Luna sabia que não deveria mentir, era péssima nisso. Mas como confiar em alguém que conheceu ontem? Nem se quer sabia das intenções dele, e toda essa história de mafia, era tudo loucura. Não que a vida de Luna fosse a mais normal do mundo, mas mafia? aí já é demais. Luna respirou firme, sabia que deveria sustentar sua mentira, era dona do próprio nariz e sabia das consequências de seus atos.
_Eu gosto de observar o céu, como estou fazendo agora, por isso saí para caminhar a noite, mas acabei me distraindo e me perdi. Eu gosto de sentir o chão e por isso estava descalça.
Matteo respirou fundo, sabia que aquela pequena menina mentia para ele, mas preferiu fingir que acreditava, uma hora ou outra a verdade viria a tona, e Luna iria saber as consequências de tentar enganar um homem como ele.
_Tudo bem garota, não vou insistir nessa história. Entre, já está muito frio para estar aqui fora. Após os convidados irem embora quero você no meu escritório, vamos conversar sobre um assunto importante.
_ Qual assunto? Desculpe mas preciso ir embora.. eu..
Antes que Luna pudesse terminar, Matteo lhe deu as costas e entrou novamente para o casarão, ela ficou espantada com a falta de educação e consideração que o homem tinha por ela. Sabia que ele era podre de rico e talvez perigoso, mas tratá-la como se fosse nada e ainda lhe dar ordens já era demais.
Conforme os convidados iam saindo Luna ficava mais ansiosa, era curiosa e aquele suspense estava lhe matando por dentro. Logo que o último convidado saiu, as portas do casarão foram fechadas, Luna se viu guiada a um cômodo mais afastado da casa. Quando entrou viu que ali era o tal escritório e sentado em uma enorme cadeira estava aquele senhor que mais cedo passou discursou, e em uma poltrona no canto do escritório estava Matteo, agora somente com a calça social e uma camisa branca com os primeiros três botões abertos. Dava para observar seu peitoral subindo e descendo, como se estivesse apreensivo, talvez um pouco nervoso. Mas por que ?
_ Olá menina, é um prazer finalmente lhe ver bem. Meu nome é Antônio Rizzo, e o seu?
_ Luna, Luna Duarte.
_Você é linda Luna, me conte um pouco da sua história, eu e meu filho queremos lhe conhecer mais.
Neste momento Luna não sabia oque dizer, sabia que havia contado uma mentira mais cedo e que certamente não havia colado, não poderia mentir mais, falaria a verdade, mas de maneira mais leve. Talvez assim eles a deixassem sair ilesa logo daquele lugar. E então ela começou, o rosto de Antônio era quase que inexpressivo, ela contou sobre a família, sobre ser criada pela tia, sobre as dificuldades que passavam e sobre não ter muitos amigos, mas ainda omitindo informações sobre o tio. Antônio parecia convencido da história, mas Luna ainda percebia que algo se passava, Matteo estava quieto no canto, com um copo de bebida na mão, era escura e o cheiro era forte, exalava juntamente com o cheiro de charuto que Antônio tratava naquele momento.
_ Pelo oque vejo você veio de uma vida bem humilde, meu filho me contou que você disse que estava caminhando a noite e se perdeu. Quero que saiba que não acreditamos nessa história, e nossa família não admite mentiras e muito menos traição. Você parece uma menina doce e inocente, vamos lhe poupar de uma punição dessa vez. Você não nos conhece e nós conhecemos muito pouco de você, mas em breve vamos saber tudo.
Luna estava branca, mais branca que um papel. Sabia que tinha mentido e que era compreensível que eles estivessem chateados, mas ao mesmo tempo estava agradecida por não ser castigada.
_ Quero lhe fazer uma proposta Luna Duarte, tenho certeza que será interessante não só para nós, mas também pra você. - Disse Antônio, com um leve sorriso convencido no rosto.
Luna respirou fundo, precisaria de toda a sanidade do mundo naquele momento. Sabia que independente do que eles iriam propor ela deveria dizer um NÃO, mas precisava ser cautelosa e educada.