Marina se obrigou a reagir. Não podia sentir pena dela para sempre.
Assim, distribuiu currículos, tinha curso técnico em edificações, não tinha muita experiência nessa área,mas podia trabalhar bem. Foi uma das melhores da turma durante os quatro anos de curso, foi um curso técnico acoplado com o ensino médio.
Depois da entrega de currículos, ela caminhou pelas ruas e lojas, não tinha dinheiro para comprar absolutamente nada, porque todas as reservas financeiras foram gastas com pagamentos dos agiotas cobradores do irmão, os juros eram altíssimos. O dinheiro que estava guardado seria para comprar um terreno e começar a construir, sonhava com a casa própria e tudo foi jogado fora pela imaturidade de Filippo. Nem mesmo roupas e sapatos ela comprava, porque sabia que um real era importante, guardava cada centavo.
Quando chegou em casa no fim da tarde, um caminhão estava na porta, Filippo ajudava dois homens a colocarem a mudança no caminhão. Ela não acreditava que Augusto realmente lhe alugaria uma casa, mas ele fez, e pelo jeito ela não tinha a opção de dizer não.
Por sorte, o irmão tinha organizado as roupas adequadamente para a mudança, ela não tinha conseguido colocar muito juízo na cabeça de Fefo, mas ao menos ele sabia manter uma casa limpa e organizada.
Marina acompanhou o caminhão com o seu carro, mas o automóvel quase não chegou ao destino, precisava de uma boa manutenção,ligaria para o mecânico que conhecia, mas mudou de ideia, não podia fazer dívidas.
Os dois irmãos, logo perceberam que o bairro novo era bem melhor do que o bairro antigo, apesar de estar próximo a favela do Toldo. E a casa era confortável, ela ficou olhando para a cozinha e a sala enquanto os homens descarregavam os móveis.
Felizmente os homens colocaram cada coisa em seus respectivos espaços. Partiram sem dizer uma palavra em direção a Marina.
Mesmo cansada ela se obrigou a forrar as camas e fez um lanche para ela e o irmão.
Dormiu em uma espécie de anestesia catastrófica e dualidade latente, estava em uma casa mais confortável, no entanto, o preço era terrivelmente alto.
No outro dia, ela se acalmou decorando o lugar, organizou as plantas, e deixou a casa com decoração de pinterest. Se pudesse teria cursado decoração de interiores ou arquitetura, mas precisava trabalhar e estudar, o curso técnico foi a única opção, foi o curso e a bolsa que a salvou muitas vezes, era grata por ter estudado apesar de tudo.
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E Fefo disse que não precisavam se preocupar mais com o aluguel, Augusto fechou um contrato de seis meses, e pagou por um ano para garantir que nem precisassem se mudar se não quisessem, mas agora precisa de dinheiro para as compras.
Teria que vender alguma coisa.
Marina colocou o celular e o tablete na mesa, escolhendo qual dos dois venderia, escolheu o tablet, fez um bom anúncio no f@cebook e status do w******p, conseguiu quatrocentos reais pelo aparelho. Odiava vender coisas que comprou com esforço, algo lhe dizia que se avisasse Augusto que precisava de dinheiro, ele mandaria o valor, mas se recusou a fazer isso, queria guardar um pouco da sua dignidade.
A compradora do tablet buscou o aparelho na casa de Marina.
E logo depois de receber partiu para o mercado, com o dinheiro recebido teria alimento por mais três semanas. E ela costumava fazer pratos variados com poucos itens, a necessidade tinha a obrigado a ser boa na cozinha, era isso ou comeria refeições pobres todos os dias.
O carro estava estragado, mas não tinha um centavo para arrumar, por isso subia a rua com as sacolas pesadas, parou embaixo de uma árvore e depositou tudo no chão, quatro minutos depois, se preparou para terminar o trajeto.
_ Eu ajudo a senhorita.
Filippo estaria em casa, então aceitou a oferta, a aliança no dedo do homem também a fez perceber que não corria risco, estava cansada dos minutos de caminhada com todas as sacolas.
Agradeceu a ajuda na porta.
