Victor Romano
Eu a observei enquanto ela caminhava, cada passo mais pesado que o anterior.
Ela não sabia ainda, mas aquele casamento não iria acontecer. Não sob os olhos dos que destruíram a minha família. Não com outro homem ao seu lado.
Lara Belladona Vitale. Tão inocente, tão condenada.
Eu esperei por esse momento, pacientemente, aguardando o instante em que poderia reivindicá-la.
Ela seria minha.
Os gritos do velho Belladona não me incomodaram. Nada mais importava. A igreja podia desabar ao nosso redor, e eu não tiraria os olhos dela.
A Lara seria minha. Ela achou que poderia fugir de mim, mas estava errada!
Eu não vou matá-la. Isso se tornou a minha verdade mais absoluta nos últimos dias.
Eu queria possuí-la. A última herdeira dos Vitale, a peça final da vingança.
Eu iria salvá-la!
Os homens do Dom caíram um por um no meu caminho, enquanto todos fugiam enquanto ainda podiam, incluindo o noivo dela… Ela ficou.
Ela estava com aquele olhar determinado e cheio de aceitação, como se soubesse o que o destino estava entregando para ela afinal. Não pude deixar de sorrir.
Ela estava linda de uma forma única; uma noiva perfeita, prometida ao homem errado.
Eu avancei, sem hesitar, e levantei ela nos braços. O corpo que me tirou o sono, quente e vivo nas minhas mãos. Eu me movi, carregando ela no meio da confusão.
Como se ela tivesse despertado, ela começou a gritar, se debatendo, mas seus golpes eram inúteis contra minha força.
- VICTOR, O QUE ESTÁ FAZENDO? - Ela perguntou em desespero, e o meu nome na boca dela era um bálsamo para as minhas dores.
Não, ela ainda não entendeu!
- Não lute, ruivinha, - Eu falei sem conseguir conter um sorriso. - Eu não tenho intenção de machucar você... ainda.!
Ela não parou de lutar, e eu esperava por isso. Ela não sabia o que a esperava ao meu lado. Mas ela não morreria. Não hoje, nem em um futuro próximo. Eu daria tudo o que eu tinha por ela, para continuar sentindo o calor que o corpo dela emanava no meu.
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Lara
Ele me carregou para fora da igreja como se fosse dono de mim. Cada passo era firme, determinado, e mesmo sem ver o rosto dele, eu sentia a força e a intenção por trás de cada movimento. Meus punhos ainda tentavam, em vão, bater nas costas dele, mas o corpo dele era como pedra, impenetrável.
- Você não pode fazer isso! - Eu gritei, a minha voz carregada de desespero, misturada com o medo e a raiva de ser arrastada contra a minha vontade.
Ele não ia apenas me matar, ele ia me levar dali… E depois?
- Já fiz! - Ele respondeu, sem sequer olhar para trás. A firmeza em sua voz me atingiu como uma faca fria, deixando claro que não havia discussão.
Ele me colocou dentro de um carro preto, as portas já abertas como se tudo fosse cuidadosamente planejado. O cheiro forte de couro me invadiu enquanto ele me empurrava para o banco de trás, fechando a porta com força antes de dar a volta e entrar pela outra porta. Quando ele sentou ao meu lado, o silêncio entre nós era quase ensurdecedor.
- Você não tem ideia de como eu esperei por isso, Ruivinha! - Ele falou por fim, quebrando o silêncio com uma voz baixa, carregada de uma intensidade que me fez gelar por dentro.
O carro já estava em movimento, e eu ainda não tinha conseguido processar tudo.
Ele me sequestrou, no altar, diante de toda a minha família.
Ele estava me levando embora dali, para fazer só Deus sabia o que comigo. Olhei para ele de novo, tentando encontrar alguma explicação para o que acabou de acontecer.
Os olhos dele se fixaram nos meus, e pela primeira vez desde que ele entrou na igreja, eu pude vê-lo de perto. Ver de verdade!
O olhar que ele me lançava era como uma corrente elétrica, percorrendo minha pele e me fazendo tremer de medo... ou algo mais.
- Esperei por isso? - As palavras saíram da minha boca em um sussurro. - Você está falando de vingança, não está? - Ele sorriu, mas o sorriso não atingiu seus olhos.
Você acha mesmo que tudo se resume a isso? Vingança? - Ele se inclinou para mais perto, os dedos tocando o meu queixo, erguendo meu rosto até que eu não pudesse mais desviar o olhar.
É muito mais do que isso, Ruivinha! - A respiração falhou nos meus pulmões. Eu tentei me afastar, mas ele não me deixou. Ele se aproximou ainda mais, a sua boca perigosamente perto da minha orelha.
- Esperei até o momento certo para te pegar. E agora que eu tenho você... você não vai a lugar algum!
- Você não vai me matar? - Foi o que eu consegui perguntar, enquanto o choque brigava no meu corpo, enquanto o calor da respiração dele provocava o meu pescoço. A luta que eu travava comigo mesma era intensa, e eu precisei lutar para não puxar ele para mais perto, para sentir o gosto da boca dele de novo na minha.
- Eu não vou te matar! - A ponta do nariz dele tocou a minha pele e eu apertei mais os olhos, sentindo o calor correr pela minha pele, devastando todo o meu bom senso.
- Então… - A minha voz saiu fraca. - O que fará comigo? - Eu senti o sorriso dele contra a minha pele e por instinto deitei a cabeça, dando espaço para ele.
- Com você, eu farei tudo!