo queimar e eu estava elétrica demais para dormir, seria inútil ficar fritando na cama. Levantei e escorreguei até o esconderijo dos meus livros, que ficava embaixo da cama, e escolhi um livro. Um romance leve, que eu já tinha lido algumas vezes. Ele me causaria a distração que eu precisava para adormecer.
Algumas páginas depois, quando o personagem beijou a mocinha, eu revivi na minha memória o beijo.
Eu deveria ter previsto isso, com a proximidade que ele estava. Eu ainda conseguia sentir o calor das mãos dele em mim, marcando a minha pele. A reação dos meus sei¢s ao sentir o corpo dele aquecer o meu e a maciez da boca dele, e por fim, todo o calor que eu senti diante de tudo isso.
A língua dele explorava a minha boca com confiança, tornando sensível todo canto que ele tocava, desde os meus lábios até a dança intensa na minha língua.
Eu estava em brasas e sabia exatamente o que aquele beijo tinha causado em mim. Mesmo nunca tendo sentido, eu lia muitos romances, que descreviam em detalhes as sensações do corpo em casos assim. E me toquei algumas vezes para aliviar a imaginação e o corpo. Mas, ser tocada por um homem, lindo e confiante, que parece saber exatamente o que faz, foi como abrir uma caixa de pandora.
Levantei de novo e me enfiei embaixo do chuveiro, pronta para abaixar a temperatura do meu corpo. E ali, com a água correndo, eu deslizei a minha mão pelos b***s dos sei¢s sensíveis e precisei conter um gemid¢ com a sensação, um nervo parecia ter sido repuxado dos mamil¢s até o ponto mais sensível do meu corpo. Encostei a testa na parede fria, e movi a minha mão. Eu sabia o que precisava. Fantasiar com homens fictícios me levou a isso algumas vezes. Mas, eu fui beijada, de forma intensa e definitiva, por um homem que eu deveria odiar, mas que despertou um mundo de possibilidades para mim.
Foi nos olhos dele que eu pensei ao apertar o botão no meio do meu praz£r. Mordi a boca para conter um grito. Eu estava dolorosamente excitada, e enquanto eu circulava dois dedos ali, voltei a imaginar ele, imaginar que era a mão dele me tocando ali, a boca.
Pensei no beijo, e como ele me manteve firme junto dele, e quanto eu desejei que ele afunda-se os dedos no meu cabelo. Pensei no corpo definido dele, que o smoking tentava esconder, mas que quase era impossível, devido à firmeza dos músculos.
E por fim, pensei naquela mordida, que me levou ao limite do praz£r e da dor. Então eu me desfiz.
Foi violenta a forma que o meu corpo liberou toda a tensão que eu sentia, tornando tudo doloroso. O choque nasceu no meu quadril e percorreu todo o meu corpo, para enfim explodir onde os meus dedos tocavam. Eu tremi e precisei encostar o corpo na parede, para não cair, tamanha a intensidade do que eu senti.
Abri os olhos, voltando para a realidade. Eu estava sozinha aqui, imaginando o toque de um homem que eu nunca queria que me tocasse. Que deveria ser pecado apenas imaginar algo assim.
Sai do banho com raiva de mim mesma, mas com os nervos relaxados. Eu g¢zei como nunca, enquanto me tocava, pensando nele.
E no fundo, uma esperança nasceu no fundo do meu coração. Ele foi completamente diferente da figura que imagem nos últimos anos. Do herdeiro frio e calculista que o meu pai e o meu avô tanto falavam.
E eu falei demais. Falei do quadro, sentindo raiva dele ter o que era meu, de ter me tirado aquele pequeno vínculo com a minha mãe, sem saber. E ele disse que o quadro era meu.
Afundei a cabeça no travesseiro e tentei calar os meus pensamentos, porque eu cresci odiando tudo o que significava ser um Romano, cada um deles, mas eu queria acreditar com todo o meu ser que ele era diferente.
Eu o beijei e gostei, muito mais do que deveria admitir. Eu gostei muito, eu não queria parar, e me arrependi assim que eu o empurrei. Eu o beijaria de novo, inclusive.
Droga. Eu bufei contra o travesseiro.
Ele descobrir quem eu era e me matar, como os Romanos juraram fazer, parecia até agradavel perto do que eu sentia nesse momento.
Vontade intensa por Victor Romano.