Victor Romano
Eu sabia que seria um crime tocar nela.
Nesse lugar, ninguém poderia nos impedir. Os meus empregados estavam ocupados organizando tudo, os meus homens estavam ocupados patrulhando a região e lidando com a bagunça que fizemos na igreja. O Giovanni estava cuidando das coisas na minha ausência.
Ou seja, ninguém me impediria de deixar a mulher que invadia os meus pensamentos nos piores momentos do dia, completamente nua e me esbaldar naquele corpo delicado e intocado.
Um corpo que eu sabia que só tinha conhecido o meu calor.
Eu não era um homem digno de confiança, e provavelmente nunca seria, mas nesse caso, eu deveria me conter. Ela deveria estar certa do que significa se entregar a mim. E ela era esperta demais para ser submissa.
Eu me afogaria entre as pernas da Valeria mais tarde.
Eu peguei uma mecha do cabelo dela, que soltou na correria para tirar ela da igreja e puxei até o meu nariz. O cheiro dela me lembrava o verão, intenso e quente. Eu inspirei fundo, porque eu precisava saber que eu era capaz de me controlar.
Ela estava tão linda com aquele vestido, o rubor da pele dela completava a visão, o cabelo preso fazia com que ela estivesse com uma coroa constante. Até mesmo as sardas dela estavam convidativas.
Eu cometi o erro de passar os olhos por aquela boca teimosa, que agora estava um pouco aberta, como se fosse um convite para que eu entrasse com tudo o que eu tinha.
- Isso é uma péssima ideia… - Ela precisava saber o perigo que estava correndo.
- O que? - A voz dela, pouco mais que uma respiração entrecortada fez o meu p¢u reagir.
- Te beijar. É uma insanidade… - O meu corpo não me obedecia, enquanto a minha cabeça ordenava para que eu me afastasse. - Se eu começar, não serei capaz de parar.
E se ela me desse permissão? Se ela também quisesse isso? Ninguém precisava saber. Eu a faria minha, e viveriamos aqui, longe de tudo. Eu queria tanto explorar cada curva rosada do corpo dela... Com os dentes!
A imagem dela se desmanchando nos meus braços, naquela noite na cachoeira voltou para a minha mente, os gemid¢s dela ecoaram na minha cabeça e eu pedi força aos céus, para ser capaz de me afastar.
- Então não pare! - AH MEU CARALH0!
- Ruivinha… - Eu precisava me afastar agora.
Ela abriu os olhos, e eu me perdi naquele mar azul, que brilhava cheio de vontade para mim.
- Não foi por isso que eu te tirei daquele altar. - Os meus músculos endureceram assim que eu me impedi de me mover.
- Então porque você me tirou de lá? - Eu não tinha uma boa resposta para aquela pergunta.
Eu queria manter ela viva? Eu não conseguia suportar a ideia dela casada com outro? Eu precisava manter a familia dela fraca, sem nenhuma aliança, para proteger a minha?
- É complicado! - Foi o que eu consegui responder.
Ela levantou o queixo e apertou os lábios, avaliando a minha reação. E eu desviei do olhar dela, que estava carregado de acusações.
Eu nunca fui de valer muita coisa, inclusive, eu era um dos homens mais baixos e monstruosos de toda a Corleone. Os meus feitos era famosos, mesmo antes que eu me tornasse Dom.
Mas, eu não queria ser esse tipo de monstro.
O tipo que toma o que ainda não é meu para mim. Mesmo que a oferta esteja sendo tentadora. Ela não está em posição de tomar uma decisão dessas… Não quando o que eu tenho para ela seja pele na pele.
Quando tudo o que eu mais quero é enterrar meu p¢u nela, tão fundo, que ela vai engasgar de praz£r. Eu quero ela gritando o meu nome, me dizendo que é minha, e para isso, ela precisa querer isso. Querer sem estar movida por qualquer tipo de desejo.
- Você é virgem. - Eu afirmei, relembrando o meu bom senso que ele precisava se manter firme e ela me encarou surpresa. - Eu sou o único homem que te toquei na vida. - Ela não ficou envergonhada com a minha afirmação.
- De fato. - Ela confirmou e eu quase sorri. - E daí? - E ali estava o desafio, bem na minha frente. O corpo dela emanava um calor intenso para o meu, quase implorando para ser tocada.
- Lara, eu não vou desonrar você. - Ela apertou as sobrancelhas e me lançou um olhar fixo, como se estivesse estudando as minhas intenções.
- Então, o que estou fazendo aqui Victor? Se não é para servir a sua cama? - O tom dela me fez dar um passo para trás.
Foi essa a conclusão que ela chegou? Era isso que ela pensava que eu faria com ela?
- Eu não preciso de você para servir a minha cama. - A minha voz saiu mais grossa do que eu pretendia e ela abaixou o olhar. - Eu tenho a mulher que eu quiser, na hora que eu quiser.
Ela envolveu o próprio corpo com os braços, como se estivesse se protegendo.
- Então, por favor, me deixe sozinha… - Droga, belo começo!
- Se precisar de alguma coisa.
- Não vou precisar! - Ela não me encarou nos olhos. Na verdade, ela fixou o olhar no chão, como se eu a tivesse magoado.
Ela não estava aqui para servir a minha cama, ela precisava saber disso.
- Eu venho mais tarde, para podermos conversar. - Ela apenas assentiu. - Então vou te contar o motivo de ter tirado de lá.
Eu teria que explicar que o destino dela seria a morte, e com sorte ela entenderia os meus motivos.
- Essa porta tem uma chave? - Ela apontou para o corredor que daria para o meu quarto.
- Só do meu lado. - Ela inspirou fundo, mas não esperei que ela falasse mais nada. Dei as costas e caminhei pelo corredor, trancando a porta atrás de mim.