Fefo pegou os itens e organizou no armário.
_ Eu vou limpar a cozinha.
O irmão tinha mania de limpeza ainda mais que ela.
_ Eu vou tomar banho
Quando o telefone tocou ela passava creme corporal no corpo.
Era Augusto.
_ Quem era?
_ Quem?
_ O homem que estava com você e as compras.
_ Ele se apresentou como um vizinho e me auxiliou a trazer as compras, Fefo estava em casa , por isso aceitei
_ Porque di@bos não foi fazer compras de carro?
_ Está estragado, Augusto
_ Então você mande arrumar porr@.
_ Não tenho dinheiro,Augusto. O que eu tinha ficou no mercado.
_ Porque não me avisou que o carro estragou.?
_ Eu… Eu não sei, não sei de mais nada, não sei o que eu tenho a dizer a você.
_ Você tem que me dizer tudo, coelhinha, absolutamente tudo, sou seu homem.
Ela gemeu, não sabia se era de medo, de angústia ou por somente escutar a voz de Augusto.
_ Um homem meu vai levar algo até você. Não desligue o telefone
_ Eu não vou, mas preciso me vestir.
Sem Desligar, ela vestiu um vestido simples e prendeu os cabelos.
Quando a campainha tocou, ela gritou para Fefo que atendia, era um rapaz com boné, estava de moto e deu um sorriso preocupado para ela.
_ Augusto me mandou, senhora. Sou o Gutierre.
Entregou duas caixinhas para ela.
E partiu.
_ Recebi. O que tem nelas?
_ Abra.. Marina.
A primeira tinha uma aliança, e um aparador em ouro
_ Se ficar grande, leve na joalheria e arrume. O nome da joalheria está na garantia.
Ela abriu a outra, era maior, ela soltou um grito quando viu o que tinha dentro, Fefo apareceu. O celular caiu e foi desligado.
O celular voltou a tocar, Filippo atendeu
_ Coloque o celular no ouvido da sua irmã, agora.
Fefo fez, estava preservando a vida dele e da irmã, mas tremia também.
_ Se você aceitar o galanteio de outro homem, a mão aí dentro vai ser a do seu irmão, depois a cabeça.E o vizinho sabe quem o é o seu homem agora.
Ela não teve coragem nem mesmo de abrir os olhos, os fechou por medo..
_ Foi só uma gentileza ,que tipo de psicopata você é?
_ Que tipo de ingênua você é?! Um homem não oferece ajuda para carregar compras se não quiser s£xo em troca, inf£rno. Que porr@, é essa, Marina. Vai dizer que ele não pediu o seu telefone?
_ Pediu…
Ela sussurrou
_ mas ele disse que era para… se precisarmos trocar informações sobre o bairro, eu dei o telefone de Fefo, não pensei que havia interesse. Eu juro.
_ Pois pense, porr@.Dessa vez eu relevei, da próxima você receberá uma conta maior.
_ Você cortou a mão de um homem fora.
_ Preferia que eu cortasse a sua coelhinha? Se eu tivesse na rua, eu teria cortado bem mais que a mão dele.
_ Está me deixando assustada.
_ Quero que se assuste mesmo. Estou preso, mas não estou marcando bobeira. Eu não tenho vocação para c0rno m@nso, Marina. Nem mesmo por uma mulher como você, car@lho. Eu sou seu homem, e sou o único. Conversamos no domingo.
_ Não quero ir nesse domingo, Augusto.
_ Não venha, as consequências vão chegar, diga olá ao seu irmão.
Era uma ameaça.
Desligou o telefone tremendo
Fefo limpou a bagunça e ajudou a se deitar no sofá.
_ Ele é doente, Fefo.
_ É sim, eu sei que a culpa é minha também, mas pelo amor de Deus, Marina não tente deixar Augusto, e nem olhe para outro homem.
Não era maluca de enfrentar Augusto Balder.
Alguém vinha buscar o carro para arrumar, mas ela só queria esquecer que um dia conheceu Augusto, só que não podia, não podia, chorou até dormir de exaustão.